Mais um final de semana isolados do mundo. Nada de festas, nem rolês, nada de interessante para fazer. O tédio já se fazia presente há alguns dias. O que me deixava mais animada era confeccionar as roupas que havia criado.
Desde que ganhei o presente de Gustavo, trabalho no pijama que fiz pensando nele. Não tinha terminado ainda porque ultimamente tive alguns problemas.Nunca sofri de nenhum problema psicológico. Nunca tive ansiedade, nem depressão, mas nas últimas semanas percebi que posso estar com algum desses problemas.
Toda noite eu tenho pesadelos, sempre sobre Luís. E sempre quando acordo, depois deles, fico com a garganta fechada e sem ar.
Esse sonhos e essas sensações, essa angústia no peito, fazem com que meu dia seja menos produtivo.
Depois do primeiro sonho, não queria mais dormir. Enrolava na cama e fazia de tudo para não ter sono. Com isso, eu não tenho mais tanta energia e, a pouca que tenho, só consigo usar para costurar.Não falei nada para Gustavo, ele já se preocupa de mais comigo, não quero atrapalhar o seu trabalho. O único dever dele é me proteger, ele não tem que cuidar dos meus problemas pessoais.
Ele teve muito trabalho esses últimos dias, não me fala muita coisa, por algumas serem confidenciais. Gustavo está dando a vida para que tudo dê certo e que consigam pegar Luís.
Lembro que uma vez ele citou que essa fosse, talvez, sua última missão, pois a anterior não tinha sido bem sucedida. Ele não me fala muito sobre seu passado e eu não quero mais insistir. Se ele não se sente confortável em falar isso pra mim, ele deve ter um motivo e eu tenho que respeitá-lo.Era sexta feira e eu tinha passado o dia inteiro costurando. Gustavo provavelmente já estava dormindo, mas eu não queria dormir. Peguei meu violão e fui para a varanda.
Me sentei na cadeira de balanço que havia ali e deixei o violão de lado. O céu estava tão estrelado! Eu amava olhar o céu.Sentada ali, apenas sentindo o vento soprar em meu rosto e balançar alguns fios do meu cabelo, lembrei de um acontecimento que ocorreu no dia em que Gustavo foi à cidade.
Naquela noite Gustavo me mostrou algumas fotos e uma mexeu comigo. Ele estava apenas com um short saindo do mar. Aquele cabelo molhado e aquele corpo malhado me enlouqueciam. Como aquele avatar conseguia ser tão sexy?
Eu fiquei tão derretida por ele naquele momento que vim pra cá, colocar as ideias no lugar.Rio lembrando do que tinha acontecido. Aquele avatar mexia mesmo comigo.
Já era de madrugada e eu não queria dormir. Lembrei do violão, o peguei e coloquei no meu colo, pensei em uma música e comecei a cantar.
(...)
Lá estava eu. Na mesa de jantar de Luís. Ele me servia e colocava em meu prato um pedaço enorme de carne. Eu comia tudo sobre o olhar assustador dele. Só havia eu, ele e Junior na mesa.
Ana: - Onde está minha mãe?
Eu perguntava a procurando com os olhos.
Luís: - Você acabou de comer.
Ele disse e logo depois deu uma gargalhada maléfica. Eu gritava mas nenhum som saia da minha boca.
Acordo e me levanto rápido, porém por falta de ar me sento novamente. Minha garganta estava fechada, eu tentava puxar o ar mas não conseguia, lagrimas caiam dos meu olhos, minhas mãos tremiam e ao poucos ia sentindo minha vista escurescer. Fechei os olhos com força e pensei que ali seria o meu fim.
E foi aí que a imagem de Luís saiu da minha mente e, no lugar dela, apareceu a de Gustavo. Ele com certeza me protegerá e nada acontecerá comigo. Aos poucos recuperei o ar. Inspira, expira - era o que eu pensava.
Abro os olhos e estou sentada no sofá. Como eu vim parar aqui? Não lembro de vim para a sala, minha ultima lembrança é na varanda. Meu violão está no tapete, olho ao redor e vejo que Gustavo ainda não acordou.
Levanto e vou em direção a cozinha. Pego um copo e encho com água, tomo devagar em quanto volto para a sala.Gusta: - A bela adormecida acordou!
Ele diz descendo as escadas. Eu não digo nada e apenas me sento no sofá.
Gusta: - Sério? Nem um obrigado?
Ana: - Pelo quê?
Gusta: - Por eu ter tirado você do frio e ter te colocado pra dormir em um lugar quentinho.
Ana: - Ah, foi você. Agora faz mais sentido. Obrigada, mas como você sabia que eu tava lá fora?
Gusta: - Eu acordei com um barulho de violão, meu sono é leve. Eu pensei em descer, mas não queria atrapalhar seu momento alone. Fiquei esperando o barulho dos seus passos na escada, mas não escutei. Então eu fui lá e você estava dormindo, te peguei nos braços e te coloquei no sofá.
Ana: - Obrigada. Prometo não atrapalhar mais o seu sono.
Gusta: - Foi legal acordar com uma música do Ed Sheeran, acho que vou colocar aquela música no meu despertador. Mas e aí... dormiu bem ou ficou desconfortável?
Ana: - S-sim.Gaguejo um pouco, mas consigo disfarçar.
Gusta: Eu tava pensando que a gente poderia fazer alguma coisa diferente hoje. Eu não te mostrei mas eu comprei uma bebidas naquele dia. A gente poderia fazer uma mini festa.
Ana: - Gostei da ideia. Você pode preparar uns petiscos e eu faço uma playlist. A gente pode fazer isso na piscina.
Gusta: - Vamos fazer uma pool party hoje a noite!(...)
Gustavo tinha feito batata frita e alguns molhos, colocou em um depósito alguns salgadinhos pra comer com os molhos. Eu fiz o que sei fazer de melhor: brigadeiro e escolhi as músicas.
Arrumei toda a área da piscina, coloquei as bebidas alcoólicas e refrigerantes dentro de um balde com gelo e deixei em uma boia dentro da piscina. Em outra boia coloquei a comida e deixei os copos na borda da piscina.
Coloquei um biquíni e Gustavo um short. Estávamos prontos para festejar. Coloco a playlist pra tocar e me sirvo com refrigerante e depois adiciono vodca.Gusta: - Começou bem. Só não vai dar pt.
Ana: - Eu não sou de beber muito, mas hoje é exceção, eu preciso.
Gusta: - Nossa! Que corajosa.Entramos na piscina e ficamos dançando um pouco desengonçados.
Gusta: - Você dança bem até dentro da piscina.
Ana: - Pena que não posso dizer o mesmo de você.
Gusta: - Que sem graça. Pelo menos eu consigo encostar o pé no chão da piscina.
Ana: - Isso não vale. Você que é um avatar.
Gusta: - E você uma formiguinha. Tá vendo!? De todas as comidas aqui você só come as doces, é uma formiga.
Ana: - Me deixa. Sou feliz mesmo quase morrendo afogada nessa piscina.
Gusta: - Quer se apoiar em mim? Assim você não se afoga.
Gustavo diz colocando meus braços em volta do seu pescoço. Uma música lenta começa a tocar.
Gusta: - Você colocou música lenta na playlist de uma festa?
Ana: - É que eu gosto dessa música.
Gusta: - Dança comigo então?
Ana: - Claro.E ali, com os braços em volta dele, nós começamos a nos movimentar na água. Gustavo começa a cantar olhando no fundo dos meus olhos. Eu apenas observava aquele Deus grego de voz não tão bonita. No refrão ele enfatizava a letra, como se cantasse pra mim, e acho que era realmente isso que ele fazia.
A parte animada da música começa, acabando um pouco com o clima. Gustavo ainda me olhava com um sorriso gentil.Gusta: - Quer que eu pegue mais bebida pra você?
Ana: - Por favor. E pega mais brigadeiro também.Seria uma má ideia ficar com Gustavo hoje e amanhã colocar a culpa na bebida? Vamos ver no que essa festa vai dar...
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No Meio Do Caos
RomanceO que fazer quando se descobre que seu padrasto é um torturador? Ana não teve muito tempo para pensar, e seus atos impulsivos tiveram reações inesperadas. Nesse contexto, surge Gustavo. Que influência será que ele terá nessa história?