CAPÍTULO 1 - Revendo velhos amigos

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Eu me sentei na última cadeira perto da porta. Tirei o DIM e comecei a pesquisar bobagens, joguei xadrez e até tentei fazer desenhos em um aplicativo de colorir. Tudo para evitar que alguém puxasse conversa.

Tinha sido obrigada a ir vestida como um dos conselheiros para a reunião e optei pela forma mais discreta possível, tudo que eu queria era evitar me tornar o centro da discussão. Como se isso fosse possível.

As pessoas continuavam a chegar ao prédio suspenso que era a sede de reuniões do conselho. Uma redoma de longas janelas de vidro que ficava entre as nuvens em algum lugar da Região Um, algo como a antiga Oceania. O sol brilhava imponente e as revoadas de pássaros do lado de fora davam uma falsa sensação de paz.

Tudo que eu queria, pasmem, era voltar para meu treinamento com Thela em Nafh'ta.

Tinha muito que fazer antes que a próxima lua chegasse, mas a reunião não deveria mais ser adiada e, para minha tristeza, eu não podia fugir. Celen entrou no auditório e os burburinhos cessaram. Eu coloquei o DIM no pulso e fixei o olhar nele.

— Seres Mágicos, sejam bem-vindos à primeira reunião pós-início das luas.

Ele parecia outra pessoa, não meu avô-dragão fã de novelas. Estava em sua forma humana, tinha as sobrancelhas juntas e a expressão tão dura quanto pedra. Também, pudera! Aquela reunião prometia ser pior do que programas que discutiam questões familiares e acabavam em xingamentos de baixo escalão.

— Conselheiros, tomem seus lugares.

Seis humanos e quatro seres se sentaram em semicírculo no centro do auditório. Entre eles, vi Bririam, a trindade do satanás — que me odiava ainda mais do que antes —, minha avó e aquele conselheiro com cara de sapo. Os outros, só conhecia de vista. Celen voltou a falar:

— Esta reunião foi convocada para discutirmos como agir diante dos acontecimentos da primeira Lua. Precisamos decidir a melhor forma de revelar ao mundo sobre a natureza dos metais. Além, é claro, de nos preparar para todo tipo de reação que isso irá causar.

O conselheiro Uriah levantou a mão.

— Eu não vejo porque devemos revelar às pessoas sobre os metais.

Um burburinho voltou a correr pelo lugar. Celen fechou ainda mais o semblante.

— Como não? Espera que com as mudanças que ocorreram continuemos a guardar a verdade só para nós?

— Veja bem, conselheiro, nós sabemos que devido a algum acontecimento no feitiço...

Ele olhou de esguelha para o lugar onde eu estava sentada.

— Os poderes ainda estão adormecidos.

Celen cruzou os braços.

— Adormecidos não! No máximo silenciados. Você sabe muito bem que quem tentou usar seus poderes conseguiu.

O conselheiro Uriah se colocou de pé. Era o chefe da antiga casa de Evan, mantinha o longo nariz empinado, os ombros alinhados e a expressão fechada. A capa pergaminho que vestia esvoaçava.

— Somente aqueles que sabem que têm poderes. Se nós não avisarmos, ninguém tentará usar sua magia e não teremos problemas.

O dragão em forma humana começou a gesticular.

— Conselheiro, é ingenuidade acreditar que os efeitos não vão aparecer. O corpo das pessoas está sofrendo mudanças. O segundo coração começou a bombear magia. Não podemos esconder isso, se não pelo fato de que não é possível, pelo fato de que não é correto.

Alys - Elemento Alpha [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora