-Você nunca me contou sobre como era sua vida com sua mãe. -Digo depois de finalmente ter terminado de arrumar a cozinha.
-Eu não gosto de lembrar todas as vezes que via ela chegando bêbada. -Toni comenta depois de guardar o último prato que havia secado.
-É muito doloroso? -Pergunto e me encosto no balcão e ela me abraça e deita a cabeça em meu ombro.
-É só que, quando você ainda é criança e vê sua mãe todos os dias bêbadas e até mesmo drogada, mal ajudando em casa e seu avô que faz boa parte das coisas, acaba aprendendo a ver as coisas positivas e esquecer as ruins.
Abraço a pequena garota e ela suspira.
-Não posso imaginar por tudo o que passou. -Ela dá uma risada abafada pela minha blusa e me puxa para o sofá.
-Nem tente. -Ela se senta e eu faço o mesmo ao seu lado. -Minha mãe chegava alterada, meu avô não estava em casa pois ou estava trabalhando ou fazendo tratamento. Na época ele estava doente, e alguns poucos anos depois veio a falecer. -Ela se vira para poder me olhar enquanto fala. -Minha mãe não sabia o que estava fazendo, e por diversas vezes, depois que acordava melhor e de ressaca, ela via que a casa estava uma zona, que eu estava sentada no chão da sala, em um canto mais afastada, com marcas enormes pelas pernas, braços e até mesmo no rosto.
-Ela te batia? -Ela confirma com a cabeça.
-Mas depois que meu vô ficou de cama, ela deu um jeito na vida. Por um tempo, mas ainda, pelo menos duas ou três vezes ao mês ela chegava alterada. -Ela passa as mãos pelo rosto. -Mas ela trabalhava. Ajudava a comprar os remédios do meu avô e a sustentar a casa.
Ela estava com lágrimas nos olhos e eu a abracei apertado. Como que a vida poderia ter feito isso com ela?
-Enquanto uns tem muito, outros vivem com pouco. -Falo e ela balança a cabeça.
-E coloca pouco nisso. -Ela volta a me encarar. -Depois de dois anos, meu avô morreu, e então minha mãe ficava mais tempo fora de casa. Eu nessa época comecei a trabalhar no bar, fazia de tudo um pouco. Para poder ajudar em casa ou para poder comprar algo para mim no fim do mês. -Ela encosta no sofá e deita a cabeça em meu ombro. -E então veio os problemas de saúde. E daí em diante você já sabe.
-Você ainda tem dívidas do hospital? -Ela confirma e eu penso em como ajudar.
-Não pense em pagar. Essa dívida é minha. Eu tenho de fazer isso. -Ela me olha. -Por favor. Isso tem de ser eu.
-Está bem, se quer assim.
-Vamos deitar. Eu preciso tomar meu remédio que está lá em cima. -Seguro sua mão e subimos as escadas e ela desligava as luzes enquanto passávamos pelos cômodos.
-Eu vou escovar os dentes e já volto. -Digo e vou para o banheiro e ela em direção a cômoda para pegar o remédio.
Estava pensando em poder dar um passo maior com Toni.
Eu amava ela e pelo que vejo ela também me amava.
Porém um passo desses é algo que me deixa nervosa.
Eu já havia feito, mas com ela seria diferente. Tudo com a garota de cabelos rosa era diferente.
Ela mexia comigo de uma maneira que ninguém explicaria, nem mesmo eu.
-No que tanto pensa? -Ela me abraça por trás e apóia a cabeça em meu ombro esquerdo.
-Em nada. -Digo a olhando pelo espelho. Ela ergue uma sobrancelha e me olha com mais intensidade.
-Finjo que acredito e você me conta. -Ela fala me virando para poder me encarar de frente.
-É só que, eu tô pensando em uma coisa que fico sem graça de falar. -Digo rapidamente e ela dá uma risada fraca, mas me incentiva a dizer. -É sobrenósduasenossaprimeiravez.
Ela não entende e eu preferia assim. Sai do banheiro e vou até o closet para colocar meu pijama e me deitar.
Ao voltar para o quarto ouço a torneira da pia aberta e me deito esperando que ela apareça pela porta.
-Está mais calma para poder dizer sobre o que tanto pensa? -Ela me olha depois de sair do banheiro. Estava vestindo uma calça de moletom cinza e uma regata preta. Ela estava linda, seus cabelos em um coque frouxo a deixavam magnífica.
-Não. -Nego com a cabeça rapidamente e me deito. Cubro e espero que ela se deite. Sinto o colchão afundar atrás de mim e seu braço passar em minha cintura. -Você não vai desistir de querer saber, certo?
-Somos namoradas Cheryl. Sabe que pode me contar de tudo. -Ela me olha e dá um sorriso fofo.
-É que eu tenho medo do que vai achar. -Me sento na cama e ela continua me olhando como se esperasse que eu continuasse. -Não é como se eu tivesse feito, já aconteceu. Mas só que agora é diferente, e eu estou nervosa, porque é um passo maior no relacionamento...
-Você está divagando, amor. -Ela coloca as mãos em meu rosto e me encara de forma fofa. -Eu estou aqui para qualquer coisa. Não vou sair do seu lado.
-É que eu estou nervosa. -Respiro fundo e fecho os olhos. -Eu queria saber sobre a nossa primeira vez.
-Ah... -Ela não respondeu, mas também não saiu correndo. Eu não tinha aberto meus olhos ainda, estava com medo de olhar sua expressão facial e me arrepender do que havia dito.
-Eu não deveria ter falado nad... -Ela me beija, mas sem segundas intenções. Era um simples e leve beijo que me fez ir às nuvens.
-Eu estou aberta a qualquer coisa Cherry. -Ela fala assim que separa nossos lábios e cola nossas testas. -Quero isso tanto quanto você. Mas sabemos, lá no fundo, que não está na hora ainda. E apesar de dizer que quero algo especial, porque você merece, eu sei que apenas ser com você e te ter comigo será a coisa mais incrível. Então relaxa e quando acontecer, e ambas estiverem prontas, vai acontecer.
Ela fala e se afasta para poder me olhar. Abro meu olhos e seu sorriso é grande. Eu não estava triste, não estava feliz, não estava bem ou mal.
Mas eu estava com ela, e isso bastava. O fato de que ela queria que nossa primeira vez fosse algo especial, me deixou contente. Mas o fato de não saber quando aconteceria, me deixou ainda mais pensativa.
-Você pensa demais nas coisas. -Ela dá uma risada fraca. -Estou ouvindo daqui seu cérebro trabalhando para processar tudo é criar teorias. Então não faça isso. -Ela me dá um selinho. -Eu quero transar com você, quero ter uma noite de amor, acasalar, colocar as aranhas para brigar ou colar velcro, como quiser chamar, com você. Eu quero, mas só temos de esperar o momento certo, amor.
Começo a rir de todos os termos que ela disse. Não conseguia mas ficar calada, e ela sabia que me faria rir com isso. Então apenas a beijei e nos deitamos, abraçadas, e seguras de que no dia seguinte, ainda teríamos uma a outra.
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Eu estou morrendo de calor. E sono como sempre.
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Sem te perder.
FanfictionUma garota ruiva e rica. Tinha toda a escola sobre sua mão pálida e macia. Outra pobre e de cabelos cor de rosa. Que apenas queria cuidar de sua mãe e ser esquecida pelos demais alunos ricos do lado norte. O destino gosta de brincar com corações e...