Capítulo 10

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As crianças ficaram assustadas e começaram chorar, levei os dois pro quarto e deitei ao lado deles até a Rafa dormir, Danilo veio fazer carinho nos meus cabelos.
- Não chora não mamãe, um dia eu vou ser grande e vou comprar uma casa só pra nós.
- Obrigada filho, você é o homem da minha vida.
- Quando eu for bem grande, prometo que eu vou te proteger, tá mãe? Nunca mais vou deixar ninguém te bater.

Caí no choro, morria de pena de ver os meus filhos sofrendo, sentia um pouco de culpa e remorso por ter ido naquele orelhão. Mas por outro lado, que mal tinha em falar num telefone? Eu não saía pra canto nenhum, agora só porque ia no orelhão tinha virado vadia?
Há anos eu não sabia o que era um homem, não era justo eu levar esse nome.
Esperei o Danilo dormir e fui tomar banho, a água batia ardendo, estava toda roxa, com vergões por todo corpo.
Não quis jantar, dava até raiva de comer naquela casa, se tivesse como ir embora, já tinha ido.
No dia seguinte não levantei pra comprar pão, nem fui levar o Danilo na escola, tava toda dolorida, com dificuldade até pra andar.
Graças a Deus minha mãe foi trabalhar, ela era diarista então as vezes estava em casa, outras não. Sozinha eu tava em paz, liguei o som no último quando alguém bateu na porta com força

Tum! Tum! Tum!

Estranhei mas abri, era um vizinho da rua:

- Tão ligando pra você lá no orelhão.

Fiquei gelada! Se minha mãe estivesse em casa, era outra surra na certa.

- Como vc sabe que é pra mim? (perguntei desconfiada)
- Ele disse que é seu marido, não é seu marido que tá preso?

Essa resposta foi como um soco na boca do estômago, percebi que minha brincadeira tinha ido longe demais, eu tava ferrada!

-Fala que eu não tô e por favor não me chama mais aqui.
- Olha, ele tá ligando faz tempo. Desde manhã esse telefone tá tocando, ninguém mais aguenta o barulho desse orelhão. Dá pra ouvir lá dentro de casa. Ele não vai parar de ligar, acho melhor vc atender.

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