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Dirigi em alta velocidade pelo bairro e parei no estacionamento do mercado. Peguei minha carteira e sai correndo do carro. Eu ainda estava chorando e sentia o meu peito doendo. Ruth estava jogando toda a culpa da morte de Vicente nas minhas costas e estava conseguindo fazer com que eu acreditasse nisso.

Entrei naquele mercado e fui direto na sessão onde fica os sorvetes, pegando um pote e uma colher, que ficava ao lado do freezer. Abri aquele pote ali mesmo e comecei a tomá-lo. Porém eu vi que aquele sorvete não seria suficiente para me acalmar. Então fui para sessão das bebidas alcoólicas. Demorei um pouco para escolher o que pegaria e acabei pegando uma vodka. Me sentei ali mesmo e abri a garrafa, dando um longo gole. Senti minha garganta arder e minhas lágrimas continuavam rolando. Eu estava alternando entre os goles na garrafa de vodka e as colheradas no sorvete napolitano. As pessoas passavam e olhavam para mim com olhar de pena, pensando: "Coitado. Tá viúvo e sofrendo".

Carmo? — escutei uma voz masculina me chamando, então olhei para cima e vi que era Cadu. Eu já estava bêbado e não estava mais conseguindo falar nada com nada. Eu só conseguia chorar e chorar. — Cara, olha só o seu estado. Vem comigo.

Cadu me ajudou a levantar e começou a andar comigo. Minhas pernas não me respondiam mais, então ele teve que me amparar o tempo todo. Ele entrou comigo por uma porta que deu acesso ao estoque do mercado. Depois deste momento eu não me recordo de mais nada.

ººººº

A minha cabeça estava explodindo e a minha visão estava turva. Percebi que já tinha anoitecido, pelo fato do quarto está totalmente escuro. Minha visão foi tomando foco e... Espera! Não era o meu quarto.

—Onde que eu estou? — perguntei.

—Acordou? — disse Cadu, saindo do banheiro e parando na porta.

—Que que estou fazendo aqui? — perguntei. Olhei para o meu corpo e percebi que estava só de camisa. Uma camisa que nem era minha. — Que roupa é essa?

—É minha. Você vomitou a sua toda. Aí te dei um banho e vesti essa blusa. Eu não sou daqui, então não sabia se você podia vestir uma roupa de outra cor a não ser branca. Aí coloquei essa blusa, a única peça branca que eu tenho. — disse ele.

—Eu vomitei? Você me deu banho? Me vestiu roupa? — disse, colocando a mão no rosto e sentindo ele corar.

—Esta tudo bem. Isso acontece. Imagina se eu não tivesse te encontrado?

—Muito obrigado. Agora eu tenho que ir embora. — disse, me levantando, mas minha cabeça doeu muito e eu me sentei novamente.

—Nem pense. — disse ele, se aproximando de mim. — Você não está em condições de dirigir.

—Meu carro! — gritei. — Aonde ele está?

—Está no estacionamento do mercado ué. Aonde você deixou.

—Como chegamos aqui? — perguntei e ele passou a mão na nuca.

—Eu moro nos fundos do mercado. — ele disse, caminhando até a geladeira. Ele abriu, pegou uma caixa, e despejou em um copo, vindo em minha direção. — Toma isso. É água de coco. Você precisa se hidratar.

—Obrigado. — disse, pegando o copo de sua mão. — Por que você mora nos fundos do mercado? Desculpa pela intromissão.

Luz Dos Olhos Teus [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora