------------Narrado Por Gustavo------------
Fui trouxa. Pela primeira vez em muito tempo, eu me sentia apaixonado de verdade. Mas como sempre, a vida foi injusta comigo. Além de ser parte do meu trabalho, Ana não sentia o mesmo por mim. Interpretei todos os seus sinais errados. Não era eu que ela queria, e sim o meu corpo, só queria saciar seu desejo.
Não estou com raiva dela, e sim de mim mesmo por ser tão bobo. Mas, a partir de agora, esquecerei tudo que houve até aqui e vou começar a agir como um agente em uma missão. Estou aqui a trabalho, e o meu trabalho agora é proteger Ana e não ser amigo dela, ou pior, ficante.
Durante o café da manhã foi tão difícil ser indiferente com aquela morena. Ela parecia não estar bem, eu queria tanto abraçá-la e pedir desculpa por ter um mini surto na noite passada.
Mesmo sentindo meu coração se partir em pedacinhos, fui frio e troquei poucas palavras com ela. Ana foi para a varanda e eu entrei em um conflito comigo mesmo.
Subconsciente: - Você está fazendo certo. Imagina o quanto você iria sofrer quando voltasse ao "trabalho" e quando ela fugisse.
Isso realmente era verdade, mas eu e Ana podemos ser só amigos. Ela parece precisar de mim agora, como amigo.
Subconsciente: - Ser amigo é só o primeiro passo para o sofrimento. Vai mesmo querer ficar na friendzone? Ela não sente o mesmo por você.
E o que eu faço? Fico aqui parado esperando ela voltar?
Subconsciente: - Isso mesmo. Ela vai saber resolver os problemas dela.
Estava na dúvida entre ir atrás de Ana e a deixar só quando eu ouvi o barulho. Corri até a varanda e a encontrei no chão.
Gusta: - Ana, Ana!!! ... Ana, acorda por favor!!! ... ANA!!!
Eu alisava seu rosto e a sacudia na espera de uma resposta. Peguei Ana em meus braços e a levei até o sofá. Verifiquei sua pulsação, ela ainda estava respirando, porém muito fraco. Suas mãos estavam geladas e seus lábios arroxeados.
Gusta: - Ana, por favor volta pra mim
Eu disse desesperado. Lembrei das aulas de primeiros socorros e soprei ar aos seus pulmões. Após alguns segundos, Ana recobra a consciência e aos poucos normaliza sua respiração. Ela me olha assustada. Só aí percebo que deixei algumas lágrimas escaparem, as limpo do meu rosto e corro até a cozinha para pegar água.
Gusta: - Você consegue se sentar?
Pergunto e a ajudo. Ela bebe a água e finalmente me permito ficar calmo.
Gusta: - Você quase me matou do coração. O que aconteceu com você?
Ana: - Eu não consigo lembrar muito bem.
Gusta: - Você lembra de ter ido pra varanda?
Ana: - Sim.
Gusta: - O que você foi fazer lá?
Ana: - E-eu, eu... eu não estava bem.
Gusta: - O que aconteceu com você, Ana?
Ana: - Gustavo...Ela diz apenas e me abraça. O que foi que aconteceu com você morena? Será que foi pelo que aconteceu ontem?
Gusta: - Ana, você está assim pelo que eu disse?
Ana: - Não, e-eu...Ela faz uma pausa e respira fundo.
Ana: - Eu venho tendo pesadelos com Luís. Eu sonho com ele me machucando, machucando minha mãe, Junior... machucando você. E quando eu acordo...
Ela não esboça nenhuma expressão, apenas olha para um ponto fixo enquanto fala.
Ana: - Quando eu acordo... Eu...
Gusta: - Acontece isso que aconteceu com você agora?
Ana: - É mais ou menos isso.Ela diz olhando pra mim.
Ana: - Minha garganta fecha, eu fico sem ar, meu corpo treme... No começo era só isso, mas recentemente tem ficado pior. E eu tô evitando dormir, porque eu tenho medo de sonhar com aquele...
Ela diz e para, baixa a cabeça e olha para as mãos.
Gusta: - Por isso você pegou no sono na varanda naquele dia?
Ana: - Sim.
Gusta: - Ana, por que você não me contou isso antes? Eu poderia ter te ajudado.
Ana: - Você não tem que se preocupar comigo. Eu posso me cuidar.
Gusta: - Ana, você quase morreu hoje. Você precisa da minha ajuda.
Ana: - E você vai me ajudar? Eu pensei que quisesse me esquecer.
Gusta: - Eu só disse aquilo ontem por estar magoado. Eu pensei que você gostasse de mim do jeito que eu gosto de você.
Ana: - Você gosta mesmo de mim?
Gusta: - Ana... eu não devia, mas eu me apaixonei por você.Ela não responde, apenas desvia o olhar.
Gusta: E eu sei que você não sente o mesmo por mim, tudo bem. Vamos conviver apenas de forma profissional, meu dever aqui é proteger você.
Ela apenas concordou com a cabeça. Ajudei-a a ir para o seu quarto. Enquanto Ana descansava, fiquei ao seu lado trabalhando. Sermos profissionais não significa abandoná-la agora, ela precisa dos meus cuidados.
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No Meio Do Caos
RomanceO que fazer quando se descobre que seu padrasto é um torturador? Ana não teve muito tempo para pensar, e seus atos impulsivos tiveram reações inesperadas. Nesse contexto, surge Gustavo. Que influência será que ele terá nessa história?