Era uma tarde fria de julho, Jane entrou na lanchonete dando ordens à todos, inclusive ao marido:
— Pessoal mantenham a organização durante estes quinze dias sem mim. Fiquem de olho no meu marido não quero saber de prejuízos por aqui, então controlem os gastos. Vou ficar alguns dias com meu filho em Curitiba, espero que a lanchonete sobreviva sem mim.
Alguns resmungos e risos abafados, mas nada que a tirasse o bom humor da patroa, precedido a viagem para ficar com o filho. Antes de sair, porém ela convidou a sua protegida para o depósito, para dar algumas instruções especiais. Jaime era garçom na lanchonete e entrou lá indicado por Sol. Eles não eram amigos, mas se conheciam de longa data, eram vizinhos. E os laços se estreitaram depois que se tornaram companheiros de trabalho, era o único amigo que Sol tinha no trabalho, olhando os cochichos de Jane com a nova funcionária, Jaime deu de ombros com a amiga e disse:
— É minha amiga o cerco está se fechando, você precisa tomar muito cuidado. Parece que ela já está desconfiada.
— Eu já estou ficando de saco cheio de tudo isto! A qualquer momento jogo a bomba pra cima e deixo explodir estou cansada de segurar ela sozinha.
O patrão não gostava nada da amizade de Sol com o garçom. Na verdade, ele não gostava que Sol tivesse nenhum tipo de amizade, queria exclusividade na vida dela, e vivia cercando as conversas dos dois. Quando viu o bate papo logo se aproximou:
— Posso entrar no assunto? — Coisa de empregados! Disse Sol num tom irônico. Virou as costas e saiu, assim que percebeu a patroa se aproximando.
— Pronto, meu amor! Terminamos no depósito. Vou para casa arrumar as malas e te espero pra jantar e logo depois você me leva para a rodoviária. — Disse Jane muito animada.
A tarde passou rápido, como já estava previsto o patrão saiu e deixou Sol responsável pelo caixa e a nova empregada responsável pela cozinha. As duas viviam se alfinetando, mas naquele dia, Sol estava insuportável, parece que estava para explodir a qualquer momento.
Diante de um pedido mal escrito, a moça preparou os pedidos trocados e logo que serviram surgiu a reclamação, lá dentro da cozinha elas discutiram feio:
Sol num tom esnobe disse:
— Não tenho culpa se você não sabe ler. — E ela revidou:
— Você é que não sabe escrever e está tentando me prejudicar, somente porque a patroa me deixou responsável por tudo. Vai trabalhar e faça direito seu trabalho porque hoje a patroa aqui, sou eu!
A esta provocação Sol respondeu com o que tinha entalado na garganta:
— Aproveita e trabalha de patroa agora, porque à noite quem vai dormir de patroa, sou eu, querida! — disse ela sarcástica.
Nisso o Jaime interferiu:
— Gente, tem clientes esperando! O que é isso? Chega dessa discussão e vamos trabalhar! Olha o patrão chegando! Anda, anda, vamos!
O silêncio foi total, Sol percebeu que falou demais, já a outra teve a confirmação do que esperava. O patrão entrou, em seguida, e percebeu o clima quente por ali, ordenou as duas que voltassem ao trabalho, imediatamente.
Desde que chegou o patrão observou que havia algo errado, mas ninguém disse nada, somente Jaime ousou perguntar se tinha dado tudo certo com a viagem da patroa, nisso o patrão respondeu:
— Sim, tudo certo deixei minha mulher lá na rodoviária para poder vir fechar o caixa, afinal o movimento hoje foi grande.
Ele logo, percebeu que Sol não estava num bom dia e que provavelmente, era sua culpa, já que estava tão dedicado a mulher por causa da viagem. Quando todos saíram ele pediu que Sol ficasse para ajudá-lo a fechar o caixa. Ela ficou e disse que fosse rápido porque estava muito cansada. Mas ele disse:
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Os Fantasmas Da Sol (Completa)
RomanceCada fase da vida pode gerar seus próprios fantasmas. Assim, Sol se encontra à beira de uma rodovia, desesperada e sem destino, até que uma carona muda o rumo de sua vida. Tiago um caminhoneiro solitário, oferece carona e um destino. Porém, ele é c...