Capítulo - IX

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   —Uh
  Meu corpo inteiro estava dolorido,minha cabeça parecia estar em contagem regressiva para explodir,e a claridade que entrava pela janela não ajudava muito:
   —Parece que um caminhão passou por cima de mim…
  Abri os olhos minimamente tendo o vislumbre de uma Camila entrar no quarto com uma bandeja em mãos,que eu tinha a impressão de que cairia a qualquer instante:
   —Bom dia.- sorriu ao depositar a bandeja no lado vazio da cama,enquanto sentava perto das minhas pernas.
   —Camila?.
  Eu não estava entendendo nada. Uma pontada em minhas costelas me fez soltar um gemido de dor mudando a expressão da latina para preocupação:
   —Me deixe ver isso de novo.- se aproxima levantando a blusa que eu usava.
  Corei no mesmo instante:
   —Parece melhor do que ontem.- a ponta de seus dedos passeiam cuidadosamente pelos roxos espalhados por ali -Você me assustou,mocinha.
  Uma risadinha escapou dos meus lábios pelo tom usado,logo fiz uma careta ao sentir meu corpo doer novamente:
   —Me desculpe,Mila.- me senti corar de novo ao notar o modo que ela me olhava -Eu realmente estou perdida em relação ao que aconteceu ontem ainda…
  Ela assentiu pegando a bandeja e colocando em cima do meu colo,sorri para a latina que retribuiu,e então um estalo em minha cabeça,o que Camila veio fazer aquela hora no meu prédio?.
  Tomei um gole do suco de laranja:
   —Camila…- fez um som nasal para eu continuar -O que fazia no meu prédio aquela hora?.
   —Ah,eu vim te entregar isso.- tirou um chaveiro do ursinho Pooh de seu bolso -Você esqueceu na sala de reuniões aquele dia.
   —Obrigada,muito obrigada Camila.- abracei a garota inesperadamente a fazendo rir e eu me arrepender assim que senti uma pontada novamente em minhas costelas e borboletas no estômago ao escutar a risada da latina.
  Voltamos a tomar o nosso café da manhã em meio a conversas descontraídas e divertidas,ela resolveu não me pressionar em relação ao que aconteceu ontem,e isso me deixou mais confortável porque infelizmente um borrão tomava conta da minha mente e eu não me lembrava de nada; Camila é uma garota de ouro,além de ter uma beleza fora do normal. Céus,ela é muito gata:
   —S/n…S/a!.
   —E-eu.- sorri amarelo ao notar que havia me perdido na conversa.
   —Você viajou agora.- riu enquanto eu revirava os olhos.
  Ajeitou-se ao meu lado,deitou a cabeça em meu ombro e fechou os olhos suspirando:
   —Não dormiu a noite?.- comecei um carinho em seu cabelo.
   —Fiquei com medo de algo acontecer com você...
  Se aconchegou mais em mim,sorri:
   —Obrigada de novo.
   —Disponha.
  E então,num passe de mágica,meus olhos pesaram e logo eu e Camila já dormíamos.

                              (…)

  Abri meus olhos lentamente ao sentir algo claro atingir o mesmo:
   —Meu Deus,eu vou desmanchar com tanta fofura,olha isso Brett.
  O que? Me remexo sentindo um peso sobre o meu corpo. Camila:
   —Josh?.- encontrei o homem parado na porta com o celular em mãos e Brett ao lado.
   —Bom dia,flor do dia.- sorriu malicioso -Parece que a noite foi boa.
   —Idiota.- Brett riu sumindo dali rapidamente.
  A latina agarrada a mim afrouxou o aperto e se virou para o outro lado,suspirei voltando a sentir dores por todo o meu corpo. Aposto que estou com uma cara horrível.
  Me levantei com dificuldade,vendo Josh mudar seu olhar para preocupação e surpresa:
   —S/n…O que aconteceu com você?.- correu em minha direção -Olha seu rosto.
   —Vamos conversar lá fora.
  Usei o corpo de Joshua como apoio e saímos do quarto rumando a sala,não queria que Camila acordasse e sabia que o moreno iria surtar ao saber o que aconteceu.
  E no caminho do meu quarto até a sala,as lembranças da noite anterior começaram a aparecer e meu corpo reagia com calafrios e pontadas mais fortes de dor.
  Não é a primeira vez que isso acontece,mas eu acreditava que a outra fosse a última.
  Às vezes os nossos sonhos são perigosos. Fico surpresa com a que ponto o ser humano chega para fazer mau ao outro.
  Já sentada no sofá,respirei fundo massageando minhas têmporas:
   —Me atacaram ontem a noite. Eu estava voltando para casa quando um cara me puxou pra dentro de um beco e começou a me bater.- quis rir da expressão horrorizada no rosto do meu amigo,mas a situação não era apropriada -Consegui fugir,quando cheguei na portaria Camila me acudiu e então não me lembro de mais nada.
   —Céus,S/n…- passou a mão pelos cabelos,nervoso -Você não foi a um médico ainda?.
  Neguei:
   —Então nós vamos agora.
   —Eu não quero.- cruzei os braços.
   —Você não tem essa opção,S/n.- também cruza os braços.
  Um bico se forma em meus lábios,eu não gosto de hospitais:
   —Não quero e não vou,Joshua.
   —Hawley.
   —Não.
Eu não vou e ponto final. Daqui ninguém me tira e nem me faz mudar de idéia:
   —Você vai sim,S/a.
   —Até você,Camila?.
  Fito a latina de carinha amassada e cabelos desarrumados,sua expressão era séria igual a de Joshua. Pronto,agora é um complô contra a minha pessoa:
   —Eu não vou.
   —Vai sim.
   —Mas Cami-
   —Agora,S/n.
  Junto as sobrancelhas fazendo birra:
   —Que saco.- me levantei com um pouco de dificuldade voltando para o quarto para trocar de roupa.
  Escutei um bater de palmas,provavelmente da dupla lá na sala.
  Qual é,eu não tô tão mal assim para precisar de tudo isso:
   —Céus eu tô o bagaço.- me assusto ao ver meu reflexo no espelho.
  Meu rosto tinha alguns cortes nas bochechas,boca e sobrancelhas; um roxo no olho e outros espalhados pelo meu corpo. Agora tá explicado porque tudo dói.
  Entrei embaixo do chuveiro soltando o ar preso em meus pulmões no momento em que a água morna tocou minhas costas,escorrendo pela extensão dos meus braços e pernas,relaxando tudo e:
   —Ouch,tá ardendo.- …fazendo os cortes arderem também.
  Depois de meu banho relaxante e dolorido,vesti uma roupa que separei e ao sair encontrei Camila e Josh espalhados pelo quarto em uma conversa paralela:
   —Felizes?.- assentiram com um sorriso convencido.

                            (…)

   —Obrigada de novo,Mila.- abracei a garota sendo retribuída.
   —Não precisa agradecer,S/a.- sorriu depositando um beijo em minha bochecha e foi minha vez de sorrir -Me diga se ela te deu trabalho depois,Joshua.
   —Pode deixar que eu aviso.
  Desceu do carro depois de se despedir de Joshua e Bretton:
   —Se cuida,Cabello.
   —Eu que te digo isso,Hawley.- ri acenando para a garota.
  Quando Camila já estava sã e salva em sua casa,rumamos ao hospital:
   —Ela é uma fofa,S/a.
   —Lá vem...
  E então o caminho inteiro foi lotado de elogios da parte de Josh para Camila,dele falando o quanto se segurou para não surtar e afins.
  Via a paisagem nova iorquina passar rapidamente pela janela enquanto divagava sobre tudo o que aconteceu em um curto período de tempo e o quanto o sorriso da latina é maravilhoso. Me remexi desconfortável ao pensar sobre,eu tô parecendo um idiota e isso não faz sentido.
  Senti meu celular vibrar,desbloqueei o mesmo vendo que Josh acabou de me mandar uma foto em anexo:
   —É sério?.
  A foto foi tirada hoje mais cedo,Camila me abraçava possessivamente,com uma das pernas sobre as minhas e seu braço envolvendo minha cintura enquanto sua cabeça estava encaixada perfeitamente em meu pescoço; eu tinha meu braço direito abraçando seu pescoço e o esquerdo com os dedos trançados aos da mão direita:
   —Vou emoldurar e por no meu escritório.- se vira no banco ficando de frente pra mim -Quero a Camila como minha cunhada.
   —Cala a boca,Joshua.
   —Ah,vai me dizer que não é uma boa?.
   —Joshua.
   —Qual é,eu quero mesmo,admita ela é-
   —Lalalalalala…Não tô escutando,não tô...
  Ele começa a rir junto a Brett que apenas observava a interação. Reviro os olhos. Chatos.


destined - (Camila/You)Onde histórias criam vida. Descubra agora