CAPITULO I - Presságio

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Era só mais um dia quente de um verão em Khepri, capital de Einyrs, antigo continente sul-americano. Depois de mais uma discussão sem sentido com o meu pai, desisti de tentar convencê-lo de que a sua superproteção era um exagero. Me joguei na cama para aproveitar o pouco que me permitiam de privacidade. Não durou muito, logo ele entrou com o rosto rubro de raiva.

— Alys, você precisa compreender que o mundo é um lugar perigoso agora.

Respirei fundo. Era sempre a mesma coisa.

— Agora pai? O mundo mudou há dezessete anos! Nem por isso as pessoas pararam de viver e se entocaram em casa.

Ele me olhava com frustração. Sem me contar o que realmente o preocupava eu nunca enxergaria o perigo, principalmente em mundo como o nosso.

Respondi seu olhar com meu melhor semblante de desafio. Eu detestava discutir com ele, mas não queria passar o resto da vida presa nesse apartamento. De que adiantava morar no centro da célula, se a única coisa que eu podia fazer era ir para a escola? Seria fascinante ver as rajadas lilases nos grandes olhos azuis do meu pai ficarem mais evidentes, se isso não demonstrasse que ele estava perdendo a paciência comigo.

— Filha, você gostando ou não, eu vou te proteger.

— Proteger do que? Pai, você tem visto os noticiários? Nunca foi tão seguro como nos últimos anos.

Isso era verdade. Ou eu achava que era. Desde que os metais Nítryfi começaram a surgir por todo o planeta as funcionalidades tecnológicas nos fizeram conquistar alguma segurança. Graças aos esforços dos governantes, nós agora só éramos divididos pelos metais, o que fez com que as pessoas se aglomerassem em grandes cidades, renomeadas como Células.

Os homicídios diminuíram drasticamente, os roubos quase não aconteciam e o sistema integrado que cadastrava os indivíduos garantia que quem cometesse algum delito não ficasse impune. Claro que isso só foi possível, porque os países se fundiram conforme o metal que era predominante em seu território. Éramos agora quatro Ámaz, cada um com seu governo.

— Nem tudo que acontece no mundo está ao alcance do noticiário, Alys.

— Você não me deixa nem mesmo ir ver a vovó Ana. Toda semana ela viaja por horas para vir me ver.

— E você não a vê reclamar por isso!

Era inacreditável que eu não conhecesse nem a casa da minha própria avó. Ela morava em outra parte do continente, em uma pequena vila que conservava com orgulho suas raízes latinas.

— Afinal de contas, o que aconteceu quando eu era criança para você não me deixar ir mais?

— Não interessa, você não vai!

Minha avó não reclamava de vir e costumava tentar me fazer acreditar que meu pai tinha alguma razão para agir assim. Mesmo que ela não gostasse de toda agitação em que o centro vivia, nunca parecia chateada ao vir me ver. Depois que descobriram como os metais funcionavam, parece que todo mundo tinha se tornado um pouco cientista. O barulho das pessoas e Voltrins se misturava com as pequenas explosões e criava um ambiente muito diferente do que ela vivia.

Alys - Elemento Alpha [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora