Capítulo 35

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Desliguei o celular e voltei pra São Paulo apreensiva, a quantidade de ligações perdidas me deixaram assustada.
Quando entrei em casa, minha mãe estava me esperando na sala.
- Tava onde?
- Saí com as crianças, ué.
- Aquele vagabundo com quem vc fala, ligou aqui atrás de vc.
Meu coração palpitou
- Ele disse o que?
- Queria saber onde vc estava.
- E o que vc respondeu?
- Disse a verdade. Que vc saiu com as crianças ontem a noite e que ainda não tinha voltado pra casa.
Fiquei apavorada, Neguinho nunca havia falado com minha mãe e se tinha chegado a esse ponto era porque ele estava louco de raiva.
Corri na casa de Luciana, ela com certeza me ajudaria a inventar uma desculpa, pensei em dizer que tinha dormido na casa dela.
- Oi Lú, preciso da sua ajuda.
- O que aconteceu com vc sua loca? Neguinho pediu meu número pro Wlad, ligou aqui que nem doido atrás de vc, onde vc tava?
Contei pra Luciana o que tinha acontecido.
Eu tava ferrada, não adiantava tentar inventar mais nada, ele já tinha me rastreado por toda parte, voltei pra casa apavorada.
Ele passou aquela noite em claro, ligou pra mim a madrugada toda, coloquei o celular no silencioso e tentei dormir, faltou coragem de atender.
Quando deu 6 horas da manhã ele cansou de ligar no celular e começou a ligar na minha casa, infernizando, minha mãe já acordou irritada, atendeu o telefone e pude ouvir do meu quarto quando ela começou a gritar com ele
- Deixa a Renata em paz! Ela tem dois filhos que dependem dela pra viver! Você NÃO ESTÁ AJUDANDO ELA! NÃO ESTÁ!
Fingi que estava dormindo, até hoje não sei o que ele respondeu para ela e muito menos o que eles conversaram antes, nunca tive coragem de perguntar, sei que depois disso ele parou de ligar.
Aqueles dias foram tensos, fiquei esperando alguém bater na minha porta atrás de mim, eu não sabia o que pensar até que dois dias depois minha mãe saiu para trabalhar e o telefone da sala tocou, como não havia identificador de chamadas, eu atendi:
- Alô
- Você foi lá, não foi?
- Ne-neguinho?
- Você foi lá? Não mente pra mim
- Fui...
- Não precisa me dizer mais nada, presta atenção no que eu vou falar... Não me liga e nem me procura nunca mais. Eu amo você e respeito os seus filhos, mas se um dia ele encostar a mão em você por minha causa, eu mato ele... entendeu?
Fiquei muda, entrei em estado de torpor e ele desligou o telefone.
"Ele" que ele falava era Rodrigo, ele sabia que eu tinha ido na visita.
Passei dias esperando algum contato, mas isso nunca aconteceu.

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