Luz Dos Olhos Teus [Romance Gay]

15 - Penúltimo Capítulo

VISÃO DE CARMO

Minha ficha ainda não tinha caído. Vicente estava na minha frente e eu estava em êxtase. Ele passou seus braços em volta de meu pescoço e eu segurei em sua cintura. Estávamos nos beijando a minutos e não paravamos nem para respirar. Quando paramos, ele colocou sua cabeça em meu ombro e suspirou fundo.

— Vamos para casa? — perguntou ele. — Preciso de um banho.

— Vamos para nossa casa. — disse e ele levantou o seu rosto. Eu coloquei uma mão em cada lado de seu rosto e o beijei.

Saímos dali juntos, de mãos dadas. Era a melhor sensação de minha vida. Ele estava ali comigo e ninguém podia tirar de mim. Saindo do auditório, eu vi Cadu fazendo uma curva e sumindo com o seu skate. Meu coração acelerou de um jeito anormal. Eu tinha que resolver essa situação e conversar com Vicente antes que alguém fizesse isso por mim. Então eu parei de andar e Vicente parou assim que sentiu seu braço ser esticado.

— O que foi, amor? — disse ele.

— Preciso te falar algo. — disse abaixando a cabeça.

O medo de perder Vicente por causa do que aconteceu entre mim e Cadu era enorme. Vicente segurou em meu queixo e levantou minha cabeça. Ele tinha um sorriso lindo no rosto e aquilo acalmou meu coração.

— Eu pensei que você tinha morrido. — disse e comecei a chorar muito. Ele me envolveu num abraço e acariciou meus cabelos, que cresceram inexplicavelmente.

— Eu sei. Eu sei. — disse ele, me acalmando. — Pode falar o que aconteceu.

— Eu me relacionei com outra pessoa alguns meses depois. Hoje mesmo ele tinha falado que queria me namorar, mas eu disse que não estava pronto. Eu no fundo tinha a esperança de você entrar por alguma porta e me dizer que estava vivo.  — disse e ele ficou calado. Meu coração estava acelerado e eu estava com medo. Muito medo mesmo.

— Bom! — disse ele, soltando minha mão, o que me deixou com um vazio imenso.  — Minha mãe tinha me falado que você estava com seu amante e que era assim desde antes da gente casar...

— Sua mãe quer me destruir. — interrompi ele. — Esses últimos meses ela fez minha vida um inferno. Me deixou com o psicológico totalmente abalado. Eu sofri o dobro, porque ela não me deixava em paz.

— Deixa eu terminar de falar. —  disse ele e eu me calei. — Eu não acredito em nenhuma palavra de minha mãe mais. Ela sabia que eu estava vivo, Carmo. Ela me escondeu de você, do meu pai, do mundo. Eu acordei a uma semana de um coma e ela tentou me manipular dizendo que todos sabiam que eu estava vivo, mas que não estavam nem ai para mim. Ela queria fugir comigo para o Brasil, amor e com documentos falsos. Então eu não acredito no que ela falou sobre você. Você achou que eu estava morto e tinha todo o direito de seguir sua vida, mas agora eu estou aqui e você tem que seguir sua vida comigo.

Minhas lágrimas desciam rapidamente e incontroláveis. Como que a Ruth pode ser tão cruel, tão baixa com quem amava o filho dela. Vicente tinha entendido o meu lado e isso era muito importante para mim. Eu só precisava conversar com o Cadu e deixar tudo isso claro. Então beijei os lábios de Vicente e passei minha mão em seu rosto.

— Vai para casa e toma um banho. Você está com cheiro de hospital. — disse e ele fez uma careta fofa. — Eu tenho que resolver uma coisa.