Capítulo 19

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   Após o desastre da festa de ontem, arrumei toda nossa bagunça e fui dormir.
   Mais um pesadelo pra conta. Dessa vez foi pior. A "discussão" com Gustavo me abalou. Além de todo medo de Luís, agora eu sentia culpa por machucar Gustavo. O meu ataque de pânico que geralmente durava apenas uns 5 minutos, dessa vez durou mais. 
   Minha garganta havia fechado, eu não conseguia respirar. Meu corpo tremia e eu chorava compulsivamente. Após vários minutos assim, minha vista escureceu e eu apaguei. 
   Acordei puxando violentamente o ar para meus pulmões, ainda estava recobrando a consciência. Meu corpo ainda tremia um pouco e lágrimas isoladas desciam dos meus olhos. O que seria de mim? Luís está há quilômetros de mim e mesmo assim ainda consegue me atingir. Quanto tempo mais isso vai durar? Será que um dia vou conseguir voltar a dormir em paz?

    Em passos curtos e lentos caminho até o banheiro, estava me sentindo fraca. Lavo meu rosto e me olho no espelho. Olheiras escuras apagavam o brilho que um dia houve em meu olhar. Minha aparência não era mais a mesma de ontem. Impressionante como um sonho me transforma de uma mulher forte para uma garotinha com medo em apenas algumas horas.
   Faço minha higiene, porém não me dou o trabalho de trocar de roupa. Ainda de pijama, desço as escadas lentamente. Gustavo estava sentado a mesa tomando seu café da manhã. Me sento na sua frente.

  Gusta: - Bom dia, Ana.

   Ele diz apenas, sem a alegria na voz que costumava ter. Parece que nenhum de nós dois estamos bem hoje.

  Ana: - Bom dia.

   Tomo apenas um pouco de café e me levanto indo em direção à varanda.

  Gusta: - Você não vai comer nada?
  Ana: - Não. Pode deixar as louças na pia, daqui a pouco eu lavo.

   Ainda com passos lentos, vou até a varanda e me sento em uma das cadeiras de balanço. Não sinto nada além de medo. Pensamentos negativos envolvendo minha mãe e Luís invadem minha mente e lágrimas caem involuntariamente. 

   Já passei muito tempo nessa varanda, tenho coisas pra fazer. Melhor voltar pra dentro e ir cumprir com meus afazeres. Acredito eu que, depois de ontem, Gustavo não vai mais passar a mão na minha cabeça. 
   Me levanto da cadeira, porém não tive forças para me manter de pé. Minha visão começa a embaçar e meu corpo vai ao chão. Olho para a porta uma ultima vez e percebo Gustavo vindo até mim, mas apago e perco os sentidos. 


No Meio Do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora