Capítulo XI

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Os meses passaram rápidos, e Sol se tornou uma funcionária exemplar, muito dedicada e responsável, logo foi promovida à caixa, mesmo passando a maior parte do tempo no posto ela já não tinha nenhuma esperança de rever Tiago. Raramente seu antigo caminhão passava por ali e fazia o coração dela acelerar com a lembrança. Apesar de que, com o tempo ela foi se acostumando a ver o caminhão como uma embalagem vazia, que carregava apenas lembranças.

Lola se tornou uma amiga muito prestativa ajudava Sol de todas as formas possíveis. Porém seu trabalho na boate Paradise era muito agitado, ela tinha pouco tempo para ficar em casa com Sol, mas sempre que conseguia elas riam muito das histórias de Lola com seus clientes. Somente quando ia dormir que Sol se sentia sozinha, e era nessas horas que seus fantasmas vinham atormentá-la e para adiantar o sono ela tomava uma taça de vinho e procurava cada vez cultivar mais amizades. Assim, quase todas as noites, Sol recebia visitas animadas e apesar de suas perdas, Sol estava muito feliz. Lola havia pedido as contas do emprego de faxineira no posto e agora trabalhava apenas na boate, já que ela dividia as contas com Sol não precisava mais de dois empregos sem contar que o ganho na boate era muito satisfatório.

Numa segunda-feira, fazia pouco tempo que Sol tinha voltado ao trabalho depois de uma licença, apesar de ser uma ótima funcionária Sol estava com dificuldades de cumprir os horários que o serviço lhe sujeitava, por isso muitas vezes precisava sair mais cedo ou chegar mais tarde e isso desagradava o patrão, e foi neste dia, que ele pediu para que Sol passasse pela administração antes de ir embora. Sol sentiu um temor assim que se aproximou da porta do escritório do chefe, mas respirou fundo e entrou. Ele estava disperso e custava a encarar Sol, demonstrando uma gentileza nada habitual, começou a fazer rodeios com as palavras dizendo:

— Sol você sempre foi uma funcionária muito eficiente e sempre se encaixou no perfil da nossa empresa, mas agora na condição que se encontra sei que é difícil dar prioridade ao seu emprego. E não julgo você por isso, pelo contrário te admiro muito pela pessoa que se tornou.

Nisto Sol interviu e disse:

— Não precisa fazer rodeios, está me demitindo, não é? — Disse ela com muita segurança.

— É Sol, infelizmente você não se encaixa mais no perfil de moças livres que estejam disponíveis ao trabalho sempre que a empresa precisar. — Disse ele com muita pena de Sol.

— Fica tranquilo, já esperava por isso. Minha vida não está fácil, não estou dando conta dela sozinha.

— Mas olha, vamos pagar todos os seus direitos, vamos liberar seu seguro desemprego e você ainda terá que cumprir seu aviso.

— Tudo bem! Vou ficar bem. Acho que já estava na hora de fechar o ciclo aqui e dar novo rumo em minha vida. Acredito que vai ser bom ficar um tempo em casa. Estou precisando colocar minha cabeça em ordem.

Sol sabia que distante do Posto jamais teria chance de reencontrar com Tiago. Mesmo trabalhando ali suas esperanças já haviam se esgotado, assim aceitou tranquilamente aquela notícia. Ela acreditava que era o destino dizendo para seguir em frente. E assim ela fez.

Depois de alguns dias, que Sol estava desempregada, ela resolveu fazer uma boa faxina e revirando suas coisas sobre a cama dentro de uma caixa de sapato ela encontrou um número de telefone que a fez voltar no tempo, mais precisamente, no dia em que saiu de sua cidade Arapongas, e seguiu sem rumo pela avenida. Quando ela estava na calçada juntando suas coisas, Jaime passou e entregou o número do seu telefone. Ela estava tão transtornada, naquele momento, que nunca se lembrou deste número. Porém, ao encontrar aquele número, ela pensou que a única pessoa de quem gostaria de ter notícias era de Jaime, pois ele foi a única pessoa que nunca a julgou e sempre foi amigo de verdade. Sem pensar muito ela correu até um orelhão na calçada do outro lado da rua, inseriu um cartão e discou o número:

Os Fantasmas Da Sol    (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora