Dmitrii Petrovich
Depois da conversa com Oleg, vi que já está na hora de tomar coragem e fazer o que é certo para mim, é o meu futuro, é a minha vida. Espero que meu pai me apóie, por que sinceramente não estou disposto a desistir dos meus sonhos.
Levanto da cama e descido me preparar para jantar, um banho vai ajudar a colocar à cabeça no lugar, preciso ficar calmo para enfrentar a fera. Deixo a água levar todas as minhas inseguranças pelo ralo, enquanto penso em como vou começar essa bendita conversa. Saio do banheiro e vou direto para o closet, me visto de forma confortável e me preparo para descer. Antes de chegar na sala já posso ouvir meu pai e irmão conversando, solto um longo suspiro e sigo em sua direção.
-Boa noite! - Falo indo ate mama e lhe dando um beijo no rosto, sigo ate meu pai que me recebe com um abraço.
-Boa noite moy syn (meu filho), não está com um aspecto muito bom, aconteceu algo que não sei? - Pergunta meu pai sem rodeios como o homem direto que sempre foi, ele conhece bem seus filhos sabe quando tem algo de errado conosco.
-Não aconteceu nada otets - Falo tentando parecer firme mas ele me lança um de seus olhares intimidantes. - Podemos conversar após o jantar? - Pergunto na tentativa de conseguir mais tempo para ter coragem suficiente, nunca enfrentei meu pai sempre fui um filho obediente e se ele não me apoiar não terei outra alternativa a não ser desobedecer. Ele me encara por um tempo e depois assentiu e voltou a conversar com meu irmão.
Não demorou muito ate que a governante anunciasse que o jantar já estava servido, e seguimos para a mesa, o janta ocorreu em um silêncio extremamente desconfortável, de tempos em tempos via os olhares de minha mãe e de Oleg em minha direção na intenção de me dar força, tenho que admitir que funcionou isso era tudo que eu precisava nesse momento, e assim que terminamos nossa refeição tive a total certeza que estava pronto para o meu pai.
-E então vão me dizer o que está acontecendo ou não? - Perguntou meu pai assim que voltamos para a sala. Olho para mama e Oleg e em seguida para meu pai, respiro fundo e começo a falar.
-Bem otets, o senhor sabe que já passei da idade de começar minha vida de universitário, e é exatamente sobre isso que quero falar com o senhor.
-Então finalmente decidiu que vai seguir os passos dos homens dessa família, já estava na hora mesmo. - Disse meu pai sorrindo orgulhoso.
-Não pai! Não vou seguir seus passos, não irei trabalhar com o senhor. -Falei vendo seu sorriso morrer e uma expressão raivosa tomar conta de sua face.
-MAS QUE MERDA VOCÊ ESTÁ FALANDO DMITRII, ONDE QUER CHEGAR COM ESSA HISTÓRIA? - Gritou ficando imediatamente de pé me fazendo encolher os ombros, mas rapidamente Oleg toma minha frente e minha mãe se põe ao meu lado e por instinto me agarro a ela como se minha vida dependesse disso, e por um instante acho que depende mesmo.
-Pai por favor se acalme e ouça meu irmão, vamos ter uma conversa civilizada. - Disse meu irmão fazendo nosso pai o olhar com pura decepção.
-Khorosho, zagovori, prezhde chem ya pozhaleyu ob etom. (Tudo bem, fala logo antes que me arrependa). -Disse me fitando com raiva.
-Otets só quero que me entenda, essa vida não é pra mim, quero seguir meu próprio caminho, ir para Londres estudar no RCM esse sempre foi meu sonho, mas não tinha coragem de te contar, sei que não era esse os seu plano para mim mas é isso que eu quero. -Falei olhando fixamente em seus olhos para que pudesse ver a verdade nas minhas palavras e que também não tinha intenção de voltar atrás na minha decisão.
-O que diabos é RCM, e por que ir para Londres se pode estudar aqui? -Falou agora mais calmo.
Antes de falar percebo que Oleg ainda está entre nós, ele sabe que quando eu falar a reação do nosso pai não vai ser nada agradável, e ele pode não se conter e partir para violência, meu pai nunca foi violento comigo mas sei que seu temperamento não é algo fácil de lidar.
-Royal College of Music ou RCM fica em Londres, e é para lá que eu vou estudar e me tornar um grande pianista. -Falei sentindo minha mãe me apertar em seus braços.
Ele me encara esperando que seja uma brincadeira minha, mas quando percebe que estou falando sério simplesmente se afasta e começa a gargalhar alto, isso mesmo ele rir como se tivesse acabado de ouvir a melhor piada de sua vida, mas de repente para e me lança um olhar frio carregado de fúria.
-VOCÊ REALMENTE PENSA QUE VOU TE PERMITIR SAIR DO SEU PAÍS PARA ESTUDAR MÚSICA? -grita apontando na minha direção - EU DEVIA TER IMAGINADO QUE DEIXAR SUA MÃE CUIDAR DA SUA EDUCAÇÃO TINHA SIDO UMA IDEIA DE MERDA, AQUELA HISTÓRIA DE VAI SER BOM PARA O NOSSO FILHO SÓ SERVIU PARA ISSO. -Disse olhando na direção de mama seu tom de voz expressava toda a raiva que ele sentia naquele momento. Vi minha mãe tremer abraçada a mim, e isso não escapou do olhar atento de Oleg, que imediatamente veio ate nós ajoelhou-se na sua frente e a abraçou assim como eu, fazendo com que se acalmasse, depois beijou sua testa repetindo o ato comigo. Se pôs de pé novamente e virou para nosso pai que nos observava com atenção.
-Dima! -Chamou minha atenção, e levantei o olhar na sua direção - leve mama para o quarto dela e me aguarde no seu. -Falou com firmeza me fazendo assentir e levar mama comigo. Antes de sair olhei na direção deles e vi que se encaravam como se fossem dar início a uma guerra.
Chegando no quarto, mama me olha carinhosamente e fala.
-Desculpe querido, sempre soube que seu pai não aprovava que você tivesse aquelas aulas, mas permite que chegasse a esse ponto em que se tornou seu sonho, e ver seu pai disposto a destruir isso a todo custo corta meu coração. - Falou com lágrimas nos olhos me puxando para um abraço.
-Não se culpe mama, a senhora me deu um presente quando me incentivou a aprender piano e só tenho que ser grato a isso. -Disse olhando em seus olhos após nos afastar, dei um beijo na testa e fui para o meu quarto.
Seja lá o que esteja acontecendo naquela sala só espero que Oleg consiga convencer nosso pai. Com esses pensamentos acabo adormecendo.
Desperto ouvindo batidas na porta, olho no relógio que marca 00:30, esfregou os olhos numa tentativa falha de despertar, e digo a quem quer que seja para entrar, quando a porta é aberta Oleg passa por ela com uma expressão cansada, dou espaço para que ele se acomode, e assim que deita ao meu lado olho para ele que agora está encarando o teto. Acho que não são boas notícias.
-E então?- pergunto depois de um longo silêncio.
-Ele permitiu.
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O Agente e o Herdeiro da Máfia (Duologia Irmãos Petrovich) Livro1
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