Capítulo - VII

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   —S/n para!.
  A fito confusa:
   —Mas…
   —Para!.
  Seu semblante denunciava repugna,nojo,era assim que me olhava. Isso me machucava,demais. Eu não estava entendendo nada,o porquê daquilo tudo,o modo como estava me tratando,me olhando,as coisas que estava falando.
  Me calo,esperando a resposta para todas as perguntas que se embolavam na minha mente. Céus,eu estava tão assustada.
  Ela suspirou,passando as mãos pelos cabelos,lágrimas escorriam de forma constante pelo seus rosto,podia sentir sua dor. Mas eu simplesmente não fazia ideia do porquê dela:
   —Como ainda tem coragem de vir aqui,agindo como se não tivesse feito nada? Acha que eu sou o que?.
   —Eu-
   —Fica quieta! Você vai me escutar agora.
  Assenti,abaixando minha guarda a olhando com ternura,o que pareceu incomodá-la,suspirei sentindo lágrimas se formarem e minha visão embaçar. Estava nervosa,ao pico do desespero:
   —Eu te amei tanto. Eu me entreguei a você.- fungou -E você simplesmente jogou isso fora,como se fosse nada,como se não tivesse o valor que tinha pra mim.
  Colocou as mãos sobre o rosto por alguns instantes,parecendo pensar. Por favor,me deixe falar:
   —Eu te odeio. Tenho nojo de você,tenho nojo de lembrar que um dia me tocou e das palavras que dirigiu a mim.- cuspiu as palavras.
  Meu coração desesperado e confuso,mesmo sem saber o que aconteceu,se quebrou,por simplesmente ouvir e ver a intensidade e a certeza que a garota proferiu tais palavras.
  Eu me sentia um lixo:
   —Lauren…Eu não faço ideia do que você está falando.
  Solta um riso lotado de escárnio. Ao abrir a boca,a interrompi:
   —Não,me escuta antes de falar qualquer coisa.- ela desvia o olhar raivoso,suspiro -Eu fiz nada,Lauren. Não sei o porquê de você estar me xingando desse jeito.
   —Para de ser cínica! Eu sou o que pra você?.
   —Minha namorada,a pessoa que eu amo.
   —Ah,claro,me explica isso então.
  Tira um papel de seu bolso,uma foto,a jogando em mim. Aparentemente era eu em um clima extremamente romântico e aos beijos com alguma modelo. No canto esquerdo tinha a data da foto,21/07 às duas e meia da manhã; a questão é que nesse dia eu estava trancada no meu quarto chorando após ter uma briga com Lauren. Não era eu nessa foto:
   —Não é eu.
  Ela gargalha:
   —Não?.
   —Não! Esse foi o dia em que nós brigamos.- apontei para a data -Depois que você foi embora eu fiquei trancada no meu quarto,não saí de lá.
   —Esse é o ponto,S/n.- limpa uma das lágrimas que escorriam pelo seu rosto -Nós brigamos,o que você seria capaz de fazer com raiva?.
  E foi aí que eu me senti desabar. Ela estava me contestando,duvidando de mim,como se não acreditasse me conhecer. Eu queria chorar,e muito,mesmo sem ter culpa alguma. Lauren tinha me machucado,mas estava pior do que eu:
   —Nunca mais quero te ver,está entendendo?.- assenti com os olhos marejados -E eu vou repetir,tenho nojo de você,você é um ser humano desprezível. Confiei meu corpo e minha alma a você,fui tão idiota! Céus!.- me fitou,com os olhos verdes,opacos -Eu me arrependo tanto. Saía da minha vida. Agora.
   —Laur-
  Em um movimento rápido,minha bochecha começa a queimar,e eu sabia que a palma da mão da de olhos verdes estaria marcada em meu rosto amanhã.
  Eu não sabia o que doía mais,o tapa,as coisas que ela me disse,a desconfiança ou saber que Lauren não queria mais estar no meu futuro,comigo.
  A Jauregui pareceu surpresa,mas logo voltou a expressão enfurecida e triste:
   —Vai embora.
  Peguei minha bolsa,a olhando pela última vez.
  Ao sair,senti como se meu coração tivesse ficado lá,um vazio extremamente doloroso tomou conta do meu peito,eu era incapaz de respirar,como se os meus pulmões não soubessem fazer isso. Como se o rumo me fosse tirado as forças. Chorava tanto,tanto…Podia ouvir o choro dela também.
  E essa foi a primeira vez que me senti morta. A primeira vez que eu realmente amei alguém,e eu rezava para que fosse a última.

                            (…)

  Acordei com os latidos de Mint. Ao abrir os olhos,o cachorro me observava sentado ao lado de uma almofada,completamente destruída. Tinha algodão espalhado pela casa inteira.
  Suspirei fechando os olhos por alguns instantes:
   —De novo,Mint?.- ele me olha com a cabeça inclinada,parecendo pedir desculpas -Seu pai está me devendo almofadas novas.
  O golden retriever latiu novamente,soltei uma risada me levantando,preciso de um sofá novo,esse acaba com a minha costa. Ai.
  Dou um vislumbre rápido no relógio digital ao lado da tv,dez horas da manhã,se eu não tô enganada depois do almoço vou gravar o meu collab com a Demi.
  Me sento na bancada da cozinha já com uma tigela de ceral nas mãos. Aquelas malditas lembranças voltam. Queria que eu simplesmente apagasse elas,como se nunca tivessem existido…seria mais fácil,muito mais.
  Nova Iorque parecia pela primeira vez calma,em anos. Os carros eram poucos e as pessoas também,alguns pombos se divertiam com as sobras de comida na rua sem movimento,as pessoas estavam reunidas na praça principal celebrando mais algum dia patriarcal da capital,o qual eu realmente não fazia parte e nem me importava. Hoje deve ser feriado.
  Deposito a tigela na pia e vou escovar meus dentes,tomar um banho e trocar de roupa. Quero chegar mais cedo hoje só para não enfrentar as reclamações de Josh ou de qualquer outra pessoa que adora me encher o saco,meu dia não começou dos melhores e isso influencia no meu humor.
  Já estava pronta para sair de casa quando me lembro de algo importante:
   —O que eu faço com você,Mint?.
  Suspiro fitando o cachorro que segurava uma coleira vermelha com a boca:
   —Certo,eu vou ter que te levar comigo,garotão.- ele latiu -Se comporte.
  Arrumei a coleira no cachorro,que parecia extremamente animado e isso me arrancou algumas risadas, acredito ser mais apropriado dizer que o Mint que estava me levando passear.
  Depois de cumprimentar o porteiro,comecei a andar calmamente com o golden ao meu encalço,a gravadora era longe mas ressaltando as minhas duas horas de antecedência,está tranquilo.
  Parece um apocalipse,a cidade vazia e o vento forte fazendo barulhos ao se chocar com as placas soltas das ruas,e de repente eu me senti em um filme:
   —Mint,estamos sozinhos nes…- um barulho -Corre!.
  Comecei a correr com o cachorro ao meu lado,virando as esquinas derrapando,ao olhar para trás pude vislumbrar algumas criaturas estranhas nos seguindo. Pulei por cima de uma cerca e Mint me acompanhou,tendo uma aterrissagem melhor que a minha:
   —Vira a esquerda!.
  Guiei o cachorro até pararmos em um beco. Fitei o meu companheiro com minha respiração descompassada, gargalhando em seguida,céus eu sou uma criança no corpo de uma adulta.
  Acariciei os pelos amarelos o vendo fechar os olhos em aprovação:
   —Cansados porém vivos,ótimo trabalho,Mint.- latiu.
  Segui meu caminho sorrindo divertida,faltava uns dois minutos de caminhada até chegarmos a gravadora,já conseguia ver o grande prédio a poucos metros da gente. Só espero que James não se importe com Mint em sua gravadora.

destined - (Camila/You)Onde histórias criam vida. Descubra agora