Hospital

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Eu havia ficado ali durante toda a tarde a espera de respostas. Mas pelo que parece a cirurgia era bem mais complicada do que estava esperando.

Alguns serpentes haviam vindo ver como eu estava depois de terem ficado sabendo de que minha mãe estava aqui. Apenas Fangs e Sweet estavam ali. Ambos conversavam sobre algo que eu não fazia a mínima ideia e questão de saber. Eu estava preocupada com minha mãe, apenas isso estava ocupando minha mente naquele momento.

Mais uma havia se passado até que o médico que cuidava de minha mãe viesse falar comigo. Os meninos se levantaram junto a mim assim que o doutor chegou mais perto. 

-Olá, Toni. Como está? -Ele me parecia bem cansado, e ainda estava com as roupas cirúrgicas.

-Como ela está? Eu não importo neste momento. Como minha mãe está doutor?

-O quadro clínico dela está estável no momento. Ela infelizmente teve uma parada cardíaca. E quando o coração voltou a bater a artéria se rompeu. Ele anda muito sobrecarregado por causa dos medicamentos e tratamentos. Mas sem eles ela não vive por muito mais tempo.

-Não teria como trocar, ou sei lá o que? -Perguntei enquanto passava minhas mãos nos cabelos. 

-Não posso fazer isso. Esses são os únicos medicamentos que podem ajudar ela. Por que não vai para casa descansar um pouco?

-Eu quero ver ela. Não posso ir sem ver ela.

-Ela está na UTI. Não pode receber visitas até amanhã cedo. Sua mãe precisa descansar, igual a você.

-Sabe que horas eu posso vir ver ela?

-Ela deve ser transferida para o quarto por volta de dez horas da manhã se sua noite for boa e o quadro continuar estável. Se não ela continuará lá. -Ele diz e coloca a mão em meu ombro. -Deveria ir mesmo para casa e descansar. Qualquer coisa eu peça para te ligarem. Aqui ela está em boas mãos.

Assim que acabou de dizer se virou acenando e logo sumiu pela mesma porta em que entrou na sala de espera.

-Vamos para casa agora, Toni? -Fangs disse enquanto me olhava.

-Se eu não posso ver ela não tem mais nada a fazer aqui. Podemos ir sim. -Peguei minhas coisas e comecei a ir em direção a saída do hospital. -Vocês avisaram que eu não iria trabalhar hoje?

-Claro, e o dono do bar disse que por ele está tudo bem.

-Claro que está, assim ela não precisa me pagar o dia. Ele é tão muquirana. 

-Pelo menos você vai descansar um pouco agora. E amanhã sua mãe estará bem melhor e você visitará ela.

-Valeu por terem ficado aqui comigo até agora. Sei que não gostam de hospital. -Digo e olho para os dois que estavam atrás de mim. -Vocês são grandes amigos mesmo.

-Pra isso que servimos, ficar do seu lado quando as coisas não estão boas. E quando estão nós saímos e bebemos. 

Ri e subi na moto, coloquei o capacete e dei partida. Os dois fizeram o mesmo e logo fomos em direção a nossos trailers. 

Ao chegarmos lá percebi que a porta da frente estava entre aberta, possivelmente devido a vinda dos paramédicos para ajudar minha mãe ou por causa de um vizinho que deve ter ajudado. Eu não estava nem um pouco preocupada com roubos nem nada do tipo já que não havia nada a ser roubado e mesmo que houvesse, ninguém teria essa audácia. Pelo menos disso eu tenho certeza no lado sul.

Entrei em casa e percebi a bagunça que estava ali. Cozinha estava toda suja e alguns móveis da sala fora do lugar. Deve ter sido ali que minha mãe passou mal. 

Tirei minha jaqueta e penduro ela no cabideiro perto da porta e deixo o capacete e as chaves da moto na mesinha que havia ali perto também. Vou até meu quarto e pego algo para amarrar meu cabelo e assim que estava preso vou em direção a cozinha e já começo arrumando toda a bagunça. 

Assim que lavo todas as louças que estavam na pia e as guardo vou em direção da sala e organizo os móveis fora do lugar e desligo a TV que ainda estava ligada. Jogo fora todo o lixo que estava espalhado por ali e vou até a cozinha retirar o lixo também. Amarro o saco e saio do trailer indo em direção a lixeira que tinha ali por perto e depois indo para casa novamente. 

Entro e tranco a porta. Estava cansada, mas só havia percebido isso agora. Vou em direção ao banheiro e tomo um banho quente, até porque pelo menos água quente tínhamos. Lavo o cabelo e assim que termino meu relaxante banho, mas não demorado, vou em direção ao quarto enrolada na toalha e me visto com roupas folgadas e confortáveis. Penteio o cabelo e me deito na cama e durmo sem nem perceber. 

Só acordei por causa do despertador do celular. Eu ainda estava cansada e com certeza não iria pra escola hoje. Precisava ir ver minha mãe. 

Me levantei e fui ao banheiro fazer minha higiene, e depois de um banho rápido e já estando vestida adequadamente fui para o hospital. Nem fome eu estava sentindo, apenas nervosa pelo estado da minha mãe. A preocupação era bem grande.

Cheguei lá e dei um bom dia para a recepcionista que logo chamou o médico que não tardou em aparecer.

-Bom dia senhorita. Caiu da cama? Ainda está cedo. -Disse com um sorriso.

-Só estou ansiosa para ver minha mãe. -Disse enquanto olhava o senhor a minha frente. Ele não tinha o corpo muito estilo esportista, dava até para se notar uma barriga ali por baixo das camisas sociais e do jaleco. Apesar da idade estar por volta de quarenta, ele já possuía a cabeça bem grisalha e começava a ficar calvo no topo e eu via isso quando ele estava de costas. Minha mãe costuma dizer que se ele se vestir de papai noel durante o natal vai agradar muitas crianças, e eu sempre rio disso.

-Ela ainda não foi transferida para o quarto, querida. Mas passou a noite bem e nada de pior aconteceu. Em uma hora mais ou menos eu venho te chamar. Ok? -Disse ainda sorrindo. 

- Está bem. Vou então tomar um café e já volto. -Digo e vou em direção a cafeteria que ficava do outro lado da rua, o café do hospital era muito doce e eu não gostava da comida de lá também.

Atravessei a rua e assim que entrei no estabelecimento um cheiro agradável de bolinhos e biscoitos com gotas de chocolate me atingiu e percebi que a fome começava a ficar presente.

Fui até o balcão e pedi a atendente um chocolate quente e um bolinho de chocolate também. Assim que paguei me sentei em uma mesa ali dentro mesmo e aguardei que me trouxessem o meu pedido. Fiquei analisando as pessoas por ali, todos ocupados demais em seus celulares e nem se importavam em conversar com algumas pessoas que lhe acompanhavam.

O dia estava calmo, isso me assustava, ainda mais que era acostumada com a agitação do lado sul. Eu achava estranho as coisas sempre serem calmas, acho que devido a minha criação. A atendente trouxe meu pedido e eu agradeci. Comi devagar, saboreando o gosto de chocolate que descia em minha garganta.

Aquele local até que trouxe paz e eu estava calma, mesmo com o perigo iminente que estava do outro lado da rua, passando por aquelas portas grandes, de molduras brancas e de vidro do hospital. 

Eu não poderia admitir, muito menos demonstrar, mas estava com medo. Muito medo de verdade.

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