Capítulo X

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O tempo passa muito rápido, principalmente quando não damos conta dele. Sol vivia muito dedicada ao trabalho e a sua nova vida. Com a amizade de Lola vieram outras amizades e Sol sentia-se muito feliz com tudo que estava acontecendo. De vez em outra sonhava que Tiago tinha voltado para busca-la e acordava com um aperto no coração, pois a lembrança dele era como um fantasma que tocava seu corpo sempre que adormecia, felizmente, a realidade fazia o fantasma desaparecer e sozinha Sol revivia os momentos bons em seus pensamentos, aliviando sua solidão com tudo de bom que ele havia deixado na vida dela.

Com Tiago a vida estava sendo dura ou cobrando um pouco caro pela traição, nem mesmo a lembrança dos momentos felizes com Sol ele tinha o direito de reviver. Depois que ele e Melissa foram chamados para o consultório do Dr. Marcos sua vida virou de ponta cabeça. A última viagem que ele conseguiu fazer foi às pressas, para voltar a tempo de acompanhar melissa ao médico. Ela jamais perdoaria se ele não voltasse a tempo, por isso ele nem foi procurar Sol. Apenas deixou um recado com Lola, afinal na próxima semana, provavelmente voltaria, e então, poderia passar pelo menos uma noite nos braços dela e explicar tudo o que estava acontecendo em sua vida. Mas infelizmente, as coisas não saíram exatamente como ele pensou. A gravidez de Melissa estava cada vez mais complicada. Todos os dias, ela passava mal e a ordem do médico era para jamais deixá-la sozinha. Os pais de Melissa viajavam pelo menos uma vez por mês para comprar mercadorias para a loja, ultimamente o pai dela estava viajando mais e sozinho, mas a mãe dela ficava na loja o dia todo, dessa forma a única companhia que restava para Melissa era seu marido. Tiago encostou o caminhão no pátio do posto e abandonou a estrada por um tempo.

Um dia, enquanto Tiago engraxava o caminhão Carlos o rapaz que era dono da oficina ali do pátio posto e amigo de Tiago há muito tempo, lhe fez uma proposta:

— Ei Tigão, que tal negociar seu caminhão com a minha oficina?

— Não sei, não. Já nem sei mais o que fazer. Estou vendo que não vou conseguir voltar pra estrada tão cedo. Talvez seja até um bom negócio. Vou pensar na proposta.

Realmente, Tiago estava perdido em seus planos futuros e para aquele momento, parecia uma boa saída. Depois de alguns dias de negociação com Carlos, Tiago passou a trabalhar na oficina e viu seu Gigante seguir para a estrada em outra companhia. Uma sensação de perda abateu-se em Tiago e uma lágrima rolou pelo seu rosto olhando seu caminhão levar embora a esperança de reencontrar Sol.

Era uma tarde fria de inverno, Sol estava de saída do serviço do posto quando olhou para a rodovia e viu o caminhão de Tiago encostando no pátio. Ela gelou por completo e um arrepio percorreu a espinha, ela olhou e não reconheceu o motorista, ficou parada perto da porta da conveniência até que ele estacionou e veio em sua direção. Ela conferiu a placa realmente era o caminhão de Tiago. Porém o motorista era completamente estranho. Ele passou por ela e cumprimentou, vendo que ela olhava para ele desacreditada e confusa perguntou:

— Moça tá tudo bem?

— Sim, está tudo bem. Só pensei que fosse outra pessoa. — respondeu ela num tom de decepção.

— Ah, sim! Imagino que pensou que era Tigão, o antigo dono do caminhão, ele me vendeu faz pouco tempo, esta é minha primeira viagem com o Gigante.

— Então o caminhão não é mais do Tiago? — perguntou ela decepcionada.

— Não, ele estava cansado da estrada e resolveu cuidar melhor da mulher, por isso me vendeu o caminhão. Se você quiser mandar algum recado, na volta eu vejo ele. — disse ele prestativo.

— Não, não. Não tenho recado não. Na verdade, acho que ele nem se lembra mais de mim, eu conhecia mais o caminhão do que ele. — disse Sol, entristecida.

Os Fantasmas Da Sol    (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora