Capítulo 2

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-Peter, vai lavar os dentes!-exclamei enquanto colocava as taças no lava-loiça.

-Vals, sabes do meu casaco castanho?-perguntou-me o Keith.

-Está lá em baixo pendurado num cabide.-respondi.

-Porque é que não levas logo para o meu quarto...-murmurou enquanto descia as escadas. Ignorei-o.

-Savannah!! Despacha-te!-exclamei colocando o lanche na mala do Peter.

-Epá, tem calma! Que stressados!-exclamou ela aparecendo na sala enquanto punha uns brincos.

-Demoraste horas nisso?-perguntei referindo-me à maquilhagem exagerada.

-Não comeces, também pões.-respondeu enquanto tirava o lanche.

-De vez em quando, em festas, não é todos os dias, para a escola, e tão...sei lá nem sei o que é que hei de chamar a isso...-murmurei.

-Palhaço!-exclamou o Peter entrando na sala.

-Vê lá se o palhaço não te fecha no quarto até as aranhas e as baratas te comerem vivo!-exclamou ela com um olhar maldoso.

-Isso não me assusta, já sou crescido.-respondeu cruzando os braços. Ri-me com ela. Tinha mesmo crescido.

-Pois mas a chamares nomes ás pessoas só mostras que não és nada crescido.-respondeu ela.

-E tu a discutires comigo também passas a ser uma criança.-respondeu ele.

-É bem! É isso mesmo, choca aqui!-exclamou o Keith aparecendo abrindo a mão, colocando-se de cócoras.-Esquece, Vans, já nem com o Pete consegues competir.-disse rindo-se.

-Cala-te!-exclamou ela empurrando-o fazendo-o cair.-Ah, e parabéns, maninha.-disse ela sorrindo-me.

-Obrigada.-respondi.-Já têm tudo?-perguntei encaminhando-me à porta.

-Vals, espera.-disse-me o Keith.

-Diz.-respondi impaciente.

-Falta a tua prenda de anos.-disse ele.

-Mas eu disse-te que...-interrompeu-me.

-Pois, disseste, mas eu sou o mais velho, por isso cala-te.-disse ele. Fomos até à sala e fizeram-me sentar no sofá.

-Toma, mana, fui eu que fiz.-disse o Peter. Abri o embrulho com cuidado. Era uma moldura, feita com paus de canela, com flores pequenas e no meio tinha uma foto de nós os quatro.-Não tinhas nenhuma dessas no quarto, e queixaste sempre que cheira mal em casa, por isso a canela faz o teu quarto cheirar bem.

-Obrigada, Pete.-respondi beijando-lhe a testa.

-De nada.-disse com um grande sorriso.

-Toma, eu ia comprar para mim, mas eu sei que a querias, e sinceramente só a ia comprar para te chatear.-disse a Savannah entregando-me uma caixa embrulhada. Era uma carteira que tínhamos visto as duas e que discutimos para ver quem ficava com ela. Ri-me ao lembrar-me.

-És tão parva...-murmurei.-Obrigada.

-Sempre ás ordens.-respondeu.

-Toma.-disse o Keith colocando um molho de chaves na minha mão. O molho de chaves mais característico do mundo.-Eu sei que querias ficar com ele, e a mãe ia gostar de saber que és tu quem o guia.-disse sorrindo.

-O carro da mãe? A sério?-perguntei olhando para os vários porta-chaves. Uns feitos por mim quando era mais nova, outros pela Savannah, pelo Peter e até pelo Keith. Um deles dizia "melhor mãe", outro dizia "entregar ao dono, uma mulher linda, com quatro filhos e o marido mais bonito de todos". Ri-me ao lembrar-me de quando o meu pai tinha dado o porta-chaves à minha mãe e ela se tinha recusado a usá-lo. Mas o meu preferido era um cubo que abria que tinha uma foto de nós os seis, na antiga casa.

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