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Depois daquela dança com Vicente, eu comecei a pensar que estava ficando louco. Rezava todos os dias para se repetir aquela experiência, mas não aconteceu mais.

Os dias foram se passando e as coisas foram sendo colocadas no lugar. Eu e Cadu utilizamos as férias dele para focar no nosso trabalho. Compomos primeiro a melodia e deixamos a letra para o final. Cadu pediu que eu escrevesse algo para Vicente e usasse isso como uma declaração de amor eterno por ele. E eu fiz isso.

Durante essas semanas, Beto frequentou minha casa quase diariamente. Ele disse que Ruth começou um tratamento de fisioterapia e ele não podia nem pensar em ir com ela. Ruth saiu do meu pé finalmente, graças a Deus. Ela finalmente me deixou em paz e não sentia nem um pouco de falta.

Marina continuava praticamente morando em minha casa e finalmente, depois de dias, assumiu que estava afim de Cadu. Eu já sabia, mas mesmo assim eu fiquei mexido quando ela assumiu. Eu e Cadu estávamos cada vez mais próximos e isso me deixava com medo, pois se acontecesse algo entre nós, Marina ia sair machucada. Então eu tinha que conversar com ela sobre isso e ia fazer o mais rápido possível. Tipo agora.

— Meu bem, eu preciso mesmo conversar com você. — disse a ela, que estava sentada no sofá lendo uns papéis. Ela estava vestindo um short fino e uma camiseta azul, com os cabelos ruivos enrolados em um coque.

— Pode falar, Cacá. — disse ela, soltando os papéis e cruzando as pernas.

— Você sabe muito bem que eu te amo muito né? Que eu jamais faria algo para te machucar.

— Manda a real logo, Carmo.

— É o Cadu. — disse e ela enrijeceu o corpo. — A gente está se aproximando muito mais e tenho medo de acontecer algo que te machuque.

— Eu não estou acreditando. — ela disse, juntando os seus papéis e se levantando.  — Eu nunca pensei que você seria tão baixo desse jeito, Carmo.

— Eu não estou sendo baixo. Estou sendo sincero.

— NÃO. — gritou — VOCÊ ESTÁ SENDO BAIXO. SÓ PORQUE EU TE DISSE QUE ESTAVA A FIM DELE, VOCÊ RESOLVEU QUE VAI ACONTECER ALGO.

— Eu não resolvi nada e para de gritar. — disse.

— EU NÃO VOU PARAR DE GRITAR.  — gritou ela, mais uma vez.  — VOCÊ DIZIA QUE NÃO IA ACONTECER NADA ENTRE VOCÊS E SÓ PORQUE EU RESOLVI INVESTIR NELE VOCÊ RESOLVE QUE QUER ALGO. SIM VOCÊ É BAIXO.

— EU NÃO DISSE QUE NUNCA IA TER ALGO COM ELE. — resolvi começar a gritar também,  assustando Marina. — EU DISSE A VOCÊ QUE EU NÃO ESTAVA PRONTO PARA ME RELACIONAR COM OUTRA PESSOA UMA SEMANA DEPOIS DO MEU MARIDO MORRER.

— Ah! Agora você está pronto? —  perguntou ela e eu não tive uma resposta — Você me decepciona, Carmo.

Marina pegou sua bolsa e saiu de minha casa. Eu me sentei no chão e comecei a chorar tanto até soluçar. Eu tinha que me levantar e lavar o meu rosto,  pois às 20:00 Cadu ia chegar em minha casa e faltava apenas 10 minutos. Quando Cadu chegou para continuarmos o nosso trabalho, eu senti meu coração acelerar ao vê-lo segurando uma garrafa de vinho. Ele estava vestindo uma blusa de moletom preta e uma calça jeans bem apertada. Ele estava lindo ao extremo.

— Nada de trabalho por hoje. — disse ele, entrando em minha casa. — Vamos relaxar pois eu sei que você está precisando. Olha só essa sua cara.

— Precisamos terminar esse trabalho, Cadu. É depois de amanhã a apresentação.

— O trabalho já está pronto, Carmo. Precisamos só apresentar. Para com esse espírito de virginiano e vamos nos divertir.  — ele disse, andando pela cozinha, pegando as taças e abrindo o vinho.

Luz Dos Olhos Teus [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora