capítulo 8

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  Não consegui dormir. A noite demorou para passar. Gustavo voltou umas 5hrs e foi dormir. Ele ficou no chão enquanto eu fiquei em sua cama. Já são 8hrs e eu ainda não consegui pregar o olho. Não sei que horas Gustavo começa a trabalhar, não sei se ele programou o despertador para alarmar. Mas pelo que percebi do tempo que estou presa aqui, ele já deveria estar trabalhando. Será que faço mal em acorda-lo?
  Me aproximei dele, ele é muito fofinho dormindo. Fiquei o admirando até  lembrar o que ia fazer.

  Ana: - Gustavo. Acorda. Gustavo?
  Gusta: - O que foi Ana? Precisa de algo?
  Ana: - Não, não é isso. Que horas você vai pro trabalho?
  Gustavo: 7:30. Por que?
  Ana: - Não queria te acordar dessa maneira, mas  você tá atrasado. Já são 8hrs.
  Gusta: - O que? Ah não.  Dormi demais.

  Ele se levantou rápido e correu pra dentro do banheiro.

  Gusta: - Ana, você  pode pegar a minha farda? Tá aí dentro do guarda roupa.
  Ana: - Tá, Eu pego.

  Peguei a roupa e bati na porta do banheiro pra ele abrir.

  Gusta: - Pode entrar. Eu tô de toalha dentro do Box.
 
  Abri a porta e entrei.

  Ana: - Vou deixar aqui perto da toalha de rosto.

  Ele saiu do Box com uma toalha amarrada na cintura e outra secando o cabelo. Foi impossível não olhar. Ele tem o corpo lindo, tudo bem definido.

  Gusta: - Tá  ok. Obrigado.

  Ele se esticou para pegar a roupa e sem querer deixou a toalha que estava amarrada na cintura cair, mostrando o que  não devia.

  Ana: - Ui desculpa, Eu já tô saindo. Desculpa.

  Saí do banheiro correndo. Que vergonha. Por que eu não saí do banheiro logo? Por que eu fiquei lá parada que nem uma estátua vendo aquele corpo de deus grego? Mas uma coisa não posso negar. Quando vi a primeira vez já achei perfeito, não pensava que fosse ficar melhor depois que a toalha caísse. Meu Deus, o que é que eu tô pensando?
  Gustavo saiu do banheiro meio tímido.  Assim como eu ele tava morrendo de vergonha.

  Gusta: Desculpa, eu deveria ter amarrado melhor a toalha.
  Ana: - Não, a culpa não é sua. Eu deveria ter colocado a roupa lá e ter saído.
  Gusta: - Olha, esquece isso. É... Eu vou pro trabalho. Já sabe o que fazer né?
  Ana: - Nada?
  Gusta: - Isso mesmo.

  Ele saiu e eu fiquei lá, sem saber onde enfiar minha cara. Por que essas coisas só acontecem comigo?
  O quê fazer? Não posso fazer barulho, não consigo dormir e não tem comida aqui. Seria muita invasão de privacidade olhar o guarda roupa dele? O tédio falou mais alto.
  Abri a porta do guarda roupa e comecei a olhar suas roupas. Até que ele é estiloso. Vou roubar algumas blusas que ficariam super legais pra compor look, um look mais despojado. Ainda não troquei de roupa. Acho que Gustavo não iria se importar se eu vestisse algumas de suas roupas.
  Tomei um banho e fui olhar seu guarda roupa para ver o que servia em mim. Peguei uma cueca na sua gaveta e vesti. Escolhi uma blusa meio florida que ficou como um vestido em mim e coloquei um casaco preto, que encontrei, amarrado na cintura. Me olhei no espelho, até que ficou bom, só está um pouco curto, mas como amarrei o casaco na cintura da pra disfarçar.
  Fechei o guarda roupa e fui atrás de alguma coisa pra fazer. Será que ele tem algum livro legal por aqui?
  Procurei em uma estante que tinha perto da cama e achei vários livros. Dentre eles Senhor dos Anéis e Harry Potter. Não sabia que esse era seu estilo. Não sou muito fã desse tipo de livro, mas mesmo assim peguei um pra ler.
  Já estava chegando no capítulo 10 do livro quando Gustavo entrou trazendo comida pra mim.

  Gusta: - Pelo jeito não ficou tão entediada.
  Ana: - Desculpa ter mexido nas suas coisas, o tédio falou mais alto.
  Gusta: - Sem problemas. Essa blusa ficou melhor em você do que em mim.
  Ana: - Sério? Você podia me dar ela.
  Gusta: - Podia, mas não vou. Ela é minha.
  Ana: - Que egoísta! O que trouxe pra mim?
  Gusta: - Uma ex lazanha congelada. Foi o que deu pra trazer.
  Ana: - Não tenho direito nem a um docinho de sobremesa?
  Gusta: - Quer que eu traga uma xícara de açúcar da próxima vez?
  Ana: - Que engraçadinho. E então, você já sabe como vai me tirar daqui?
  Gusta: - Sei, mas eu tenho que voltar pro trabalho agora. Quando eu voltar eu te falo.
  Ana: - Tá ok. Vai lá.

  Ele saiu e eu fiquei comendo. Não sei se é a fome, mas essa lazanha tá uma delícia. Ainda bem que ele não se importou em ter suas coisas bagunçados por uma pessoa curiosa como eu.
  Depois do belo almoço voltei a ler o livro. Esse estilo ainda não me agrada, mas é melhor do que ficar olhando pro nada.
  Estou tentando fazer de tudo pra não pensar nisso, mas é impossível. Será que minha mãe realmente está segura? Não confio em deixá-la aqui. Mas não posso fazer nada e isso está me matando.
  Estava anoitecendo quando Gustavo chegou. Ele estava com um sorriso no rosto. Espero que tenha boas notícias.
 
  Ana: - Eu sei que você  tá feliz em me vê. Todos me amam, sou um amorzinho de pessoa.
  Gusta: - Besta.
  Ana: - Ok, se não é por minha causa, por que você tá tão sorridente?
  Gusta: - Luís viajou. Isso me da um pouco de medo, já que ele pode ter ido se encontrar com algum aliado. Mas a parte boa é que eu estou de férias e com Luís e alguns seguranças longe, vai ser mais fácil te tirar daqui.
  Ana: - Graças a Deus. Não aguento mais lê Senhor dos Anéis. Mas você sabe que eu preciso estar bem pra sair amanhã né? Eu não vou conseguir sair daqui se eu desmaiar de fome. Então cadê minha comida?
  Gusta: - Eu não sei se você percebeu, mas  eu trouxe essa bolsa. Aqui tem uma farda de empregada. Vamos aproveitar que já anoiteceu e que maioria dos seguranças estão nos seus quartos  pra tirar você daqui.
  Ana: - Vou sair disfarçada?
  Gusta: - Sim. Você vai colocar essa roupa e vai sair. Vai pela porta dos fundos que fica aqui perto. Finge que tá indo levar o lixo pra fora, eu trouxe algumas sacolas. Eu vou sair antes e pegar meu carro. Depois que você  passar pela porta, é só andar e dobrar  na primeira rua a direita, Eu vou te esperar lá. 
  Ana: - Tá entendi, mas eu tenho uma dúvida.
  Gusta: - O que foi?
  Ana: - E a minha comida?
  Gusta: Isso é sério Ana?
  Ana: - Bem sério. Não sei se você percebeu, mas eu não comi quase nada desde que  vim parar aqui.
  Gusta: - Olha, depois que a gente tiver bem longe daqui, eu compro o que você quiser comer. Tá ok? Agora eu preciso que você coloque  essa roupa.

  Ele me deu a farda de empregada e eu fui me vestir no banheiro. Espero que não me reconheçam, não quero morrer tão jovem.

  Gusta: - Ótimo. Como tá escuro, vai ser difícil ver seu rosto, o que vai ajudar a gente. Esconde seu cabelo nessa touca. Eu vou sair primeiro. Espera alguns minutos e depois sai, mas antes olha pela brecha da janela se não tem ninguém por perto. Leva essas sacolas, coloca aí sua roupa. Eu já vou levar as minhas junto comigo.
  Ana: - Ninguém vai suspeitar de você com essa mala?
  Gusta: - Não, Eu tô de férias.
  Ana: - Só toma cuidado.
  Gusta: - Você também. Tenta não morrer.

  Ele saiu e eu fiquei lá tentando acalmar meu nervosismo. Esperei alguns minutos e olhei pela brecha da janela. Não tinha ninguém por perto. Sai do quarto, tranquei a porta e fui andando rápido e de cabeça baixa pra que  ninguém me reconhecesse.
  Estava chegando perto da porta quando um funcionário saiu de seu quarto.

  XXx: - Boa noite. Quer ajuda pra levar o lixo lá pra fora?
  Ana: - Não... Não precisa.  Obrigada.

  Meu coração estava disparado. Espero que ele não tenha  percebido meu nervosismo. Apenas dei boa noite e continuei andando.
  Finalmente saí da casa. Não tinha ninguém na rua, fui andando e procurando a rua que Gustavo tinha falado. Segui as suas instruções e o encontrei dentro de um carro preto. Entrei no carro e ele logo deu partida.

  Gusta: - Você conseguiu.
  Ana: - Porque você me ajudou. Obrigada.
  Gusta: - Só fiz o meu trabalho.
  Ana: - Agora você tá me devendo comida.
  Gusta: - Por que eu fui te prometer isso? O que você quer?
  Ana: - Eu quero um X-Burguer, batata frita e um milk-shake de chocolate.
  Gusta: - Ok, você que manda.

  Fomos para um fast food.  Gustavo foi pedir a comida enquanto eu fui no banheiro trocar de roupa. Eu poderia muito bem colocar minha roupa, mas resolvi colocar a que eu peguei de  Gustavo. Me vesti e fui atrás dele.
  Gustavo já estava na mesa, me sentei na sua frente e ele ficou me encarando.

  Gusta: - Você sabe que eu não vou te dar essa roupa, né?
  Ana: - O que foi? Eu só coloquei ela porque a minha tá suja.
  Gusta: - Sei. Acho que eu não cheguei a te dizer, mas são 16 horas de viagem.
  Ana: - Espera. O que? Eu vou ter que te aguentar mais 16 horas?
  Gusta: - Na verdade eu vou ter que te aguentar por mais 30 dias.
  Ana: - É mesmo necessário você ficar comigo? Eu sei me virar sozinha.
  Gusta: - Você sabe atirar?
  Ana: - Não.
  Gusta: - Então sim, é necessário.
 

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