Capítulo - XXXVI

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I'm alive



   —Ah!.- levou a mão ao peito -Cristo,S/n! Quase me matou do coração.
  Revirei os olhos me encostando na bancada da cozinha:
   —Onde está a vovó?.
  A mulher a minha frente deixou seu semblante murchar,eu sabia que algo estava errado,não só pelas suspeitas de Ana mas também porque a primeira pessoa que eu encontraria ao chegar em casa seria ela.
  Mamãe suspirou,depositou o copo de água na mármore fria e cortou a nossa distância,um silêncio assustador nos rondando:
   —Filha...- segurou minha mão.
   —Sem rodeios,mãe.- mordi a bochecha -Eu sei que algo não anda bem.
  Ela assentiu parecendo buscar as palavras,coisa que eu nunca a imaginei fazendo,mamãe sempre dizia tudo na lata e não tinha aquele famoso filtro do cérebro para a boca:
   —A vovó não está bem.- apertou minha mão -Os rins não estão funcionando como deveriam,os médicos não têm certeza se o organismo dela vai aguentar por tanto tempo.
  Senti meus olhos lacrimejarem. Abri a boca várias vezes antes de finalmente conseguir dizer algo:
   —Por que não realizam um transplante?.
   —Eles já o fizeram.- engoliu em seco -Esses são os rins novos.
  Foi um balde de água fria.
  Eu senti minha garganta fechar enquanto o meu coração pulava dolorosamente. Um solução escapou dos meus lábios,não era necessária mais nenhuma palavra. Mamãe me abraçou e aproveitei para despejar tudo o que eu sentia ali,naquele abraço materno que demorei anos para ter de volta.
  A vovó é a pessoa mais fantástica que eu conheço,isso é eufemismo ainda. Ela sempre me apoiou,são incontáveis às vezes em que ela segurou meus rosto entre as mãos e sorriu soltando palavras moralistas ou que se encaixavam perfeitamente no momento. Foi ela quem me motivou,não deixou que eu desistisse de seguir meus sonhos. E agora,a ideia de perde-la,é horrível.
  Apertei o tecido macio do pijama de mamãe entre os dedos,os espremendo enquanto meu corpo inteiro tinha espasmos junto dos soluços. Escutei mamãe chorar baixinho enquanto acariciava meu cabelo.
  Acredito que foram algumas horas assim,estava quase amanhecendo quando eu finalmente parei. Eu me sentia péssima,porém,estranhamente melhor do que antes:
   —Acho melhor você voltar pra cama,querida.- beijou minha cabeça -Descanse um pouco,hum?.
  Assenti me desvinculando da mulher:
   —Obrigada,mãe.- funguei -Boa noite.
   —Boa noite,filha.
  Subi as escadas de forma arrastada. Céus,parecia que havia toneladas nos meus ombros. Ao entrar no quarto encontrei Camila abraçada ao meu travesseiro,suspirei com a visão do seu rosto sereno,era a paz que eu precisava.
  Me encaixei no seu corpo a sentindo me abraçar de volta,o perfume suave e marcante me fazendo arrepiar,selei nossos lábios brevemente:
   —Eu te amo tanto.- a puxei mais contra mim -Você não tem nem ideia do quanto me faz bem.

                             (…)

  "Meu coração sambava dentro do meu peito,era um misto de nervosismo e alegria. O tão esperado dia havia chegado e parecia surreal,todas aquelas pessoas ali,família,amigos,fotógrafos,o Mint com uma gravata borboleta parado ao lado de um dos arranjos de flores amarelas. Tudo tão perfeito que eu custava a acreditar.
  A marcha nupcial começou a tocar,minhas mãos transpiravam apertando o tecido alvo do vestido. A gigantesca porta de Carvalho foi aberta e ali eu tive o vislumbre da mulher mais linda do mundo. Camila sorria ao lado de seu pai,seus olhos marejados e a cauda dançando entre as pétalas no chão.
  Abracei Alejandro antes de entrelaçar meus dedos ao de Camila assim que a mesma se pôs ao meu lado.
  O mestre de cerimônias começou a falar,e depois de falar e falar,havia chegado a tão esperada hora,que sempre deixa todo mundo em um pré-colapso nervoso. A hora do sim,ou do não:
   —S/n S/s Hawley,aceita Karla Camila Cabello Estrabão como sua legítima esposa,para ama-la e respeita-la,na saúde e na doença,até que a morte as separe?.
   —Aceito.- respondi sem ao menos pestanejar.
  Eu jà sentia lágrimas escorrendo pelo meu rosto e  minhas mãos tremerem junto as de Camila. Era a pura felicidade:
   —Karla Camila Cabello Estrabão,aceita S/n S/s Hawley como sua legítima esposa,para ama-la e respeita-la,na saúde e na doença,até que a morte as separe?.
  Um momento de silêncio antes de seus lábios se moverem em um alto e bom som:
   —Não.
  E meu mundo desabou ali:
   —O que? Por que?.- sussurrei buscando um resquício de brincadeira naquilo tudo.
  Ela negou:
   —Se as coisas tivessem sido diferentes,ainda estaríamos juntas.- fungou -Você ainda pode concertar isso.
   —Isso?.
   —Apenas ame,S/n. Não deixe o orgulho tomar conta de suas decisões."

                               *

  Abri os olhos quando senti alguns beijos molhados sendo espalhados pelo meu rosto,Camila sorria pra mim enquanto seu polegar traçava a linha do meu maxilar:
   —Bom dia,amor.- selou nossos lábios -Seu pai pediu para eu vir te acordar para o almoço.
   —Almoço?.- resmunguei ainda grogue pelo sono.
   —São quase duas da tarde,cariño.
  Arregalei meus olhos a escutando gargalhar:
   —E por que me acordou só agora?.
   —Você estava dormindo tão bonitinha.- fez biquinho apertando minhas bochechas -Fiquei sem coragem.
  Selou nossos lábios de novo me fazendo revirar os olhos. Camila mordeu meu queixo antes de puxar meu corpo em direção ao seu,tentando me tirar da cama – coisa que eu não estava nem um pouco afim de fazer.
  As lembranças da madrugada tiraram qualquer animação que eu viesse a ter hoje,eu me sentia um caco e terrivelmente indisposta; a latina pareceu perceber isso pelo modo como me olhava:
   —Tudo bem,babe?.- damn! Ela me conhecesse muito bem.
  Engoli em seco,eu não vou conseguir mentir para ela. Maldita hora em que eu fui me apaixonar:
   —Eu tive uma conversa com a sua sogra de madrugada.- suspirei mexendo em suas madeixas -Não foi um assunto legal.
  Camila aninhou-se ao meu corpo na cama:
   —Minha vó está tendo problemas com os rins transplantados.
   —Eu sinto muito,cariño.
  A cubana me apertou contra si distribuindo beijinhos pelo meu pescoço e,momentaneamente me distraindo do real assunto. Mordi os lábios ao sentir meu ponto de pulso ser sugado pelos lábios quentes e macios da mulher,oh god:
   —Camila…
   —Hm?.- suas mãos driblaram o tecido fino do meu pijama.
  Arfei quando a senti arranhar meu abdômen,os dedos dançando maliciosamente pela minha pele me arrepiando por inteira. Karla rapidamente chegou aos meus seios,onde apertou com vontade aproveitando a falta da lingerie ali:
   —O assunto…- repuxei os fios negros da sua nuca -Porra,Camila..
  Ataquei seus lábios,faminta,nossas línguas brigando por domínio enquanto nossas mãos bobamente apertavam cada canto dos nossos corpos. Eu me sentia queimar.
  Antes que algo a mais pudesse se desenvolver ali,a voz estridente de mamãe cortou todo o clima:
   —Misericordia.- tampou os olhos -Estão peladas?.
  Observei Camila corar:
   —Sempre nos melhores momentos,hum?.- ironizei brincalhona -Obrigada,mãe.
   —Estou me sentindo péssima por ter empatado a foda de vocês. Desculpem,meninas.- sorriu sem graça -Mas já que eu o fiz. Venham comer,o almoço está pronto.
  Mamãe saiu do nosso campo de visão me fazendo suspirar em frustração:
   —Por que sempre somos interrompidas?.
  Camila gargalhou selando nossos lábios rapidamente:
—Vem,antes que ela volte nos chamar.
    Agarrei sua cintura e quando estávamos prestes a cruzar a porta,a latina segurou meu pulso carinhosamente:
   —Se você puxou essa força da sua abuela…- sorriu -Saiba que ela vai sair dessa facilmente,babe.
  É,de fato,Camila é a mulher da minha vida.







destined - (Camila/You)Onde histórias criam vida. Descubra agora