Antoinette Topaz

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-Você não vai nessa festa.- Minha mãe sempre tinha que dar palpite sobre o que eu deveria ou não fazer, isso mesmo eu já tendo 19 anos.

-Claro que vou mãe, a senhora não pode mandar na minha vida mais. Eu já tenho 19 anos, trabalho, estudo, pago as contas desta casa e ainda te ajudo com as contas do hospital.- Sei que não deveria ter falado isso e me arrependi no mesmo instante em que as palavras saíram.

-É, tem razão. Já é grande o suficiente e já sabe tudo sobre esse mundo.- Ela disse com o tom de voz amargo.

-Mãe, a senhora sabe que eu não me importo de ajudar.- Disse enquanto me sentava na cadeira próxima a cama em que a mesma estava deitada. -É que eu preciso de um descanso, de algo para poder me distrair.As provas deste bimestre já acabaram, eu tive uma folga do trabalho, pela primeira vez em meses, e a senhora está bem melhor, pelo menos foi o que médico disse. A senhora me entende? Eu ainda sou uma adolescente, mas com problemas de adulto, e que logo terei de ir pra faculdade, e não quero ter de brigar com a senhora sempre que eu quiser sair.

-Filha, eu sei que você tem essas estranhas necessidades adolescentes, mas me escuta. Por que não fica em casa para poder descansar já que está de folga? Podemos assistir um filme, pedir algo pra comer, ou eu mesmo faço. Que tal aquele macarrão que você tanto adora?

Eu suspirei e retirei a jaqueta de couro que usava. Sabia que não teria como discutir mais com minha mãe.

-Se a senhora quiser mesmo por mim tudo bem. Sei que não vou conseguir tirar isso da sua cabeça. Mas terei de ir comprar os ingredientes para poder fazer o macarrão. Será que a senhora pode ficar aqui por esse tempo sozinha?- Perguntei enquanto ia ao meu quarto para poder pegar a chave da moto e calçar um coturno no lugar dos saltos que usava.

-Claro que posso ficar aqui, não sou criança. É só o FP não aparecer aqui exigindo que você faça algo, e juro que se ele vier aqui eu dou naquela cara de sínico que ele tem.- Logo ela apareceu na porta do meu quarto.

-Já mandei mensagem pra ele avisando que hoje eu não iria fazer nada que ele me pedisse. É minha folga do bar e eu pretendia sair. Bom, vou lá antes que feche.-Dou um beijo na testa da minha mãe e saio do nosso pequeno trailer.

Logo sento em minha moto e coloco o capacete. Dou partida na mesma ouvindo o ronco do motor que eu tanto amava. Nunca me cansaria. Vejo algumas crianças que brincavam em frente as portas de suas casas acenarem para mim enquanto passava pelas mesmas.

Moramos no Southside e além de trabalhar no bar Whyte Worm fazia parte da gangue dos Serpentes. Eu sabia que era errado, mas precisava, por mais que fosse maior de idade eu ainda precisava de proteção, e com minha mãe doente não seria nada fácil. O que ela não sabia era que eu fazia parte da gangue e aceitava as pequenas tarefas que FP me mandava fazer por causa da grana que recebia no final. 

Minha mãe estava muito doente, e eu não me deixava enganar quando ela dizia que estava bem, sabia que dizia isso para poder me tranquilizar. A verdade era que ela precisava de um transplante de rim, e se isso não acontecesse ela não iria resistir por muito mais tempo.Todos tinham que lutar contra seus demônios interiores.

Eu amava minha mãe ao ponto de querer doar meu próprio órgão a ela. Mas infelizmente não eramos compatíveis. E quando descobrimos isso eu fiquei bem mal. Eu faria de tudo pela minha mãe, até pagava os tratamentos mais caros que tinham disponíveis no hospital de Riverdale. Nada estava ajudando. Eu andava perdendo as esperanças, mas sempre que chegava em casa depois de uma manhã turbulenta na escola, ou até mesmo depois do trabalho e via que ela ainda estava acordada me esperando e sempre com um sorriso no rosto me faziam querer lutar mais contra aquela droga de doença. Mas ela sabia que algo poderia acontecer quando começou a beber tão jovem.

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