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Eu havia acordado e percebi que Cadu não estava mais ali. Me levantei de sua cama, estiquei os meus braços, dei uma coçada em minhas pernas nuas e fui em direção ao banheiro. Ao me ver no espelho, me deparei com um Carmo que fiquei assustado. Cabeça raspada, olhos inchados e sem vida. Uma lágrima caiu sobre a minha bochecha vermelha e logo a limpei. Usei um pouco do enxaguante bocal de Cadu, lavei o meu rosto e voltei para a cozinha. Sobre a mesa tinha uma folha de papel. A peguei e li o que nela estava escrita.

Fique a vontade. Estou trabalhando, mas deixei café pronto, pão e algumas frutas. É para comer. Ah, só não esquece de
pagar os ingredientes do seu porre. Hahaha
Ass: Carlos Eduardo

Não estava com fome alguma, então só peguei as minhas roupas que já estavam secas, as  vesti, peguei a chave do carro e fui em direção ao mercado. Comecei a procurar Cadu pelos corredores e só o encontrei na sessão dos produtos de limpeza. Ele estava em uma escada, colocando alguns produtos na prateleira.

— Oi. — disse e ele levou um pequeno susto.

—Ah! Oi. — disse ele, sorrindo. — Comeu?

— Não estou  com fome. Passei só para me despedir de você e agradecer mais uma vez. — disse e ele desceu os degraus da escada e ficou de frente para mim. Ele estava vestindo um macacão azul, uniforme do mercado.

—Você tem que comer, Carmo. — disse ele.

— Tá parecendo minha mãe, Cadu. — disse e ele riu, passando a não na nuca. Eu peguei um detergente e balancei — Estou precisando disso em casa.

— Se cuida, Carmo. Qualquer coisa me chama. — ele disse e eu senti o meu rosto corar.

Sai dali e passei no caixa, acertando tudo o que eu estava em dívida. Claro que a mulher que estava no caixa olhou para mim com um olhar acusador. Então sai daquele lugar com a minha cabeça baixa. Entrei no carro e peguei meu celular que tinha ficado ali, vendo as dezenas de chamadas perdidas de Marina.

—Oi, Marina. — disse, ao retornar para ela, que atendeu no primeiro bipe.

— Porra, Carmo. Onde você está? — gritou ela.

—Estou no mercado, prima.

—Passou a noite toda no mercado? Eu estou aqui na sua casa e você não dormiu aqui. Não podia pelo menos atender o telefone? — disse ela, desenfreada.

—Marina, eu estou indo para casa e quando chegar aí eu explico tudo para você. Pode ser? — disse e ela concordou. Então eu desliguei o celular e em menos de 10 minutos eu estava em casa.

Quando eu abri a porta de casa, Marina veio em minha direção e me abraçou muito forte. Senti sua lágrima cair sobre o meu ombro e ouvi o seu fungar.  Sai do abraço e olhei em seu rosto, segurando-o com as mãos. Sua pele estava vermelha e seus olhos inchados de chorar.

—Está tudo bem. Pode ficar calma. — disse, deixando minhas lágrimas caírem também.

—Eu fiquei preocupada. Seu sogro me ligou e disse que você saiu da casa dele não muito bem.

—Sai da casa dele péssimo. — disse, terminando de entrar em casa. Joguei minha mochila no sofá e fui em direção à cozinha, pegando um copo com água. — A Ruth está me torturando, Marina. Ela está me fazendo acreditar que eu matei o Vicente.

—Como assim, Carmo. Ela está louca?

—Ela diz que se o Vicente não tivesse se casado comigo, e ainda continuasse na casa dela, que ele não teria que trabalhar tanto e não estaria dentro daquele ônibus.

Luz Dos Olhos Teus [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora