Luz Dos Olhos Teus [Romance Gay]

16 - Último Capítulo

VISÃO DE VICENTE

Carmo tinha me dito que se relacionou com alguém e confesso que aquilo não me agradou, mas porra... Ele pensou que eu estava morto. Relevei isso de boa, mas claro que fiquei com raiva por outro homem ter tocado o meu homem. Carmo disse que iria resolver alguma coisa e eu sabia que era com esse cara. Então entrei no carro de minha mãe e fui para casa. Dei um jeito de expulsar Marina dali, mas com toda a educação. Tomei um banho como nunca tinha tomado antes, depilei, pois estava precisando muito e sai do banho com meus cabelos molhados, louco para fazer algo de comer para Carmo quando ele chegasse. Eu reparei de Carmo não estava comendo direito e eu tinha que ajudá-lo a mudar isso.

Abri todos os armários e vi que estava faltando algumas coisas, então liguei para o mercado e pedi para entregar algumas coisinhas que eu precisava. Marina ainda não tinha saído para o serviço e quando já estava de saída, com o seu terninho preto e seus cabelos presos em um coque, ela parou perto de mim, deixou um beijo em minha bochecha e passou um recado.

- Seu pai mandou uma mensagem pedindo para você ir lá na casa dele urgente. - disse ela. Marina pegou uma maçã e se despediu.

Pedi a Marina para avisar Carmo que tinha saído e ela confirmou. Saímos juntos de casa. Entrei no carro preocupado com o que meu pai queria. Enquanto estava dirigindo, eu estava pensando em tudo que tinha mudado depois que eu "morri". Estacionei o carro em frente a casa de meus pais e já o encontrei na porta.

- Oi, pai. - disse, recebendo um abraço delicioso dele.

- Ainda não estou acostumado com você aqui, me chamando de pai. - disse ele, com lágrimas nos olhos.

- Eu estou aqui. E não vou sair mais. - disse, abraçando ele novamente. - Então, o senhor pediu para eu vir aqui urgente. Aconteceu alguma coisa?

- Eu? - perguntou ele, confuso. - Não tinha nem como, Vicente. Meu celular foi roubado agora a pouco, quando eu estava chegando em casa.

- Roubado? - perguntei, mais confuso ainda. - Pai, chegou uma mensagem para a Marina agora, do seu número, pedindo para eu vir aqui urgente.

- Não foi eu, filho. - disse meu pai e eu senti um aperto enorme no coração.

Eu simplesmente me virei sem falar nada com meu pai, sai correndo e entrei no carro. Saí em alta velocidade dali e voltei para casa. Barulhos de sirenes ecoavam em meus ouvidos e viaturas de Polícia, corpo de bombeiros passavam por mim e minhas lágrimas já se faziam presentes em meu olhar.

Cheguei em frente a minha casa e o meu chão saiu debaixo dos pés. Eu estava vendo minha casa em chamas e muitas pessoas em volta e Carmo não estava entre elas. Eu desci do carro e tentei correr até a casa, mas minhas pernas não me obedeceram e eu cai de joelhos no gramado. Meus pulmões queimavam como aquele lugar e o pensamento de que Carmo estava lá dentro fez tudo piorar. Resgatei todas as forças que tinha em mim. Comecei a pensar no dia que conheci ele ainda criança, o nosso primeiro abraço, nosso primeiro beijo. Lembrei do dia que assumimos nosso namoro, das fotos que sempre tirávamos juntos. Lembrei do dia do nosso casamento, do nervosismo que ele estava dentro do carro enquanto estava vendado e da surpresa que ele teve quando chegamos no chalé. Lembrei dos dias que eu o via no piano com sua xícara de café, do dia que dançamos nossa música. A cena do nosso reencontro entrou em minha mente com toda a força. Aquela luz dourada saindo de seus olhos e sua roupa mudando de cor mudou todo o amor que sentia por Carmo. Passou de grande para infinito. Foi esse amor que me levantou.