Capítulo 15

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Desliguei o telefone, tomei um banho demorado e me joguei na cama, meu celular vibrou, recebi um SMS:

"Madrugada perfeita... Vc é maravilhosa!"

Suspirei profundo, nunca imaginei que um homem pudesse me fazer gozar assim... pelo telefone!
Foi uma experiência inesquecível! Eu estava completamente feliz!
Pela manhã me troquei e fui no banco, dessa vez foi bem mais rápido, levei a Rafa comigo e passei na frente da fila. Saí de lá com a conta aberta: "Agora eu quero ver esse gerente me esnobar."
Cheguei em casa e liguei pro Neguinho:

- Oi coração, que bom ouvir sua voz.
- Oi minha vida, tudo bem?
- Depois da noite passada tá tudo ótimo! Vida eu tenho uma novidade, consegui abrir a conta no banco.
- É mesmo? Então agora presta atenção, tenho uma coisa pra te falar... Eu tenho 4 filhos.
- Que?!
- É isso mesmo que vc ouviu, eu tenho quatro filhos, com três mães diferentes.
- Quatro filhos, com três mulheres diferentes??!
- Sou eu que mantenho todos os quatro, de alimentação e vestuário. A partir de hoje vc vai ficar na responsa, oque comprar para os meus, quero que vc compre igualmente para os seus.
O dinheiro vai cair na sua conta, a cada depósito eu quero que vc me passe o terminal e a hora que foi depositado, pode ser?
- Pode, mas... Esse dinheiro vem de onde?
- Vem de uns negócios que tenho, por enquanto é só o que vc precisa saber.
- Neguinho e a casa?
- Ja conversei com o cara aqui dentro, aquele que tem as casas de aluguel, ele ficou de falar com o pessoal dele, até a próxima visita ele me dá um retorno.
- Obrigada minha vida.
- Deixa eu perguntar, o que você fez com o dinheiro que te dei?
- Coloquei no banco, ué.
- Não comprou nada pra você não?
- Você me disse pra usar com sabedoria, eu aprendo rápido a lição.

Os dias foram passando, comprei fralda, leite e mistura pra semana, ajudei nas contas de água e de luz, minha mãe questionou onde eu tinha arrumado aquelas coisas e eu respondi que havia ganhado de um amigo.

-Tá fazendo o que pra esse amigo te dar essas coisas?
- Não precisei fazer nada.
- Hum, vê bem o que você tá fazendo da sua vida, mais tarde não diga que eu não te avisei.

No domingo era dia de visita, aguardei ansiosa para saber sobre a casa, quando deu  5hs da tarde eu liguei:

- Tudo bem vida?
- Melhor agora, minha paixão.
- O cara da casa te deu uma resposta?
- A família dele veio aqui, amanhã você já pode ir conhecer sua casa nova.
- Graças a Deus! Neguinho nunca vou ter como te agradecer!

Na segunda feira peguei as crianças e fiz conforme combinado, fui pra casa da Luciana onde o tal que dizia ser irmão do Neguinho já estava me esperando.

- Oi!
- Oi cunhada! - ao contrário da primeira vez ele não me chamou de senhora.
- Obrigada pela ajuda. A casa fica muito longe daqui?
- Fica não cunhada, qualquer 20 min de carro daqui.
- É que eu tenho as crianças, tem também a escolinha deles, será que eu vou me adaptar?
-Vai sim cunhada, lá perto moram outras cunhadas também.
- Que bom, espero que elas gostem de mim.
- Se você tá fechando com meu irmão, tá fechando com nóis também.

Ele ligou o carro e seguiu até a casa, onde outro homem nos recebeu.

- Ôoo cunhada, tudo bem com a senhora?

Notei que o tom de pele dele era diferente do outro irmão do Neguinho.

"Vai ver é um filho de cada pai" (pensei)

- A casa é essa aqui, vamo entra pra sinhora conhecê.

Gostei da casa, era bonita e simples, apenas um quarto, sala e cozinha, tudo reformado. Meu telefone tocou:

- E aí coração, tão te tratando bem?
- Oi vida, estão sim.
- Que bom, deixa eu falar com os irmão.

Fiquei sem saber qual dos irmãos eu chamava, então soltei:

- O neguinho tá na linha, ele quer falar com vocês!

O primeiro pegou o telefone:

- Ôoo irmãozão, meu querido. Satisfação total falar com vc!

Daqui a pouco passou pro outro:

- Salve irmão, boa tarde pra nóis...  blá blá blá

Confesso que tava confusa com tanto irmão pra cá, irmão pra lá, cunhada aqui, cunhada lá. Naquela época eu ainda não fazia ideia do que viria pela frente.

Nos dias que passaram, tudo foi bem agitado. Fui atrás de geladeira, fogão, cama e uma televisão, tudo comprado de segunda mão, mas pra quem estava começando, tava bom.
Saí da casa da minha mãe com muita briga, houve até ameaça de tirar os meus filhos de mim, mesmo assim tomei coragem e fui pra minha casa.

As ligações entre eu e Neguinho ficaram cada vez mais constantes, já era rotina passar as madrugadas namorando pelo telefone.
Fiz amizade com várias cunhadas, bom, pelo menos era assim que elas me tratavam.
Decidi perguntar para ele:

- Neguinho me fala uma coisa, quantos irmãos vc tem?
- Porque você tá me fazendo essa pergunta?
- É que eu vejo todo mundo se chamando de irmão, um monte de mulher se chamando cunhada, me explica o que tá acontecendo.
-É que nós somos uma família, é só isso e mais nada.

Cada uma delas tinha um celular igual ao meu, que fazia ligações diretas, uma delas tinha até uma central telefônica em casa, onde ela recebia ligação dos presídios e transferia para outro lugar.
Ela ganhava muito dinheiro com isso e a casa dela era sempre lotada de gente.

Minhas conversas com Luciana foram ficando cada vez mais escassas, a gente se encontrava só na hora de buscar ou levar Danilo e sempre tinha um dos irmãos do Neguinho do lado.

Continua ...

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