Sem te perder.

Treino

-Está atrasada, serpente.- Mal entrei no ginásio e já ouvi Cheryl dizer. Ela com toda a certeza do mundo iria fazer da minha vida um inferno. Mas eu tinha de manter a calma já que precisava do jornal para meu currículo escolar.

Isso iria ser mesmo difícil.

-Pra começar, eu não queria estar aqui, porém estou só para complementar meu currículo, então faça sua parte e nem me verá aqui. -Disse e fui me sentar na arquibancada, o mais longe possível dela. Eu ainda tinha de arrumar algumas coisas antes de começar a fotografar, e ainda bem que eu apenas fotografaria o treino, não teria paciência para montar a matéria.

- Escutem aqui Vixens, como todas se lembram perfeitamente do dia que Verônica e eu dançamos aposto que se lembram da música também. Então sem mais delongas, ensaiaremos alguns passos novos com a mesma música. -Blossom disse se virando para as garotas ali presente. 

Depois de alguns segundos e todas em seus devidos lugares começaram a ensaiar sem música. Algumas ali tinham certa dificuldade para poderem pegar certos passos, já que os mesmos eram de certa forma um tanto que complicados. Mas era claro que seriam difíceis, vindo de Cheryl Blossom eu já não esperava nada diferente.

Comecei a fotografar alguns passos que faziam e percebi que o lugar que estava na arquibancada não me davam ótimas fotos. Desci alguns degraus enquanto fotografava. Quando dei por mim eu já estava na quadra , não tinha como ser diferente, já que dali eu teria angulos melhores. 

Cheryl não era um monstro ao todo. Deu uma pausa para as meninas descansarem e se hidratarem enquanto a mesma conversava com Josie. E eu continuava fotografando, queria fotos o suficiente para não ter de voltar ali nunca mais, mesmo sabendo que isso não se concretizaria.

- Chega de moleza suas lerdas. Agora será a prova de fogo. Irão fazer todos os passos como mostrei a vocês, só que com o auxílio da música. E não aceito erros, então já sabem, dê seu melhor para me deixar pelo menos contente. -Terminou de dizer e foi em direção ao som que estava ali. 

Logo que a música começou suas Vixens se prepararam, cada uma em seu lugar e começaram a dançar. O que me deixou feliz era ver a cara que Cheryl fazia a cada erro que elas cometiam. Ela ficava vermelha de raiva e eu não perderia a oportunidade de tirar fotos dela com aquela cara. Eu até que estava me divertindo no atual momento. 

Quando a música acabou pela primeira vez, ela não sorriu e sim fechou mais a espressão.

-Eu disse para darem seus melhores. Mas parece que não escutaram. É pra dançarem e não fazer uma apresentação de terror aqui. Nem parece que fazem parte do melhor grupo de líderes de torcida. Quero de novo, e vêem se fazem certo dessa vez. Cada uma em seu lugar.

Foi ao som e colocou a música novamente, eu pude perceber que ela estava com raiva, e isso somado com a possível ressaca que a mesma estava sentindo só piorava as coisas.Não seria nada fácil para aquelas meninas, mas ninguém as obrigou a fazerem parte do grupo. 

Continuei a tirar as fotos e ver as caretas que Cheryl fazia a cada vez que ocorria um passo errado. Ela por diversas vezes chegava a gritar e corrigia, já que estava ali para isso. Ela não iria aceitar menos que a perfeição mesmo.

Eu estava distraída enquanto tirava as fotos que nem percebi que meu celular estava tocando. Mas óbvio que a Blossom não deixou isso escapar.

-Será que dá para desligar essa droga de celular durante o meu treino, serpente anã? -Disse se virando para mim e todas as Vixens pararam e algumas até pegaram suas garrafas de água. -Está tirando toda a concentração.

Eu corri até minha mochila e vi que haviam 3 ligações de um número desconhecido. Deixei a câmera no banco, estranhando todas aquelas ligações e logo o celular começou a chamar novamente. Atendi antes do segundo toque, já que poderia ser importante.

-Alô? Antoinette Topaz? -Uma voz feminina soou do outro lado da linha.

-Sim, sou eu! Algum problema? -Eu já havia escutado aquela voz.

-Desliga logo essa merda e volta a fazer seu trabalho Topaz. -Não me importei para Cheryl que gritava ao fundo comigo.

-Poderia vir ao hospital? -Sabia que eu conhecia aquela voz. Era de uma das enfermeiras que cuidavam da minha mãe. -É sobre sua mãe. Ela teve uma piora no quadro clínico dela.

Eu nesse momento já havia pegado minha mochila e saia da quadra correndo. Não me importei com nada nem ninguém. Minha mãe estava no hospital novamente, e isso não era nada bom. Fui direto ao estacionamento e assim que cheguei na moto subi na mesma dando partida. Eu já havia desligado a chamada e colocava o capacete correndo. 

Sai dali cantando pneus no asfalto, eu apenas tinha que chegar naquele hospital o mais rápido possível. 

As piores cenas passavam pela minha mente toda vez que eu era obrigada a parar em algum cruzamento, sabia que tinha de chegar ao hospital e não poderia fazer isso em uma ambulância, então me obriguei a diminuir um pouco a velocidade depois de ter ouvido a quarta buzina no trânsito. 

Assim que cheguei ao estacionamento do hospital, mal estacionei a moto e tirei a chave da ignição. Passei pelas portas as pressas retirando o capacete e olhando a minha volta. Logo cheguei a recepção e uma das atendentes veio ao meu encontro.

-Minha mãe, me ligaram dizendo que ela estava passando mal e trouxeram ela para cá. -Disse de forma afobada enquanto passava a mão livre pelo cabelo. -Cadê ela?

-Se acalma senhorita, irei procurar, um momento. -Ela disse e sentou em frente ao computador digitando algo rapidamente, possivelmente o nome da minha mãe já que vinhamos sempre aqui quando ela tinha algum problema. -Ela entrou em cirurgia, foi uma emergência. Terá de esperar na sala de espera enquanto o médico não aparece.

-Obrigada. -Fui em direção à sala e me sentei em uma daquelas cadeiras duras e desconfortáveis que tinha ali. 

Deixei meu capacete debaixo da cadeira e coloquei as duas mãos na cabeça. O que eu faria? As coisas já estavam difíceis o suficiente sem uma emergência médica, e isso agora me deixaria com toda certeza bem mais em apuros. Não só em questão financeira, mas em questão do rumo da minha vida .

Se ela havia entrado em cirurgia significava que aquilo ali iria demorar pelo menos algumas horas, e não me restava nada além de esperar e torcer pelo melhor.  

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Bom dia, tarde, noite.
Mais um capítulo.
Se houver algum erro tentarei  corrigir depois.
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