Capítulo - XXXIII

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   —Certo. Nós vamos conseguir.- entrelacei meus dedos aos da latina.
   —Eu estou com medo.
   —Independente do que acontecer ali dentro,eu vou continuar com você.- beijei-a na bochecha vendo um sorriso surgir em seus lábios -Se acalme,ok?.
   —Ok.
  Dei batidinhas na porta e escutamos um entre abafado,ao entrarmos James nos esperava com os braços cruzados sentado em sua cadeira. Ele apontou para os assentos a frente de sua mesa com uma expressão séria no rosto:
   —Sentem-se.- fizemos o pedido -Confesso estar curioso.
  Cruzou os dedos apoiando o queixo ali. Escutei Camila engolir em seco e eu tive de segurar a risada para não apanhar da mesma na frente do nosso chefe. Mordi os lábios começando a falar logo após:
   —Bom…Temos algo a te contar.- continuei -Eu e Camila estamos namorando.
  A Cabello arregalou os olhos me fitando assustada,extremamente assustada. Talvez eu tenha sido direta demais.
  James continuou nos olhando,sem expressar nenhuma reação. Ok,acho que eu também estou nervosa agora:
   —A quanto tempo?.
   —Ãh…Alguns meses,mas o pedido oficial foi ontem.
  Ele nos encarou,revezando o olhar:
   —E me contaram só agora?.
   —Eu…Ãh…É que…- Camila me lançou um olhar de desespero.
   —Nós esperamos ter algo sério antes de te falar.
  O homem apenas assentiu criando um clima tenso na sala. Foram alguns minutos assim até que um sorriso brincalhão surgiu nos lábios de James:
   —Ficaram assustadas não é?.- riu -A cara de vocês,foi hilário.
  Camila arregalou os olhos descrente enquanto eu revirava os meus,era óbvio que isso iria acontecer,estamos falando de James,o palhaço de trinta e oito anos:
   —Eu já sabia do relacionamento de vocês,meninas.- sorriu -Digamos que vocês não são lá tão discretas.
  Um suspiro de alívio escapou dos lábios da latina e eu ri divertida com a situação:
   —Eu apoio vocês duas e jamais iria interferir.- esse cara é foda -Vocês podem levar o relacionamento ao público quando quiserem e se sentirem bem para isso,só peço que me avisem antes,hum?.
   —Obrigada por isso,James.- agradeci sincera.
  O homem nos lançou uma piscadinha:
   —Agora vão aproveitar o recesso da S/n para curtirem,vão,vão.
  James praticamente nos expulsou de sua sala. Eu tinha um sorriso gigante em meu rosto e Camila não estava diferente. Assim que a porta atrás de nós foi fechada a latina começou a dar pulinhos e remexer o corpo de um jeito estranho:
   —Isso!.- abriu os braços -Eu te amo!.
  Gargalhei:
   —Eu também te amo.
  E então ela se jogou em mim,dando aquele típico abraço koala dela,com as pernas em volta de minha cintura e braços envolta do meu pescoço,estávamos radiantes por ter dado tudo certo e animadas para uma nova fase das nossas vidas que se iniciava.
Camila mordeu minha bochecha toda sorridente:
   —Vamos tomar sorvete?.
   —Assim? Do nada?.
   —Quero atiçar a mídia agora que temos passe livre...E passar mais um tempinho com você.- mexeu as sobrancelhas -Vamos,por favorzinho.
  E ela montou um biquinho nos lábios. Desgraçada. Golpe baixíssimo esse. Revirei os olhos enquanto sorria para a imagem da latina a minha frente:
   —Vem,tem uma sorveteria aqui perto.

                               (…)

  Tinham muitos paparazzis do lado de fora da sorveteria,e quando falo muitos ainda é um tremendo eufemismo. Alguns fãs nos pararam pelo caminho até aqui,pediram fotos e fizeram algumas perguntas sobre estarmos juntas ou não,obviamente não confirmamos nada diretamente mas eu tenho certeza que a cara de idiota que eu devo ter feito ao observar Camila interagir com eles deixou explícito a resposta. Eu me sentia flutuar,como a um bom tempo eu não sentia,acho que isso deve-se ao fato de Camila ter aparecido. Tenho a teoria de que tudo isso foi minuciosamente calculado e planejado,a entrevista,o esbarrão,meu interesse repentino,o surto de fã do Josh,tudo; entende o que eu estou tentando dizer? Nunca fui de acreditar no destino,mas de uns tempos pra cá ficou difícil de dúvidar; e se eu não estivesse assistindo tevê naquele momento,e se eu não tivesse me distraído e passasse reto por ela,e se Joshua não a conhecesse,e se ela não me conhecesse? Tudo seria diferente ou daqui algum tempo nós estaríamos do mesmo jeito que estamos agora,porém,por meio de causas diferentes?. Destino. É isso o que ele faz. Junta,separa,traz felicidade,tristeza e por muitas vezes saudades,mas sempre com um propósito. Viver. Camila me faz viver todos os dias como se fossem os últimos,e talvez ela já estivesse destinada,para mim.
  Enfim,divagações filosóficas sobre destino são tentadoras,mas agora vamos voltar ao momento atual – às vezes acho que deveria ser poetista ao invés de cantora. A cubana sorri sapeca para mim antes de encher sua colher com o sorvete de banana que tomava:
   —O que você está aprontando,Cabello?.
  Ela dá de ombros:
   —Aprontando? Eu? De onde tirou isso?.- fez cara de paisagem.
  Estreitei os olhos:
   —Cami-
  Touché.
  Abri a boca em descrença enquanto meus olhos permaneciam fechados assimilando o que acabará de acontecer. Senti o gelado do sorvete escorregar pela minha bochecha e o cheiro de banana inflar minhas narinas. A risada alta de Camila me fez fita-la agora,com um sorriso vingativo no rosto:
   —Você não fez isso.
   —Bom. Eu fiz.
  Peguei uma colher do meu sorvete e rapidamente a passei pelo nariz da latina,ela arregalou os olhos e eu dei de ombros vitoriosa:
   —Direitos iguais.
   —Então é assim?.- pegou uma boa quantidade do seu sorvete -Você vai se arrepender,Hawley.
   —Prove.- e eu devia ter calado a boca.
  Foi novamente a minha vez de ser atacada,o sorvete foi espalhado agora pelas minhas duas bochechas,nariz,queixo e boca. Uma verdadeira lambança. Quando eu estava prestes a atacar a cubana de volta,uma voz nos interrompeu:
   —Credo,parecem duas crianças.- revirou os olhos -Até a Sofi é mais madura que vocês.
  Levei a colher a qual usaria para sujar Camila em direção a loira alta,e em um movimento rápido a passei em sua testa:
   —Ops.
  Escutei a gargalhada da Cabello junto da de Normani,a Hansen me olhou com um ódio mortal e eu sabia que se queira viver,precisava vazar dali o quanto antes:
   —Eu vou te matar…
   —Camz! Vamos no banheiro limpar isso,hum?.- sorri nervosa para a latina que assentiu ainda rindo muito da cara de raiva de Dinah.
  Deixei um beijinho no ar enquanto agarrava a mão de Camila e a puxava para o banheiro comigo. Deve estar se perguntando o porquê de Dinah e Mani estarem aqui,eu vos tiro esta dúvida,Camz as chamou para vir tomar sorvete com a gente,as duas estavam de bobeira e aceitaram de prontidão passar esse tempinho com nós:
   —Se a Normani não conseguir acalmar a fera,você infelizmente não vai sair com vida dessa.
   —Uau,Camz,você me encoraja tanto.- ironizei a fazendo rir.
  A latina me puxou pelo pescoço e minhas mãos foram diretamente para sua cintura,ela sorriu ao me observar com o rosto lambuzado e eu segurei a vontade de revirar os olhos. Aquilo no meu rosto já estava incomodando:
   —Te amo.- argh,por que tão fofa?.
  Deixei meus ombros caírem e um sorriso se formou em meus lábios também:
   —Também te amo,cariño.
  E então ela selou nossas bocas,o gosto predominante de banana no beijo me fez querer rir da situação. A língua de Camila explorava minha boca em pura degustação e deleite,um suspiro seu escapou e aproveitei para morder seu lábio inferior,sabia que isso era um dos pontos fracos da latina. A Cabello chupou minha língua arranhando delicadamente minha nuca,arrepios subiram pelo meu corpo e o ambiente ficou quente de repente,antes que as coisas ficassem sérias demais,separei nossos lábios com selinhos.
  Camila sorriu maliciosa:
   —É o que eu sempre digo,tudo fica melhor com banana.- lambeu minha bochecha risonha.
   —Você não tem limites,Cabello.
   —Eu tinha até você aparecer,babe.- beijou-me rapidamente -Vamos limpar esse rostinho lindo antes que as meninas venham nos buscar aqui.
  Sorri divertida para a morena ganhando outro beijinho.
  Depois de estar devidamente limpa,voltamos para a mesa encontrando o casal Norminah abraçadinhas e aquilo pareceu atiçar ainda mais os paparazzis lá fora,eram flashes a todo instante e parecia cada vez mais cheio. Vai ser um inferno sair daqui:
   —Ninguém vai matar ninguém?.
   —Quando eu tiver a oportunidade,você não perde por esperar,Hawley.- Dinah apontou para mim ameaçadora.
   —Obrigada,por domar a fera,Mani.- sorri para a garota.
   —Disponha.
  E nossa tarde foi regada de risadas,ficamos um bom tempo ali e logo Lauren e Ally também se juntaram a nós,eu adorava ver o sorrisão no rosto de Camila com a presença delas,elas tinham uma amizade realmente linda:
   —Ela tá olhando pra gente assim a um tempo.
   —Acho que sua namorada deu pane.
   —Tá me assustando já.
   —Minha mãe sempre me ensinou que quando algo não está funcionando,só vai no tranco.
   —Ei!.- afaguei minha cabeça onde recebi um tapão de Dinah.
   —Viu?.
  As meninas riram enquanto eu tentava entender a situação,Camila beijou minha bochecha se aninhando em meu peito:
   —Ela sempre faz isso,Mila?.
   —Na maioria das vezes sim,Mani.
   —Dá para vocês pararem de conversar sobre mim como se eu não estivesse aqui?.- revirei os olhos.
  Lauren riu jogando uma bolinha de papel em mim:
   —Vão para o Brasil então?.
  De relance vi Camila sorrir. Ela estava realmente muito animada com isso:
   —Acho que está na hora de Camila conhecer minha cultura e minha família.- a balancei em meus braços.
   —Estamos felizes por vocês duas.- Ally começou -Já quero sobrinhos.
  Gargalhei sentindo minhas bochechas queimarem,Camila se escondeu em meu pescoço e foi a vez das outras quatro rirem:
   —Preciso ir,querem carona?.- A Jauregui se levantou e as meninas o fizeram logo após -Não precisam responder.
  Rimos enquanto nos despedíamos das garotas,elas saíram aos empurrões da sorveteria e eu pude escutar Camila suspirar ao meu lado:
   —São sua família,hum?.
   —Me sinto sortuda por tê-las.- sorriu -E por você fazer parte disso agora.

destined - (Camila/You)Onde histórias criam vida. Descubra agora