Capítulo 20

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------------Narrado Por Gustavo------------

   Fui trouxa. Pela primeira vez em muito tempo, eu me sentia apaixonado de verdade. Mas como sempre, a vida foi injusta comigo. Além de ser parte do meu trabalho, Ana não sentia o mesmo por mim. Interpretei todos os seus sinais errados. Não era eu que ela queria, e sim o meu corpo, só queria saciar seu desejo. 

   Não estou com raiva dela, e sim de mim mesmo por ser tão bobo. Mas, a partir de agora, esquecerei tudo que houve até aqui e vou começar a agir como um agente em uma missão. Estou aqui a trabalho, e o meu trabalho agora é proteger Ana e não ser amigo dela, ou pior, ficante.

   Durante o café da manhã foi tão difícil ser indiferente com aquela morena. Ela parecia não estar bem, eu queria tanto abraçá-la e pedir desculpa por ter um mini surto na noite passada. 

   Mesmo sentindo meu coração se partir em pedacinhos, fui frio e troquei poucas palavras com ela. Ana foi para a varanda e eu entrei em um conflito comigo mesmo.

   Subconsciente: - Você está fazendo certo. Imagina o quanto você iria sofrer quando voltasse ao "trabalho" e quando ela fugisse.

   Isso realmente era verdade, mas eu e Ana podemos ser só amigos. Ela parece precisar de mim agora, como amigo.

  Subconsciente: - Ser amigo é só o primeiro passo para o sofrimento. Vai mesmo querer ficar na friendzone? Ela não sente o mesmo por você.

   E o que eu faço? Fico aqui parado esperando ela voltar?

  Subconsciente: - Isso mesmo. Ela vai saber resolver os problemas dela.

   Estava na dúvida entre ir atrás de Ana e a deixar só quando eu ouvi o barulho. Corri até a varanda e a encontrei no chão.

   Gusta: - Ana, Ana!!! ... Ana, acorda por favor!!! ... ANA!!!

   Eu alisava seu rosto e a sacudia na espera de uma resposta. Peguei Ana em meus braços e a levei até o sofá. Verifiquei sua pulsação, ela ainda estava respirando, porém muito fraco. Suas mãos estavam geladas e seus lábios arroxeados.

  Gusta: - Ana, por favor volta pra mim

   Eu disse desesperado. Lembrei das aulas de primeiros socorros e soprei ar aos seus pulmões. Após alguns segundos, Ana recobra a consciência e aos poucos normaliza sua respiração. Ela me olha assustada. Só aí percebo que deixei algumas lágrimas escaparem, as limpo do meu rosto e corro até a cozinha para pegar água.

  Gusta: - Você consegue se sentar?

   Pergunto e a ajudo. Ela bebe a água e finalmente me permito ficar calmo.

  Gusta: - Você quase me matou do coração. O que aconteceu com você?
  Ana: - Eu não consigo lembrar muito bem.
  Gusta: - Você lembra de ter ido pra varanda?
  Ana: - Sim.
  Gusta: - O que você foi fazer lá?
  Ana: - E-eu, eu... eu não estava bem.
  Gusta: - O que aconteceu com você, Ana?
  Ana: - Gustavo...

   Ela diz apenas e me abraça. O que foi que aconteceu com você morena? Será que foi pelo que aconteceu ontem?

  Gusta: - Ana, você está assim pelo que eu disse?
  Ana: - Não, e-eu... 

   Ela faz uma pausa e respira fundo.

  Ana: - Eu venho tendo pesadelos com Luís. Eu sonho com ele me machucando, machucando minha mãe, Junior... machucando você. E quando eu acordo...

   Ela não esboça nenhuma expressão, apenas olha para um ponto fixo enquanto fala.

  Ana: - Quando eu acordo... Eu... 
  Gusta: - Acontece isso que aconteceu com você agora?
  Ana: - É mais ou menos isso.

   Ela diz olhando pra mim.

  Ana: - Minha garganta fecha, eu fico sem ar, meu corpo treme... No começo era só isso, mas recentemente tem ficado pior. E eu tô evitando dormir, porque eu tenho medo de sonhar com aquele...

   Ela diz e para, baixa a cabeça e olha para as mãos.

  Gusta: - Por isso você pegou no sono na varanda naquele dia?
  Ana: - Sim.
  Gusta: - Ana, por que você não me contou isso antes? Eu poderia ter te ajudado.
  Ana: - Você não tem que se preocupar comigo. Eu posso me cuidar.
  Gusta: - Ana, você quase morreu hoje. Você precisa da minha ajuda.
  Ana: - E você vai me ajudar? Eu pensei que quisesse me esquecer.
  Gusta: - Eu só disse aquilo ontem por estar magoado. Eu pensei que você gostasse de mim do jeito que eu gosto de você.
  Ana: - Você gosta mesmo de mim?
  Gusta: - Ana... eu não devia, mas eu me apaixonei por você.

   Ela não responde, apenas desvia o olhar.

  Gusta: E eu sei que você não sente o mesmo por mim, tudo bem. Vamos conviver apenas de forma profissional, meu dever aqui é proteger você.

   Ela apenas concordou com a cabeça. Ajudei-a a ir para o seu quarto. Enquanto Ana descansava, fiquei ao seu lado trabalhando. Sermos profissionais não significa abandoná-la agora, ela precisa dos meus cuidados.

No Meio Do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora