Capítulo 8

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No dia seguinte acordei feliz da vida, como sempre disse que ia buscar pão, liguei pro meu Neguinho, dei bom dia e fui pra casa cuidar das crianças.
Mais tarde, levei meu filho na escola e liguei novamente. As emoções pra quem está preso são muito intensas e em pouco tempo a gente já se tratava com muito carinho. Mesmo sem nunca ter visto seu rosto, não faltava assunto, parecia que a gente se conhecia a anos.
As ligações e conversas noturnas já faziam parte da minha rotina, eu me sentia bem e estava feliz, me sentia viva.
Uma noite esperei todo mundo dormir e saí escondida pra telefonar.
Foi uma conversa rápida, desejei boa noite e entrei correndo. Quando fechei a porta de casa, tomei um susto! Minha mãe estava sentada no meio da sala me esperando:

- Vc tava onde vagabunda?
- Fui no portão tomar um ar mãe.
- Pensa que eu não sei que você tá andando atrás de macho?
- Que macho mãe? Eu só fui ali fora.
- Escuta aqui, tô sabendo que você anda enfiada naquele telefone ligando pra homem. Já te disse que não quero saber disso aqui na minha casa. Se vacilar, logo você arruma outra barriga e trás aqui pra eu sustentar!

Me calei, não disse nada. Fui para o meu quarto, me joguei na cama e chorei. Comecei a achar que minha vida estava realmente perdida, o fato de ser mãe me condenava e eu nunca mais poderia ser feliz.
Passei aquela noite em claro, lembrei de tudo que eu já tinha vivido, desde qdo conheci meu marido, até engravidar. Lembrei do sufoco que passamos e do medo quando descobri que estava grávida pela segunda vez. A solidão, o abandono, eu em casa e meu marido na rua. Sentia falta dele, era dele o carinho que eu lembrava, depois que nos juntamos, nunca mais tive outro homem, Neguinho era o primeiro por quem eu sentia despertar uma paixão.

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