Boas Vindas

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Poliana

A primeira semana de aula passou voando de tão rápido. Em nenhum momento dela eu tive a chance de falar com o João, e ele também não veio falar comigo.

Eu realmente achava que ele tinha me esquecido por completo, porque não notei ele me olhar em nenhum momento, mas em compensação, eu o olhava feito uma idiota.

Eu claramente não tinha esquecido o João e nem sabia se ia esquecê-lo algum dia, mas eu precisava tirar ele da minha cabeça de alguma forma.

Durante a semana o Luigi tentou convencer eu e a Kessya a irmos na festona da Filipa de "boas vindas" ao pessoal. Ia ser na casa dela, e ele usou de forma muito astuta e perspicaz o fato de que a Kessya podia conhecer o grande amor dela na festa se fosse.

Mas todos sabemos que ele só não queria ir e acabar ficando sozinho caso seus outros amigos não fossem. O fato é que a Kessya pensou sobre isso e foi convencida a ir.

De tantas insistências, eu não lutei muito pra negar, e acabei dizendo que ia também. E eu realmente precisava tirar o João dos meus pensamentos, então achei que um pouco de diversão nessa festa me faria bem.

A sexta-feira chegou e a tia Luiza me avisou para não chegar tarde em casa. O Antônio me levou até a casa da Filipa, e já haviam vários carros pelo estacionamento do prédio. "Provavelmente dos outros convidados" pensei.

Assim que cheguei, logo vi o Luigi no meio de uma roda de garotos, dançando feito um bobão. Provavelmente estava alegre demais pra notar o mico que estava pagando.

Senti uma mão me puxar para o lado e assim que me virei soltei um:

— ai! Mas que indelicadeza!

— indelicada é você que está atrasada!

— são só 10 minutos de atraso, Kessya. Relaxa, eu já tô aqui.

— relaxar? Você fala isso porque não foi você que teve que aturar o imbecil do Luigi passando vergonha e fazendo eu passar vergonha junto! — soltei uma risada e ela me olhou torto.

— ok, ok. Desculpa.

— mas e aí... Já viu o João?

— quê?

— já viu ele ou não?!

— eu acabei de chegar, como que eu poderia já ter visto dele?!

— ué, mas você já viu o Luigi, né?

— mas é meio impossível de não notar a presença dele aqui. Dá pra ver ele de longe com todo esse escândalo!

— pois é. Ele parece estar se divertindo mesmo.

Nós duas estávamos observando fixamente o Luigi dançar, pular e rir com os amigos, quando alguém esbarra em mim e tira minha atenção de lá.

— foi mal. — João disse enquanto me olhou por míseros 3 segundos, e logo em seguida seguiu seu caminho.

A Kessya felizmente não notou o esbarrão que eu tinha levado do próprio João, então não houveram perguntas ou questionamentos do ocorrido como: "por que você não falou com ele?" Ou: "por que você deixou ele sair assim tão rápido?" Entre outras.

Bom, pelo menos no mundo real. Pois na minha mente, foi o que pensei pelo resto da festa.

Eu e a Kessya sentamos num sofá e ficamos bebendo refrigerante até o Luigi chegar e estragar nossa paz.

— o que vocês duas fazem aí sentadas feito duas velhas mocorongas? — ele dizia enquanto se balançava no ritmo da música.

— podemos ser as velhas, mas pelo menos a vergonha que você tá passando a gente não passa! — a Kessya disse enquanto tomava seu refrigerante.

— parem de bobeira! Por que vieram aqui se não foi pra dançar e se divertir?

— mas está muito divertido ficar aqui sentada relaxando vendo vocês dançaram — eu dizia tentando amenizar a situação.

— nada a ver!

— eu vim aqui porque você me iludiu dizendo que eu poderia encontrar o amor da minha vida! Mas até agora nada! — a Kessya dizia enquanto largava o copo na mesinha.

— mas é óbvio que até agora nada rolou! Você tem que dançar na pista! Ou você acha que o cara vai aparecer magicamente aqui na sua frente dizendo "óh Julieta, amo-te" sem você socializar????

A Kessya revirou os olhos e novamente foi convencida pelo papo furado do Luigi.

— tá! Eu vou dançar! Mas se depois de 15 minutos de dança não acontecer nada, eu volto pro sofá!

Ela foi até a pista e começou a dançar sem jeito, embora o Luigi estivesse animado e tentasse ajudá-la a se soltar.

Eu permaneci ali, sentada sozinha. Eu estava pensando no meu esbarrão com o João quando sinto alguém sentar na outra ponta do sofá. Quando em viro, era o próprio João, segurando o celular na mão, provavelmente enviando alguma mensagem.

Ele não se virou pro lado e nem deve ter me notado, mas eu o encarei por alguns segundos, até que um amigo dele apareceu trazendo uma notícia que não pude deixar de escutar.

— tem uma garota querendo ficar com você. — não escutei nenhuma resposta vinda do João, então o garoto continuou  — ela é muito gata, cara.

— quem é ela? — o João finalmente guardou o celular e olhou pro garoto.

— dona da festa. A Filipa.

Fiz uma careta inevitável e não pude deixar de sentir arrepios assim que ouvi ele dizer. O João se levantou e falou alguma coisa no ouvido do garoto, que saiu logo em seguida.

Achei que o João ia sentar no sofá novamente, mas continuou de pé. Se virou pra onde eu estava, e foi em direção reta, passando pela minha frente pra poder ir pro outro lado.

Eu não pude deixar de olhar pra ele de novo, e lá estava ele, me olhando também. Finalmente! Ele me olhou. Antes de passar, me olhou por alguns segundos sem uma expressão que pude definir em seu rosto. Não disse nada, apenas seguiu reto logo em seguida.

"Ele deve ter lembrado que fui eu a garota que ele esbarrou" foi o que pensei. Mas assim que lembrei do que aconteceu antes, comecei a criar paranóias, pensando se ele tinha ou não ido ficar com a Filipa. Isso me deixava incomodada até demais.

Me levantei atordoada e esbarrei em outra pessoa sem olhar por onde estava andando. Vi que a culpa realmente era minha, e pior que isso, eu tinha esbarrado no Eric.

— opa. Desculpa, eu tô meio avoada...

— você é meio avoada, né? — ele disse fazendo um sorriso sarcástico.

— talvez... Desculpa.

— tudo bem. Já ficou com alguém hoje?

— o que?

— eu te vi sentada no sofá, depois vi aquele cara do seu lado... Achei que...

— não! Não, nada a ver... — eu disse interrompendo ele.

— não é o João aquele? Seu ex namoradinho?

— isso faz muito tempo, Eric. Esquece essa história.

— vocês ainda não se falaram? Sério?

— acho que ele já me esqueceu completamente.

— duvido.

— eu não. — ficamos sem dizer nada por algum tempo, até ele voltar a falar:

— bom, ele mudou bastante, de qualquer forma. Agora tem muita garota querendo ficar com ele...

— sorte a dele.

— se você diz...

— ok, eu... Acho que vou pra casa. Não sei onde está a Kessya, mas se a vir, diga que eu não estava muito bem e que sinto muito, por favor. Ela provavelmente vai me matar por ter ido embora, mas eu não consigo mais ficar aqui.

— tudo bem. Tchau, boa noite.

— boa noite, obrigada.

Eu saí do apartamento e chamei o Antônio. Não via a hora de chegar em casa e dormir para esquecer todos aqueles pensamentos.

joliana vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora