Um Fogo que Ainda Queima

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Poliana

Eu passei a noite daquele dia morrendo de preocupação pelos garotos, tanto que nem consegui dormir direito de novo.

Acordei com os olhos inchados e minha tia logo achou que passei a noite em claro chorando. Neguei e disse que tive outra noite de insônia, e ela me deu uma bronca quanto á isso.

— isso é sério, Poliana?! Você precisa dormir direito! Isso não faz bem para sua saúde!

— mas... Tia...

— sem "mas"! Antes de dormir você vai tomar algum chá para que isso te deixe mais sonolenta! Se não resolver, vamos ao médico pra ver se isso é normal.

— tia Luiza, sério. A senhora tá exagerando... Não precisa de tudo isso...

— precisa sim! E tá me chamando de "senhora" por que? Tá me achando com cara de velha? — corei e arregalei os olhos para ela, e isso fez com que ela soltasse uma risadinha. — Poliana, eu me preocupo com você, e você sabe disso. Nenhum cuidado ou precaução que eu tomar a respeito da sua saúde é um "exagero", entendeu?

— entendi. Tudo bem. — terminei o café e me despedi dela. Pelo jeito o dia ia ser longo.

Quando cheguei na escola a Kessya já me esperava eufórica e aflita na entrada.

— graças a Deus você chegou!

— você tá bem?

— tirando minha preocupação, tô bem. Mas pelo jeito quem não tá bem é você! Que olheiras gigantes são essas na sua cara?

— ah, nem me fale. Passei a noite em claro toda preocupada com eles. Bem que podiam ter mandado mensagem e dado um sinal de vida!

— se duvidar estão só fazendo drama com todo esse suspense...

— Kessya!

— tá, eu sei. Foi mau.

Fomos para a sala de aula e logo recebemos a notícia de um aluno que entrou correndo todo animado de que a professora da primeira aula havia faltado. A grande maioria comemorou.

Vimos o Luigi, o Eric e o João entrarem na sala logo em seguida, os três juntos e com as caras completamente sérias.

— Poli! Vamos lá falar com eles!

Assim que a Kessya foi em direção ao fundo da sala, eu me levantei para ir junto. Mas ouvi a voz da Filipa chamar meu nome.

— Poliana! — ela me olhava com a feição relaxada enquanto enrolava uma mecha do cabelo com os dedos.

— pois não? — eu disse me virando para ela.

— se você está indo até os meninos, diga para o João que eu mandei melhoras, e que espero ele na sala de artes na hora do intervalo! — ela falou dando um sorrisinho e piscando um dos olhos.

Fiz que sim com a cabeça e fui até eles, tentando não demonstrar o quanto aquilo tinha me abalado.

— na verdade eu te achei bem corajoso, geralmente você é um frouxo! — pude ouvir a Kessya dizer para o Luigi enquanto me aproximava.

Todos riram.

— não podia deixar aquele babaca tocar na Yasmin assim.

— claro que não. Ela é sua amada!

Todos riram de novo do que a Kessya disse.

— deixa de besteira! Eu faria aquilo por qualquer garota que precisasse!

joliana vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora