Capítulo 6

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  A melhor parte do meu sábado foi acordar com Júnior e seus amigos batendo na minha porta, perguntando como que tirava aquela maquiagem. Eles estavam lindos, arrasando de verdade. Ajudei os pobres coitados, mas antes tirei uma foto pra guardar esse momento. Acho que Júnior nunca mais vai dormir com a porta aberta enquanto eu estiver aqui.

  Júnior: - Sabe, eu demorei pra perceber que tinha sido você, já que eu só te  chamo de  Júlia.
  Ana: - Me chama  de Ana, meus amigos me chamam assim, só minha mãe me chama de  Júlia.
  Júnior: Ok, Ana.

  Hoje é meu último dia aqui, já que vou voltar pra casa amanhã pela manhã. Eu poderia voltar só depois, já que estou de férias, mas amanhã vai ter um brechó beneficente na minha cidade e além de dar algumas das minhas roupas, eu  e Carla vamos doar algumas peças de roupa da nossa loja.
  Pra finalizar meu final de semana aqui na casa da minha mãe, nada melhor do que um belo churrasco. Como belas crianças que  somos, Eu, Júnior e seus amigos ficamos na piscina brincando, enquanto os adultos ficavam conversando enquanto assavam a carne.
  Depois do delicioso almoço, nos juntamos todos para jogar jogos de tabuleiro e cartas. Eu sou muito competitiva, então talvez eu tenha guardado um pouco de ódio de um dos amigos de  Júnior por ele ter ganhado várias vezes no baralho.
  Já estava anoitecendo, minha  mãe não estava se sentindo muito bem, então ela foi dormir mais cedo e Luís foi cuidar dela. Junior foi para o seu quarto, seus amigos foram embora e eu fiquei na sala assistindo TV.
  Como estava cansada por ter passado o dia brincando, acabei dormindo no sofá.  Acordei de madrugada atordoada porque eu quase ia caindo do sofá, mas essa parte a gente ignora.
  Estava subindo as escadas, quando cheguei no meu andar escutei gritos, mais altos do que os outros, pareciam vim do terceiro andar. Mesmo com medo de ser assombração, subi as escadas e fui para o terceiro andar da casa, onde fica o escritório de Luís.
  Chegando lá vi que o escritório estava vazio. Ele era lindo, bem rústico. Ouvi os gritos mais altos, percebi que tinha uma porta perto de uma estante de livros. Fui de  mansinho e abri a porta aos poucos. Fiquei paralisada quando vi o que estava acontecendo naquela sala. Era um homem nu deitado em uma cama, enquanto outros três caras o cortavam em diversas partes do corpo.

  Ana: - Não é assombração. Minha mãe, ela precisa saber disso.

  Fechei a porta e me virei pra ir embora, mas dei de cara com Luís, que  me olhava com ódio nos olhos.

  Luís: - Onde você pensa que vai? Se você acha que vai contar tudo que viu pra sua mãe, está muito enganada. Eu vou acabar com você.
  Ana: - Por favor não faz nada comigo. Eu não vou falar nada pra ninguém, Eu prometo. Não faz nada comigo.

  Ele veio em minha direção e me agarrou, ele ia me levar pra dentro da sala, mas eu o mordi com toda força que eu tinha e ele me soltou. Saí correndo sem saber pra onde ir. Quando olhei pra trás Luís e os três homens que estavam na sala estavam vindo atrás de mim. Corri em direção ao Jardim, lembrando que  quando andei por ele vi uma saída perto do quarto dos funcionários. Um plano bem arriscado, já que os seguranças dormem ali, mas é minha única saída.
  Corri como nunca corri antes. Já estava sem fôlego. Cheguei na vila de quartos dos funcionários, estava quase chegando na porta quando alguém me  agarra e coloca a mão na  minha boca. Eu tento me soltar dali, mas não consigo. Quem quer que esteja me segurando é muito forte. Comecei a chorar e quando dei por mim estava dentro de um dos quartos  de funcionários.

  Ana: - Por favor não faz nada comigo, eu prometo não contar nada a ninguém. Por favor, eu não quero morrer.

  Já estava com os olhos inchados de  tanto chorar. O cara que me agarrou apenas ignorou o que eu disse e ficou olhando por uma brecha na janela.

  XXX: - Você precisa entrar alí, se  não eles vão te ver. Vai entra. Vai logo.
  Ana: - Por favor não faz nada comigo.
  XXX: - Eu não vou fazer nada com você.  Entra logo alí.

  Entrei no lugar que ele me pediu. É um banheiro. Fiquei apenas escutando tudo que se passava no quarto enquanto eu estava lá.

  XXX: - Em que posso ajudar chefe?
  Luís: - A filha da Helena, ela entrou no meu escritório e viu o que não devia. Preciso encontrar ela. Não podemos deixa-la escapar. Preciso que você junte grupos de homens e vá atrás dela.
  XXX: - Sim chefe. Só vou me trocar e vou caçar essa garota.

  Não entendi ao certo o que aquele cara tava fazendo. Ele fechou a porta e veio até mim. Segurou meu rosto entre suas mãos e disse:

  XXX: - Preciso que você fique aqui. Não saia por nada. Se alguém entrar no quarto, se esconda. Depois vou tentar trazer comida e água pra você. Você tá bem?
 
  Apenas afirmei com a cabeça.

  XXX: - Eu não vou fazer nada com você.  Vai ficar tudo bem. Eu tenho que ir agora. Tchau.

  Fiquei sem reação.  Não estava conseguindo entender a situação em que  me meti. Não sabia se devia confiar ou não nesse cara. Eu nem sei o seu nome. O que  eu faço? Eu não sei o que pode acontecer comigo se eu ficar aqui, se eu sair eles vão me achar com certeza.
  Fiquei a noite inteira trancada naquele quarto.  Chorei até dormir.

No Meio Do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora