Os Fantasmas Da Sol (Completa)

Capítulo IX

O tempo é soberano, assim como faz passar os momentos ruins ele transforma em fumaça (saudade) os momentos bons. Com a manhã, a vida bateu nas portas do caminhão, como o ladrão que rouba sonhos. Sol foi se preparar para o trabalho e Tiago se preparar para seguir a viagem. Na despedida um abismo se abria entre os dois.

— Ô, minha morena! Logo eu volto para estes olhos verdes. Me espera, por favor! — Tiago apelou, finalmente.

— Obrigada por tudo, meu anjo. Te espero, pelo resto da minha vida! Sempre estarei aqui. — dizendo isso, uma lágrimas desceu pela face de Sol.

Eles se abraçaram. Um último beijo, já com a buzina dos colegas chamando para a estrada. Tiago entrou em seu caminhão e acelerou olhando Sol pelo retrovisor disse para si mesmo:

— Ah, seu maluco! O que vai fazer da sua vida agora? Estes olhos vão te perseguir como um fantasma pelo resto da sua vida. Nunca mais vou viver uma coisa tão boa e tão inesperada como tudo isso. Como vou viver sem esta morena? Ah, meu Deus! O que foi que ela fez comigo? Ahhhh! Caramba, que vida é essa? — Ele ainda falava consigo quando pelo rádio os amigos começaram a chamá-lo:

— Tigão, seu maluco! Cuidado aí! Tem trânsito lento na descida da serra. Se bem que toda a carga preciosa você deixou no posto, então vai embora, acelera esta lata velha. — disse um amigo gargalhando em seguida.

— Ah, qual é? Cuida da sua vida, seu doido, e olha como fala do meu gigante, mais respeito com meu caminhão, ein! — E mais risadas e zuação seguiram pelas estradas.

Apesar da pouca distância Tiago viu que a viagem seria demorada, pela quantidade de caminhões na rodovia, dava para imaginar o tamanho das filas para descarregar e carregar novamente.

Lola mostrou tudo que Sol deveria fazer durante o dia. Para ela foi maravilhoso para distrair o pensamento que insistia em voar pela rodovia atrás de Tiago. O trabalho e a companhia, sempre divertida de Lola, fazia o tempo passar mais rápido.

Cinco dias depois, quando Sol saía do trabalho viu o caminhão de Tiago encostando no pátio do posto, ela saiu correndo ao encontro dele. Assim que ele abriu a porta ela subiu e se agarrou nele. Para eles, era como se os dias longe um do outro não tivessem existido. Se beijaram apaixonados. Depois um abraço demorado, lágrimas rolaram pelos olhos de Sol. Os dois temiam se afastar um do outro e ver que era apenas um sonho que viviam.

— Oh, menina! Que saudade eu senti. — Disse Tiago aliviado.

E Sol beijando-o compulsivamente dizia:

— Minha vida! Você voltou pra mim. Não acredito que está aqui!

E os dois se entregaram a um beijo demorado cheio de carícias e desejos.

Nesta noite, Lola estava começando em um trabalho novo. Ela finalmente tinha conseguido abandonar os programas no pátio do posto, para trabalhar em uma boate próxima ao seu bairro. A boate "Paradise" era um lugar muito respeitado onde muitos empresários passavam no início da noite, quando saiam do trabalho para tomar um drink e aliviar o estresse do dia a dia. Os mais ousados ainda poderia ter uma acompanhante para jogar conversa fora ou até mesmo para um programa íntimo, tudo dependia da carteira do visitante. De vez em quando a boate Paradise fechava suas portas para grupos reservados como encontros de empresários, despedidas de solteiro ou grupos de amigos comemorando formatura. O trabalho de Lola ia durar quase a noite toda, por isso ela só voltaria para a casa de madrugada. Dessa forma, a casa ficaria livre para Sol e Tiago viver momentos como um casal de verdade. Vinho, jantar e muito amor eles tiveram para aproveitar naquela noite.