Capítulo 25

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"Se as feridas do teu próximo não lhe causam dor, a sua doença é pior do que a dele."

A semana passou sem que Neguinho me telefonasse, eu ligava todos os dias mas ele era sempre frio e dava um jeito de logo encerrar o assunto:

- Vida, porque vc tá me tratando assim?
- Tô te tratando normal.
- Não tá não. Vc não me chama mais de coração, nem de vida, muito menos diz que me ama...
- Eu te chamo de Renata. Não é esse seu nome?
- Aff Neguinho, tudo isso por causa da visita, né? Se eu soubesse que isso ia acontecer eu...(ele me interrompeu)
- Não precisa dizer que você se arrependeu de ter me conhecido, porque isso eu já tô ligado.
- Não Neguinho, não é isso, você que mudou comigo,você tá me tratando diferente... eu sinto falta da gente, sabe? E eu queria que tudo voltasse a ser como antes.
- Renata, não fode porra! Você não querer vim aqui me ver tranquilo, mas para de pesar minha cadeia caralho! Para de perturbar minha mente.
- Eu não tô perturbando, só tô pedindo pra vc ser o mesmo Neguinho de sempre.
- Não da pra ser igual, entendeu? Nunca mais vai ser igual!... Eu tive você aqui comigo em meus braços, como que eu vou te tratar do mesmo jeito?
Cê tá pensando o que Renata? Que eu sou algum muleque?  Não sou não porra, não sou não!...
Você tá aí fora, é uma mulher bonita, vai querer o que comigo que sou um cara preso? Eu que vacilei, me aproximei demais, só que pra não me machucar eu prefiro me afastar, tô bem loco de ficar sofrendo.

Fiquei muda ouvindo as palavras de Neguinho, mas eu não queria criar falsas expectativas, nem me comprometer a nada.
Vendo meu silêncio ele desligou, tentei retornar várias vezes sem sucesso, ele não me atendeu.
Chegou o fim de semana, vi Cibele e as outras meninas se preparando pra visita, mas eu não fui.
Esperei por um telefonema, um sinal de Neguinho, mas também não recebi.

Duas semanas passaram, o clima entre eu e ele estava cada vez mais frio, ele já não atendia mais as minhas ligações.

"Que saco, nunca imaginei que fosse sentir tanta falta desse filho da puta!"

Era semana de receber o depósito para comprar as coisas dos filhos dele, verifiquei minha conta e percebi que não tinha caído o dinheiro.
Chamei Didi na minha casa:

- Didi, o Neguinho não me atende, tá com raiva e não quer falar comigo e o dia de comprar as coisas pras crianças é amanhã, mas não caiu nada na minha conta até agora.
- Preocupa não cunhada, eu já comprei as coisas das crianças, o irmão trocou ideia comigo, amanhã eu vou lá levar. Fica tranquila que comprei pro seus também, o irmão mandou eu lembrar de igual, amanhã deixo tudo aqui.
- Como é que é? Não precisa trazer nada não. Leva lá pra ex mulherzinha dele! Pra falar com você ele pode, mas pra me atender ele nunca tem tempo?
- Desculpa aí cunhada, eu só tô fazendo o que o irmão me falou. Vou dar um conselho pra senhora,vai lá trocar essas ideias com irmão pessoalmente, ele deve ta magoado com vc.
- Vou nada Didi, se ele quer guerra, eu também sei brigar! Mas obrigada por tudo.

Didi foi embora e eu fiquei irada, com certeza ele já devia ter arrumado alguma vagabunda, não ia passar o dia inteiro sem conversar. E o Didi também não ia perder seu tempo fazendo compras, com certeza alguém foi comprar e o Didi ia levar.
Comecei a ligar pro Neguinho, mas o telefone só dava ocupado, trinta minutos depois e ainda estava ocupado, foi o suficiente para eu surtar. Liguei pra Luciana:

- Então Lu, é isso que tá acontecendo, ele não quer mais me atender, nem falar comigo, mas ele tá falando com alguém no telefone porque aquela merda só dá ocupado! Vc vai ir na visita domingo?
- Caramba, Renata, com quem será que ele tá conversando? Será que vc conhece?  Não tem como eu ir no domingo porque a mulher do Wlad vai estar de folga e aí ela vai, ele já me avisou.
- Então fica com as crianças pra mim? Pega as suas filhas e vem aqui pra minha casa, porque eu vou de surpresa na visita, não vou avisar ninguém! Não quero que ninguém saiba pra não correr o risco dele saber.
Se ele tiver no contato com outra, eu vou descobrir!

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