Luz Dos Olhos Teus [Romance Gay]

1

—Eu vos declaro, casados. — disse o juiz. Eu olhei para Carmo e ele tinha os olhos cheios de lágrimas. Ao olhar para ele, eu me emocionei também e um sorriso ficou nos meus lábios e sendo molhado pelas lágrimas. Ficamos nos encarando e sorrindo. Parecia que se passava horas durante aquele olhar.

—Estão esperando o que para se beijarem?— gritou minha irmãzinha Valentina. Todos riram de sua atitude e eu e Carmo nos beijamos.

Estávamos nos casando nos fundos da casa onde iríamos morar. Era um quintal enorme e todo gramado. As cadeiras de madeiras foram colocadas ali e no meio uma passarela espelhada. A decoração era toda de rosas vermelhas, amarelas e gibson. Perto do altar tinha um arco de flores e folhas que ficava sobre as nossas cabeças e deixava Carmo mais lindo do que ele é.

Estávamos os dois vestidos com terno preto e com um mói de flor no bolso. Carmo tinha cortado o cabelo no dia do nosso casamento e tinha ficado mais lindo ainda. Porra, eu não me canso de repetir que no dia do nosso casamento ele estava mais lindo que o normal. Olha que ele é muito lindo. Carmo tem os cabelos lisos e castanhos, cortados nas regiões temporal e occipital. Os seus olhos são castanhos e tem uma luz que sempre me encantou, desde criança.

Eu e Carmo estudamos juntos desde a 4ª série e sempre fomos inseparáveis. Quando nossos olhos se encontraram pela primeira vez eu já sabia que ele seria meu. Moramos em um país onde não se há preconceito com homossexuais, onde homossexuais têm direito de formar suas famílias, tem total liberdade para frequentar igrejas. Tudo muito diferente de todo o resto do mundo. Então essa tranquilidade quanto à sexualidade do próximo fez com que eu me sentisse muito bem com a minha sexualidade e muito novo eu já conversei com meus pais sobre isso.

Tivemos uma amizade muito forte e se transformou em namoro quando tínhamos 13 anos. Desde então não nos separamos e agora, com 19 anos, estamos nos unindo em matrimônio para vivermos juntos para sempre.

—Eu te amo. — disse, passando a mão em seu rosto branco e úmido pelas lágrimas.

—Eu te amo tanto, Vicente. — ele disse, me abraçando.

Dançamos a nossa valsa, ficamos um pouquinho na festa e logo fugimos para a nossa lua de mel. Não foi nada luxuoso. Aluguei para nós um chalé nas montanhas. Organizei tudo direitinho: pétalas de rosas por todo o chalé, champanhe, velas e um violão para ele tocar as mais belas músicas que ele sempre amou fazer. Entrei no carro e ele logo entrou ao meu lado.

—Pega uma coisinha para mim no porta-luvas, amor. — disse e ele logo abriu e tirou o objeto.

—Para que isso, Vicente? — disse ele, olhando para o lenço preto e sem entender nada.

—Eu vou te vendar. — disse e ele negou com a cabeça.

—Não vai mesmo. — disse ele, com aquele sorriso perfeito nos lábios.

—Então vamos ficar aqui. — disse, cruzando os braços como uma criança birrenta.

—Aí que bebê mais lindo. — disse ele, beijando o bico que eu tinha feito. — Pode amarrar então, amor.

Eu sorri satisfeito, e fui logo amarrando o lenço. Carmo ficou ansioso e impaciente com aquela situação. Toda hora ficava perguntando se estava chegando, parecendo uma criança ansiosa. Eu estava rindo muito daquela situação e para brincar mais com ele, eu ficava dando voltas num quarteirão para atrasar mais a viagem.

—Você é um idiota, Vicente. — disse ele, dando um tapa em minha coxa. — Eu sei que você está andando em círculo. Você acha que não percebi que você virou à direita mais de quarto vezes?

—Desculpa, amor. — disse, rindo muito. Tinha me esquecido que ele era inteligente demais e prestava atenção em tudo.

Peguei o caminho para as montanhas e chegamos no chalé. Ajudei Carmo a sair do carro e posicionei ele em frente ao chalé, onde se tinha uma visão incrível dele e de toda a cidade lá em baixo. Retirei levemente o lenço e ele abriu os olhos e seu queixo quase acertou meu pé. Ele me olhou com aqueles olhos repletos de pura luz e me abraçou muito forte. Suspirei fundo e o seu cheiro entrou pelo meu nariz, misturado com o cheiro da natureza, que nos rodeava.