Capítulo - I

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   —Então vocês estão namorando?.
  E são nesses momentos em que eu tenho vontade de cavar um buraco no chão e me fechar nele.
  Não é que eu odeie os rapazes com câmeras e olhos de águia,mas eu ficaria bem mais feliz se eles não existissem.
  Mordi meu lábio,um claro sinal de meu nervosismo,obviamente zoariam minha situação mais tarde. Apenas fiz o que meu empresário e melhor amigo diz,sorri:
   —Não,não,somos apenas amigos.
  E lá se vai mais um relacionamento descendo pela culatra. Isso tudo começo com umas fotos que foram tiradas de mim com meu futuro,agora não mais,namorado. Não eram fotos chamativas,mas na minha profissão pode significar muita coisa.
  Eu já estou particularmente acostumada com isso,meio que não levo mais a sério os meus relacionamentos porque sei que mais cedo ou mais tarde eles vão acabar,por isso criei uma "barreira" e a fama de "iludir" meus pretendentes. Contratos e mais contratos,separar o profissional do pessoal,mesmo que isso signifique deixar o pessoal totalmente de lado as vezes.
  Olhei de relance Joshua,ele tinha uma expressão um tanto triste com a situação,um sorriso pequeno de consolo repuxava seus lábios:
   —Dariam um belo casal.- a entrevistadora disse insinuante.
   —Ele não faz meu tipo,infelizmente.- dei de ombros fazendo uma pequena careta.
   —E qual seria o seu tipo ideal?.
  Não esquecerei do seu rosto tão cedo. Fitei a mulher loira a minha frente e ri desconsertada:
   —Hoje não,Mary.- ela gargalhou.
   —Foi uma boa tentativa,vai.
   —Realmente.
  Conversamos mais um pouco,respondi mais algumas perguntas sobre o meu novo álbum e uma futura turnê mundial. Tirando as perguntas que me pegaram totalmente desprevenida e outras que me deixaram totalmente envergonhada,foi uma entrevista tranquila:
   —E essa foi S/n Hawley!.- a plateia aplaudiu enquanto Mary me abraçava -Obrigada pela presença.
   —Eu que agradeço pelo convite.- sorri.

                           (…)

   —Parece que a Mary te colocou em um fria novamente.
  Suspirei:
   —Essas coisas acontecem,Josh. Eu quem dei mancada.
  Fitei os altos prédios de Nova Iorque,pessoas de gorros e jaquetas pesadas,o frio chegou com tudo nesse inverno:
   —Você realmente gosta dele,não é?
  Automaticamente a imagem do sorriso dele me veio a mente,o jeito como suas bochechas ficam rosadas e as ruguinhas repuxadas; o jeito como joga o cabelo loiro para trás com as mãos quando fica sem jeito,ou como seus olhos claros brilham ao ver o pôr do sol. O verdadeiro príncipe dos contos de fadas:
   —Muito.- puxei o início de um sorriso.
  Joshua me abraçou pelos ombros,em forma de reconforto,eu infelizmente já estava acostumada com isso. Depositei um leve beijo em sua bochecha e aceitei seu abraço desajeitado de bom grado.
  O caminho até meu apartamento foi tranquilo,essa fora a última entrevista do dia,me sinto um trapo,mas é um sentimento bom até,eu amo demais o que faço.
  A música desde muito cedo dominava o meu ser,minha mãe me conta histórias de quando eu era mais nova,ela diz que eu pegava panelas e tudo o que fazia barulho e começava a "cantar"; me lembro da minha primeira vez cantando para um monte de gente,minha escola decidiu fazer um show de talentos naquele ano e eu claramente quis participar,foi um completo desastre.
   —Chegamos,gatinha.
  Desci do carro mandando um beijo para Josh que sorriu,e logo o carro preto arrancou até o centro urbano nova iorquino,onde o mesmo mora.
  O porteiro sorriu pra mim assim que entrei no hall,logo tratei de retribuir. Adoro o silêncio que faz aqui,optei por morar um pouco mais afastada do caos de Nova Iorque,peguei a cobertura de um prédio espelhado e amigável,confesso que logo de cara a paixão brotou.
  Já dentro do elevador começo a me preparar pelo o que vai vir quando eu entrar em casa. Mais um coração partido,mais um romance perdido,é sempre assim.
  Abri a porta do apartamento assim que cheguei em meu andar,não precisei da chave porque novamente esqueci de tranca-lo. Ao andetrar na minha casa,escuto um pigarro,me fazendo suspirar:
   —Então somos apenas amigos?.
  A figura do rapaz alto de cabelos e olhos claros, nunca me deixou tão mal quanto agora:
   —Mike,eu…
   —Não devia ter acreditado em você.- seus olhos marejaram -Desde o começo eu sabia que isso iria acontecer. Eu fui tão idiota em achar que seria diferente comigo.
  Abaixei a cabeça suspirando de forma pesada:
   —Prometeu pra mim que assumiria o nosso relacionamento,que eu não teria mais que entrar escondido no seu apartamento,ou que poderia finalmente jantar fora com você.- fitei o mesmo,Mike possuía um semblante transtornado,a mágoa era notável em cada palavra dita por ele -Eu realmente achei que você me amava,S/n.
  Quem seria feliz em um relacionamento o qual não pode simplesmente ser visto junto a pessoa que gosta?. A melhor opção é essa,–não que hajam muitas–terminarmos o que sequer começou para aliviar futuros problemas e brigas. Não é a primeira vez que isso acontece,Mike não é o primeiro nessa situação.
  Seus olhos azuis procuravam alguma brecha nos meus,algo que o fizesse ficar,mas não tinha,nada. Negou com a cabeça,pegando sua jaqueta de couro queimado enquanto sorria amarguradamente:
   —Se você valorizasse os sentimentos dos outros,as coisas seriam bem diferente,S/n.
  A porta se encontrou com força no batente,fazendo um som alto ecoar pelo meu apartamento. O ventou trouxe o seu perfume suave e ao mesmo tempo marcante,inspirei com um pesar no peito.
  Sozinha novamente.

                                (…)

  Porcaria de despertador.
  Tiro a coberta de cima do meu rosto sem a mínima vontade,a claridade que transpassava a cortina atingia minhas retinas em cheio,mais uma manhã lotada de coisa para fazer.
  Comecei a caçar aguçadamente o meu celular,eu jurava que o tinha colocado em cima da cômoda:
   —Cadê você? Céus,o Josh deve estar surtando.
  Maldita mania de deixar o aparelho no silencioso.
  Corri para o banheiro me arrumar,o celular eu deixo pra encontrar depois,administrar o seu tempo,Josh me fez assistir uma palestra sobre isso. Era uma senhora já de idade,falando que o tempo é precioso e saber administra-lo o faz ter maior duração,quanto mais controle temos sobre ele,mais fácil fica a relação com o mesmo. Conclusão: eu fiquei a palestra inteira imaginando o que aconteceria se ainda existissem dinossauros no planeta terra.
  Já devidamente vestida e arrumada,voltei a buscar o aparelho,fui até a sala,parada na escada olhei de forma periférica,na cozinha nada aparente,na sala também não. Descia o último degrau quando algo vibra no meu bolso,me assustando:
   —Só pode ser brincadeira.- resmungo me levantando do chão após a queda que sucedeu o susto.
  Tirei o celular do bolso da calça já irritada.
  Cinquenta mensagens do Josh,meu enterro já foi marcado. Ligo para o mesmo enquanto fechava a porta de casa e pegava o elevador até o térreo,no segundo toque ele atende:
   —S/n,me dê um bom motivo para não te matar.- disse entre dentes.
   —Você me ama demais pra isso?.- soltei um sorriso torto enquanto cumprimentava o porteiro.
   —Tem sete minutos,se passar disso,considere-se uma pessoa morta,Hawley.
  Sete minutos,maravilha.


destined - (Camila/You)Onde histórias criam vida. Descubra agora