Um mês

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O tempo passou bem rápido.

Topaz e eu ficamos mais próximas durante as semanas.

Começamos a fazer duplas nas aulas de química e física. Fizemos trabalhos juntas, sempre no trailer dela até porque minha mãe estava em casa e odiava que eu levava alguém em casa.

Eu havia começado a conhecer mais os serpentes e percebi que eles não eram ruins, quase sempre pra falar a verdade.

Tá que eles faziam coisas erradas, as vezes, porém era a vida deles, e muitos precisavam disso para sobreviver.

Toni e eu iríamos sair hoje. Não importava se era terça-feira. Iríamos nos encontrar depois do treino das Vixens.

Nós nos aproximamos muito neste mês que se passou. Tanto que chegamos ao ponto de dormir uma na casa da outra. Na verdade eu dormi na casa dela, até porque minha mãe não teria deixado ela dormir lá em casa. Ela nunca deixa nada de qualquer forma.

Ouço o último sinal e me levanto da cadeira já fechando a mochila e indo em direção ao ginásio. Hoje iriamos terminar a coreografia para podermos apresentá-la em dois dias para o jogo que haveria.

E não foi surpresa nenhuma em ver que as meninas iriam se atrasar.

Já havia me trocado no vestiário e estava na quadra me alongando quando uma silhueta me chamou a atenção na arquibancada.

Forcei um pouco para poder ver quem era, mas não consegui. A única solução era me aproximar e foi o que fiz, mesmo com certo medo de que aquela pessoa pudesse me atacar.

Enquanto me aproximava vi a sombra se deitar e comecei a subir a arquibancada. Era uma garota. Mas mesmo assim fiquei na defensiva. Isso até eu ouvir soluços.

Que droga era ser curiosa.

Assim que me aproximo mais vejo quem era e corro pra poder ficar mais próxima. 

Toni estava ali e chorava muito. Me sentei perto de sua cabeça e puxei a mesma para meu colo. Ela não rejeitou. Pelo contrário. Chorou mais ainda. Se é que isso era possível.

Eu só fiquei ali mexendo em seus cabelos cor de rosa até que pudesse passar. Minutos depois vejo algumas meninas entrando e indo para o vestiário e parece que Toni ouviu que havia mais pessoas por perto e se sentou secando suas lágrimas prendendo o cabelo em um coque frouxo e se encolhendo e puxando seus joelhos em direção ao seu peito e deitando a cabeça ali. 

-Pode ficar aqui, se não se importar com a música e comigo e as meninas ensaiando. -Eu disse e ela apenas concordou sem dizer nada. Não forçaria ela a dizer nada e nem sair dali. Não me importava mais com sua presença. 

Desci as escadas e me posicionei no meio da quadra. As meninas não demoraram muito e eu logo dou uma bronca pelo atraso. Não iria perder minha pose de líder. 

Algumas olhavam para arquibancada durante o treino e eu chamava suas atenções assim que percebia e exigia foco nos passos de dança. 

-Parem de olhar para os lugares e prestem atenção no que fazem. O jogo é daqui a dois dias e muitas de vocês nem sabem os passos direito ainda. Eu devo estar treinando homens, só pode. -Digo e coloco a mão na cabeça suspirando. -Vocês tem de rebolar. Sabem o que é isso? -Vejo algumas concordando e outras abaixando a cabeça. -Então façam isso. Rebolem, dancem, sintam a música. E façam direito. Se me envergonharem cabeças rolaram e reputações iram parar no lixo. 

-Só estamos nervosas. Será o primeiro jogo em meses. -Midge diz enquanto toma água.

-Não me importa. Vocês já fizeram isso antes. Não me venham com desculpas. -Vou até minha mochila do treino e pego minha garrafa de água e tomo um gole. -Vocês tem de fazer direito. E não pensem que eu não serei capaz de acabar com alguma de vocês se me envergonharem. -Digo apontando para cada uma. -Por hoje o treino é só. Vão para suas casas e TREINEM. 

Vejo elas correrem para suas mochilas e algumas para o vestiário. 

Junto algumas coisas minha e depois de guardar o som que havia usado volto para o ginásio e vejo que Topaz ainda estava lá. Mas dessa vez alguns degraus mais abaixo. 

Caminho até o inicio da arquibancada e vejo ela descendo e vindo em minha direção. 

-Está tudo bem? -Pergunto e vejo ela suspirar e deixar a mochila no chão e se sentar no mesmo.

-É só que hoje faz dois meses que ela morreu. -Mais um suspiro sai de seus lábios e eu me sento na arquibancada, próxima a ela. -Eu sinto falta dela, todo santo dia. E as vezes me pego imaginando como seria se eu chegasse em casa agora e ela estivesse lá. 

-Não sei nem o que dizer, Toni. -Eu olho para a mesma e vejo ela dar um pequeno sorriso.

-Só de estar do meu lado já ajuda. Até mesmo porque não tem nada que possa fazer. -Ela me olha e depois olha para frente e vejo uma lágrima descer por sua bochecha. 

Me controlo em querer abraça-lá ali mesmo. Ainda poderia ter algum na escola e estar indo para o ginásio. 

-Podemos sair daqui? Estou com fome e não gosto de ficar na escola nessas horas. -Digo e vejo ela me olhar com um olhar de interrogação. -Não ficou sabendo? Dizem que quando vai se aproximando dessa hora as luzes começam a piscar. Falam que é fantasmas de ex alunos que foram mortos por professores e suas notas ruins. 

Eu sabia que não era verdade, era apenas uma mentira que pessoas contavam para ninguém vandalizar a escola quando estava fechada. E sabia que poderia fazer ela rir, o que pareceu dar certo.

-Isso é mentira. Ninguém morre por causa de uma nota. 

-Sei não, eu conheço pessoas que morreriam por causa de uma nota ruim sim. E principalmente pessoas que matariam por causa disso. -Dei enfase na palavra matariam e me levantei pegando minha mochila. Ela deu uma risada fofa e se levantou. 

-Bom, se você que estuda aqui mais tempo que eu está dizendo quem sou eu para discordar. -Ela ajeita a calça e passa a mão por seus cabelos e pega a mochila. -Vamos sair daqui antes que um ex aluno morto nos ataque. Sou nova demais para sofrer um ataque nerd. 

-Somos novas demais, e lindas demais para isso. -Começo a caminhar em direção a porta de saída e vejo ela me olhar com um sorriso de lado em seus lábios. 

-Cheryl Blossom dizendo que sou linda, isso sim pode ser considerado um momento épico. -Empurro seu ombro de leve e abro a porta saindo dali. -Pode me dar uma carona? Sweet Pea já deve ter ido, e eu estou sem minha moto. -Olho para ela com uma sobrancelha erguida. -História para outra hora. E além do mais, eu estou com fome. Então me leve para comer escrava.

-Ela é abusada. -Digo e entro no carro jogando minha mochila no banco de trás. Desço o vidro do carona e olho para ela. -Vai entrar ou vai a pé?

-Você tinha de abrir a porta pra mim. -Ela diz enquanto entra e joga a mochila pra trás. -Isso se chama edução. 

-Isso se chama ser escrava. E eu não sou sua escrava Topaz. -Digo e ligo o carro indo em direção ao Pop's. 

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Voltei.

Então, estou atualizando porque amo vocês.

Juro que vou tentar atualizar com mais frequência novamente.

Comentem e votem meus bb's.

Beijos e amo vocês.

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