Alguns dias

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A minha garota de cabelos rosas continuava ali, no quarto de hospital, frio.

Ela não havia acordado desde que tinha sido baleada.

Eu não via seu sorriso ou seu olhos desde aquela manhã.

Sentia tanto sua falta.

Ia ali todos os dias. Sentava ao seu lado, segurava sua mão e pedia, para qualquer um que estivesse lá em cima nos olhando, para poder ajudar nesta hora.

A cirurgia havia ocorrido bem. Sem nenhum trauma a mais.

A bala tinha sido desviada pela costela e se alojado no pulmão direito. Ela perderá muito sangue e precisou de sangue.

Por sorte éramos compatíveis e eu doei.

Ficar ali dias e noites até estava me fazendo pensar em tudo que tinha acontecido.

Aquele assalto não era comum. Eles estavam nervosos demais e diziam coisas sem sentido.

Afastei isso da minha mente quando ouço a porta do quarto ser aberta pela enfermeira e o xerife entrar logo depois.

-Boa tarde, senhorita Blossom. -Ele diz e retira o chapéu que usava.

-Boa tarde só se for para você. -Eu digo e me encosto na cadeira que estava sentada ao lado da cama da Toni. -Até agora não pegou os ladrões.

-Estamos tentando, porém os depoimentos não são consistentes. -Ele da uma pausa e logo continua. -Eu queria colher seu depoimento.

-Eu já fiz isso, na semana passada, no dia seguinte do ocorrido.

-Eu sei, mas dessa vez quero mais detalhes, do assaltantes. -Ele fala olhando em meus olhos. -Temos um profissional para poder fazer o retrato deles.

-Quando tenho de fazer isso? -Não queria deixar Toni ali sozinha. Por mais que eu dividisse as visitas com os amigos dela, eu ainda queria estar ali a todo momento.

-O mais rápido possível. -Ele olha para a garota de cabelos rosas deitada naquela cama. Ela parece tão calma, tão serena. Os médicos disseram que ela não estava sentindo dor e que estava sedada para uma melhor recuperação. -Pode comparecer à delegacia quando quiser para depor.

Assim que diz ele pede licença e se retira do quarto.

A enfermeira logo começa a trocar o curativo que está sobre o ferimento.

Ali ficaria um cicatriz devido ao corte e a sutura que havia sido feita.

Eu havia soltado a mão dela para que a enfermeira tivesse maior liberdade, e assim que ela saiu e voltei a segurar sua mão.

-Sabe, eu fiquei pensando sobre o dia do assalto. -Começo a dizer devagar. Me lembrava do ocorrido e sentia náuseas. -Acho que você concorda comigo. Os assaltantes estavam nervosos demais. E também não falavam nada com nada.

Esperei que ela respondesse, o que não aconteceu.

-Lembro de um deles dizer que o dinheiro estaria na conta e que era para o outro atirar logo. -Eu respirei fundo. -E aquele que atirou! Por Deus. Ele te pediu desculpas logo depois de olhar seu documento.

O aparelho que monitoria seu coração continuava apitando, com os intervalos certos.

-Eu sei que é loucura, sei que pode até ser coisa da minha cabeça. Mas será que não mandaram te matar? -Eu aperto um pouco sua mão, tentando imaginar quem poderia ter mandado. -Talvez alguém que trabalhou com você na gangue, ou alguém que você teve que resolver algo. Pode até ser minha mãe também. Eu não sei.

Respirar já estava ficando complicado por causa do nó que se formava em minha garganta.

-Eu sinto sua falta. As coisas não estão facul sem você. -O aparelho apitava constantemente, no mesmo ritmo. -Eu disse que iria ficar aqui. E eu estou pronta para quando você acordar. Então, por favor, acorde.

-Senhorita Blossom? -O médico entra no quarto chamando meu nome. -Eu sei que quer estar com ela, porém eu preciso fazer alguns exames de rotina.

-Eu espero o senhor acabar.

-Terei de levar ela para poder fazer uma tomografia. -Ele diz e olha sua prancheta. -Já tem alguns dias que ela está em coma induzido. Quero ver se não tem alguma sequela.

-Então eu espero lá na frente. -Digo e me levanto. -Obrigada doutor. Por tudo que está fazendo por ela.

-É meu trabalho. -Ele diz e me olha. -Eu fiz de tudo pela mãe dela. Nada mais que justo eu fazer pela filha também. -Ele diz com certa tristeza aparente. -Eu já perdi a mãe, não posso perder a filha.

Sorrio e saio da sala. Tenho certeza de que irá demorar então decido ir à delegacia para prestar o depoimento que o xerife havia pedido.

Algumas horas mais tarde

Eu havia ido a delegacia e depois fui para casa.

Sim, já havia comprado um apartamento na cidade.

Nao era como a mansão da família, mas pelo menos seria meu lugar, onde ninguém me atrapalharia.

Em casa eu comi algo, apenas um sanduíche de queijo, e tomei um banho rápido.

Me vesti com uma roupa confortável e quente, já que começava a fazer frio com o chegar da noite.

Não tinha como dormir, não sabendo que ela poderia acordar a qualquer minuto, então peguei a chave do carro e desci para a garagem e dirigi para o hospital.

O natal estava se aproximando, e com ele a neve já se fazia presente por todo os locais.

Era lindo, mas eu não estava aproveitando aquela data que antes eu amava tanto.

Eu precisava dela ali. Toni tinha se tornado alguém muito importante. Sentia falta de conversar com ela. O que eu amava.

O cheiro dela me inebriava, a cor de seus cabelos, por mais que agora não estivessem cuidados, me fascinava.

Cheguei ao hospital e fui até o balcão para poder pegar o crachá de visitante.

-Sinto muito, mas o senhorita Topaz não pode receber visitas no momento. -A mulher, que já tinha alguns fios brancos em seus cabelos me falou. -Ela ainda está fazendo alguns exames.

-Eu sai daqui tem horas e ela já iria fazer os exames. -Passei as mãos pelos cabelos. -Ainda não acabaram? 

-Cheryl? -Olho em direção da voz e vejo FP, Sweet Pea e Fangs vindo em minha direção. -Aconteceu alguma coisa?

-Não sei, eu acabei de chegar. -Digo e o som da porta que dava acesso aos quartos é ouvido por nós.

-Olá. -O doutor que cuidava de Toni havia saído por ela e vinha em nossa direção com um sorriso. -Tenho boas notícias.

-Quais são? -Fangs diz com um sorriso já se formando. -Ela tá bem? Já acordou? Podemos ver ela? 

-Calma. -O doutor sorri gentil. -Ela ainda não acordou, os exames deram tudo certo. E ela já saiu do coma induzido, só falta mesmo acordar. E quanto a visita, vocês podem já. Ela acabou de voltar para o quarto. -Ele foi até o balcão e liberou a entrada.

A balconista nos entregou os crachás e logo entramos para ir ao quarto da Toni.

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Olha quem voltou.

Não me matem.

Será quem foi o culpado pela nossa nenê está assim? Quero suas respostas.

Eu queria ter uma Cheryl na minha vida.

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Beijos bb's.

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