Tínhamos que ser adultos o suficiente para termos uma conversa bem séria. Marina continuava sentada ali e nos encarando. Ela limpou a lágrima que ela tinha nos olhos e se levantou.
— Eu não sou essa pessoa, Carmo. — disse ela. — Eu não vou jogar toda a nossa amizade, toda a nossa fraternidade no lixo por causa de um homem. Eu extrapolei e te peço desculpas por isso.
— Você estava de cabeça quente, Marina. Está tudo bem. Eu não sou o mais correto nessa história, porque fui traira com você e te devo desculpas. — disse, aproximando dela. — Somos mais que primos, mais que amigos. Nós dois somos irmãos e você sabe disso. Eu jamais faria algo propositalmente para te machucar.
— Eu sei disso, Carmo. Por isso voltei. Porque eu te amo e se vocês dois se gostam eu não tenho direito algum de me meter no meio para atrapalhar. - disse ela, passando a mão nos cabelos. — Só espero que vocês sejam felizes.
Eu e Marina nos abraçamos. Eu estava apenas com a toalha enrolada na cintura e Cadu da mesma forma. Ele estava nos olhando com cara de confuso.
— Alguém me explica o que está acontecendo? — disse ele e eu Marina nos soltamos do abraço, limpando o rosto de lágrimas.
Eu pedi que sentasse no sofá e eu expliquei tudo que estava acontecendo. Cadu ficou o tempo todo com sua cara de imparcial e não interrompeu em momento nenhum. Quando terminei de contar tudo, ele apenas suspirou.
— Uau! — disse depois do suspiro. — Eu sinto muito por vocês terem brigado por minha causa.
— Não precisa se desculpar, pois você não teve culpa alguma. — disse Marina. — Eu não costumo me apaixonar, Cadu. E foi horrível ver que o meu primo também estava sentindo algo por esse cara e tinha mais chances com ele do que eu. Eu surtei e nenhum dos dois tem culpa pelo que aconteceu.
Depois de tudo entendido, Cadu resolveu ir para casa, deixando a gente à sós. Marina e eu dormimos juntos em meu quarto e eu evitei de falar sobre Cadu. E no outro dia passamos o domingo andando de bicicleta pela cidade. Foi muito bom passar esse tempo com Marina e focar em outra coisa que não fosse o trabalho.
Na segunda de manhã eu acordei mais ansioso do que nunca. Tomei um banho, negligenciei o café da manhã mais uma vez e fui para o auditório da faculdade onde seria a apresentação do trabalho final do semestre. Cadu não quis ir de carona comigo, pois gostava de pensar enquanto andava de skate, então ele queria distrair antes do trabalho. Pediu somente que eu levasse seu violoncelo comigo.
Ao chegar no auditório, eu vi que estava lotado. Tinha gente de toda a faculdade e gente que eu nunca tinha visto. Dentre essas pessoas eu pude ver minha mãe, Beto, Marina e o patrão de Cadu. Seu Olavo era a única figura que fazia com que Cadu lembrasse o que era família. Ele foi muito maltratado, muito magoado pela sua família biológica, mas tinha toda uma nova família de braços abertos para acolher ele.
Era uma semana apenas para a apresentação dos trabalhos, e na segunda era o dia da minha sala apresentar as suas músicas autorais. Os trabalhos variavam de acordo com os seus orientadores. Alguns eram algumas releituras, outros traduções e por ai vai.
As apresentações haviam começado e nada de Cadu chegar. Eu estava nos bastidores andando de um lado para o outro. Minhas mãos suavam e tremiam e nada de Cadu. Elis e Ivan estavam ao meu lado e também estavam nervosos. Os dois se apresentariam antes de mim, mas já eram os próximos. Quando anunciaram Elis e Ivan, Cadu apareceu em meu lado e colocou a mão em meu ombro.
— Eu estou aqui. — disse ele. Eu o abracei aliviado e ele sorriu.
— Achei que não ia chegar nunca.
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Luz Dos Olhos Teus [Romance Gay]
RomansaVicente e Carmo são dois jovens apaixonados de 19 anos que acabaram se casar. Com o apoio da família, os dois desde cedo viveram esse amor de forma intensa. Vivendo em um país com uma cultura totalmente diferente de todas as outras do mundo em relaç...