Capítulo 1

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"Irwin! Não te atrevas a sair daqui!"

Porque é que é tão difícil obedecer? Nós, humanos, temos este problema em obedecer. Ouvimos e ignoramos. Achamos que estamos certos se ignorar-mos. Cometemos os mais diversos erros, tudo porque ignorámos.

Depois segue-se o arrependimento. Aquele sentimento horrível que toma controlo da nossa mente e nos leva ao pior. Destrói-nos. Faz-nos querer desaparecer.

Mas nada disto nos serve. Arrependidos ou não, já cometemos a asneira, e não podemos voltar atrás. As pessoas nunca mais se esquecem, somos sempre considerados como aqueles que erraram. Também não pedimos que nos perdoem, pois sabemos que não merecemos o perdão e esquecimento.

Como é que eu sei? Eu já senti tudo isso. Já fui tudo isso. A teimosia, ignorância, arrependimento e miséria.

Ainda hoje a sinto.

E sei que nunca vai desaparecer...

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-Objeção!-exclamou o Keith, ao meu lado, levantando-se. A sala toda olhou para ele. Senti as minhas mãos húmidas e carreguei inúmeras vezes no botão da caneta fazendo-a abrir e fechar.

-Meretíssima, diga ao rapaz que não pode interromper!-exclamou a advogada. Odeio aquela mulher.

 -Não, eu estou no meu direito!-exclamou ele.

-Nem sabe o que isso é! Objeção... Isto não é um filme!-respondeu ela.

-Eu sei que não! Eu conheço a lei e as regras, estou no meu direito!-exclamou furioso batendo com o punho na mesa, o que me fez estremecer.

-Ordem no tribunal!-exclamou a juíza batendo com o martelo.

-Senta-te.-murmurei.

-Peço desculpa, Meretíssima.-disse ele sentando-se.

-Tem permissão para falar.-disse a juíza ao meu irmão.

-Obrigado.-respondeu levantando-se novamente mais calmo.-O que disse não é verdade. Eu e a minha irmã somos perfeitamente capazes de tomar conta dos nossos irmãos! O financiamento não é problema. Ambos estamos a trabalhar e conseguimos as condições necessárias com a ajuda do subsídio. Temos vivido bem com eles, nunca houve problemas desses.

-Meretíssima, considero o  argumento inválido.-disse o nosso advogado levantando-se.-Ambos os meus clientes são maiores de idade, sabem as suas responsabilidades. Têm respetivamente, um curso superior e estudos encaminhados para outro curso superior.

-Peço permissão para falar.-disse a advogada. A juíza acentou.-Obrigada. Quero relembrar a toda a gente nesta sala que estes dois jovens podem ser os irmãos mais velhos destas duas crianças, mas não são os mais responsáveis. Bem pelo contrário. Ambos têm em sua posse uma extensa lista de leis violadas, o rapaz com algumas horas de prisão e a menina com serviço comunitário. Já para não falar de...-pegou numa lista.-...condução embriagada, roubos, acidentes de carro, destruição de propriedade privada e temos uma situação de coma alcoólico.-disse pousando o papel sobre a mesa.    

-Isso não é verdade!-exclamou o Keith.

-Silêncio, não pode interromper!-exclamou a juíza. Ele voltou a sentar-se.-Reformule o argumento.

-Peço desculpa. Este último acontecimento foi uma consequência de uma noite atribulada. Uma jovem foi levada até ao limite levando-a ao coma alcoólico. Foi pressionada pelos amigos, a Menina Scott era um deles.-disse a advogada. Engoli em seco e baixei a cabeça. Odeio quando voltam a falar de todas essas coisas.-Com todos estes atos irresponsáveis, querem entregar duas crianças, uma delas de quatro anos, a dois jovens que pouco sabem tomar conta de si próprios? É um risco desnecessário.-fez uma pausa.-Terminei.

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