Capítulo 7

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  Acordei e ainda estou sozinha no quarto, tem um prato, perto de onde eu estava dormindo, com ovos mexidos, uma torrada e café. Comi mesmo estando desconfiada. Será que vou morrer envenenada?
  Fiquei trancada dentro daquele quarto pensando em como sair dali. Olhava pela brecha da janela tentando ter alguma ideia. Mas era impossível sair dali com tantos seguranças lá fora.

  XXX: - Oi, você tá com fome?
  Ana: - Eu já comi o que tava naquele prato.
  XXX: - Ah. Eu vou tentar trazer seu almoço mais tarde. Não prometo conseguir. Tem muitos seguranças aí fora.
  Ana: - Por que você tá me  ajudando? Não era pra você me entregar pro Luís?
  XXX: - Eu não tenho tempo pra te explicar agora. Tenho que voltar a procurar uma certa garota fugitiva. Vou tentar trazer seu almoço.

  Talvez eu deva confiar nele. Eu já comi há  algum tempo e até agora não morri. Talvez a comida não estivesse envenenada.
  Passei o resto do dia presa alí.  O tal cara não trouxe mais nada pra mim comer. Acho que eles querem me matar de fome e sede. Já estava anoitecendo quando o tal cara chegou com um prato e uma garrafa na mão.

  XXX: - Você deve tá morrendo de fome. Desculpa, mas é pq tinha muita gente aqui fora. Mas eu trouxe comida e água pra você. 

  Enquanto eu comia ele ia falando.

  XXX: - Eles já desistiram de te procurar aqui dentro da casa. Então vai ter menos seguranças por aqui. Talvez assim fique mais fácil te tirar daqui. Ainda bem que amanhã é meu último dia. Espero que com a sua fuga ele não queira adiar minhas férias.

  Ele se levantou e foi em direção ao banheiro. Estou cheia de dúvidas, mas tenho medo de perguntar e saber a verdade. Como foi que eu me meti nessa? Ele saiu do banheiro com outra roupa. Eu já não me aguentava mais, então eu perguntei.

  Ana: - Sabe, eu não tô entendendo nada do que tá acontecendo aqui. Eu só vi o que não devia, mas eu prometi não contar pra ninguém. Daí você meio que me sequestrou e eu tô aqui sem saber o porquê.
  XXX: - Eu vou te explicar tudo.
  Ana: - Poderia começar me falando seu nome.
  XXX: - Então, senhorita Ana Júlia Montenegro. Me chamo Gustavo e sou um infiltrado da CIA. 
  Ana: - Eu acho que o veneno da comida já tá fazendo efeito. Alucinação fazia parte dos efeitos? Acho que escutei você falar que é da CIA.
  Gusta: - Não tinha veneno na sua comida.  Eu realmente sou da CIA. Sua mãe também é.
  Ana: - Que? Não você  deve tá se confundindo. Eu sou filha da Helena, ela é só uma ex dona de casa que se casou com Luís. 
  Gusta: - Eu já imaginava que você não fosse acreditar. Eu vou te contar a história completa.
  Ana: - Que  história? Só não me diz que eu sou um robô ou que eu fui feita em laboratório.
  Gusta: - Você é bem doidinha né?
  Ana: - Você fala que é infiltrado da CIA e eu que  sou a doida?
  Gusta: - Seu pai, Calebe, era filho de um dos principais agentes da CIA e herdou dele um bom dinheiro. Quando Calebe morreu, ele deixou o dinheiro pra sua mãe.  Ela não entendendo de onde Calebe tinha tirado tanto dinheiro, foi investigar. Quando ela descobriu o real motivo, a CIA achou que seria uma boa contrata-la, já que  ela se mostrou eficiente em investigações.  Sua mãe foi contratada como agente secreto. Eu sei que parece coisa de filme, mas é verdade. Em todas as suas Missões ela foi bem sucedida.
  Ana: - E como eu não percebi? Como ela era agente secreto se ela não fazia viagens e nem saia muito?
  Gusta: - Uma das características que  ajudaram sua mãe foi a sua facilidade em conquistar homens. Todos os caras que ela investigava eram namorados. Por isso você não percebeu.
  Ana: - Se ela só namorava com os suspeitos e quando descobria seus crimes ela largava, por que ela casou com Luís?
  Gusta: - Há 6 anos nós estamos investigando Luís. Ele é um torturador. Quando alguém não paga o que deve, seu fim é nas mãos de Luís. Nós precisamos de provas pra prender Luís, mas ele é muito discreto. Seu escritório de tortura sempre foi nessa casa. Sua mãe tinha que fingir que não sabia de nada e fazer com que Luís confiasse totalmente  nela. Com o tempo, Luís foi mostrando cada vez  mais confiança e Helena se aproveitou para pedir que se mudassem para uma região praiana, ela disse que  esse era seu sonho. Morrendo de amores por Helena, Luís a trouxe pra cá. 
  Ana: - Espera. Deixa eu entender. Essa casa sempre foi o lugar onde ele tortura as pessoas, como minha  mãe pediu, ele trouxe ela pra morar aqui?  E como ele ia fazer pra disfarçar? Eu escutei gritos várias vezes.
  Gusta: - Ele foi bem burro. Na verdade ele iria fazer uma reforma antes de se mudarem pra cá.  Ele iria revestir as paredes pra que ninguém escutasse  os gritos, mas sua mãe o apressou e eles se  mudaram antes da reforma.
  Ana: - Tá. E você, onde entra nessa história?
  Gusta: - Bom, eu comecei a trabalhar pra Luís na época que sua mãe entrou na história.  Pra ele meu nome é Erick. Sou um infiltrado, aqui eu sou apenas segurança, não faço parte das torturas. Na verdade eu sou o chefe dos seguranças. Mas não tenho acesso ao escritório dele. Por isso tivemos que chamar sua mãe. 
  Ana: - Já que você não ia conseguir, por que continuou sendo um infiltrado?
  Gusta: - A princípio eu estava aqui para desmascarar Luís, mas agora eu estou aqui para proteger sua mãe, e agora proteger você. Eu vou ficar de férias depois de amanhã, essa é a oportunidade perfeita pra te tirar daqui. Sua mãe tem uma casa de campo, bem longe daqui, eu vou te levar pra lá, e lá você vai ficar até Luís ser preso.
  Ana: - Uma casa de campo? Desde quando minha mãe tem uma casa de campo?
  Gusta: - Eu não te disse da Herança de Calebe?
  Ana: - Disse, mas... espera. Quanto minha mãe ganhou dessa herança?
  Gusta: - Em torno de uns 50, 60 milhões. Ela guardou esse dinheiro pra você, já que você é filha dele. As únicas coisas que ela comprou com seu dinheiro foram pra te manter salva. Como a casa de campo.
  Ana: - E quando Luís for preso, como vai ser nossas vidas?
  Gusta: - Nós não temos certeza se Luís trabalha sozinho ou se ele tem aliados. Por precaução, quando apreendermos Luís, você e sua mãe vão fugir do país.
  Ana: - E pra onde a gente vai? Minha vida está aqui.
  Gusta: - Egito.
  Ana: - Egito? O que tem de tão interessante no Egito pra gente ir pra lá?
  Gusta: - Não sei. A única coisa que eu sei é que ninguém nunca vai procurar vocês no Egito. Eu sei que é muita coisa pra entender. Então vamos por partes.
  Ana: - Espera, Eu tenho outra pergunta. O que Luís disse pra minha mãe? Ela sabe que estou aqui? O que eu vou dizer pra Carla?
  Gusta: Ele disse que você foi embora mais cedo por que Carla estava doente e não tinha quem cuidasse dela. Sua mãe, obviamente, não questionou. E sim, ela sabe que você está aqui. Carla não pode saber onde você está, nem manter contato com você. Você vai passar uma mensagem pra ela falando que vai passar suas férias em algum outro lugar. Depois a gente vai destruir seu celular.
  Ana: - Eu nunca mais vou poder ver minha amiga?
  Gusta: - Isso eu já não sei. Agora chega de perguntas. Vou te explicar como vai ser daqui pra frente por partes. Você vai ficar aqui e eu vou na sua casa pegar suas coisas e vão levar ela pra casa de campo. Depois que estiver tudo a caminho da casa eu volto pra cá. Ok?
  Ana: - Você vai agora?
  Gusta: - Sim.
  Ana: -  E se virem você saindo?
  Gusta: - Hoje é domingo, então eu posso dizer que estou indo em um bar.
  Ana: - Toma cuidado.
  Gusta: - Ficou preocupada comigo de repente?
  Ana: - Se você morrer eu não vou conseguir sair daqui.

  Ele apenas riu e saiu. Me belisquei inúmeras vezes pra vê se isso não é um pesadelo. Percebi que tem uma TV no quarto, mas estou com medo de ligar e alguém escutar o barulho, ou ver o brilho.
  Não sei o que será de  mim agora. Gustavo parece saber o que está fazendo, como se tudo já estivesse planejado há algum tempo. Tenho medo disso. Ele tem porte de um agente secreto. Alto, corpo bem definido, boa aparência, jovem. Eu nunca imaginaria que minha mãe fosse uma. Eu sou rica e não sabia. Como tudo foi mudar de uma hora pra outra?

No Meio Do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora