Os Fantasmas Da Sol (Completa)

Capítulo XII

Alguns meses depois...

O seguro desemprego de Sol estava se acabando, mesmo saindo todos os dias à procura de trabalho ela continuava desempregada. O país vivia uma época de crise e todos os dias empresas abrindo falência e aumentando cada dia mais o desemprego no Brasil. Para uma mulher sozinha sem uma profissão o emprego se tornou um grande milagre, no início do século XXI. Sol conseguia fazer algumas diárias para ir se mantendo, porém as despesas da casa ficava por conta de Lola e Jaime e isso chateava muito ela.

Numa tarde, Sol voltou para casa muito desanimada, apesar de ter andado toda a manhã à procura de emprego, não tinha conseguido nada. Ela chegou em casa por volta das 14 hrs, e encontrou Lola na cama com muita febre, ela ficou desesperada, pois Jaime estava no trabalho, então correu até um orelhão que ficava na esquina e chamou uma ambulância para levá-la ao pronto socorro. Sol acompanhou Lola e quando chegaram ao hospital o médico de plantão solicitou o internamento urgente, Lola estava muito doente. Com uma pneumonia em estado bem avançado, devido ao trabalho na noite, sempre caminhava do ponto de ônibus uns dois quarteirões até sua casa, pela madrugada gelada de Curitiba. Talvez essa fosse a principal causa, mas também, Lola tinha um certo desleixo com a saúde e tentava ao máximo evitar consultas preventivas. O médico solicitou vários exames e foi logo dizendo para Sol:

— Procura avisar no trabalho dela que pelo menos por quinze dias ela vai ficar de atestado.

— Tudo isso, doutor! Nossa, ela pode perder o emprego. — lamentou Sol, preocupada.

— Olha, vamos fazer melhor, vou fazer um atestado e você já leva pessoalmente no trabalho dela. Assim o patrão já fica sabendo que o caso dela é muito grave.

— Tudo bem, então, doutor. Acredito que realmente é melhor levar pessoalmente. — justificou Sol.

O doutor preparou o atestado e entregou para Sol e disse:

— Se quiser ver sua amiga agora você pode passar ali na UTI e vê-la pela janela de vidro, por enquanto, não poderá entrar no quarto, ela está medicada e está dormindo.

Sol pegou o atestado e seguiu pelo corredor, entrou na área restrita e olhou Lola pela janela, ela dormia tranquila, embora estivesse respirando com dificuldades, ela acenou e saiu chorando.

Já estava bem tarde, e o dia já estava se acabando, mesmo assim Sol resolveu passar direto na boate Paradise onde Lola trabalhava. Ao se aproximar Sol percebeu que não era nada do que ela havia imaginado, Um muro alto, com portões fechados, ao lado uma guarita onde um porteiro mais parecia um policial, da sua imaginação somente o letreiro grande encima da portaria indicando "Boate Paradise". Ela se aproximou e tocou o interfone, o porteiro perguntou:

— O que deseja, moça? Se está procurando trabalho, pode ir embora. Aqui só se contrata por indicação ou seleção. E no momento não há vagas.

— Não! Não estou procurando trabalho. Vim, apenas trazer um atestado da minha amiga que já trabalha aqui faz tempo e está doente. — disse Sol, receosa.

— Tudo bem, então. Vou abrir o portão e já te acompanho até a administração. —disse o porteiro atencioso.

Quando o portão se abriu Sol ficou ainda mais admirada. À sua frente estava o estacionamento que mais parecia um jardim, no momento havia poucos carros, pois muitos dos clientes da boate ainda estava em horário de trabalho, porém o que impressionava mesmo era o luxo dos automóveis. Ao fundo ficava o prédio com dois andares que ocupava toda a largura do terreno. Os portas eram pequenas e permaneciam fechadas, embora um letreiro de luzes, acima dizia "ABERTO". O porteiro seguiu por uma calçada que ficava ao lado do estacionamento e dava direto a uma pequena porta ao lado das duas portas principais. Ele abriu e entrou subindo uma escadaria que dava direto ao andar superior. Ao final da escada uma pequena sala de espera, com um sofá muito confortável, uma mesa de centro com algumas revistas e um barzinho no canto. Quadros de uma bela mulher desconhecida estampavam toda a parede do bar. O porteiro foi direto a uma porta e bateu, uma voz de mulher respondeu: