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20 de janeiro, terça-feira

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20 de janeiro, terça-feira

01:54AM

Prendo meu lábio inferior com os dentes e o mastigo por alguns segundos, antes de suspirar, encolhida na minha cama observando a porta fechada do meu quarto. A luz está apagada, apenas a luz fraca do closet ilumina o quarto, dando um tom calmo e aconchegante para tudo e Christian... ele está deitado atrás de mim, com a testa pressionada contra as minhas costas e os braços envolvidos com firmeza na minha cintura e desde que chegou, não disse muita coisa, apenas que seus pais brigaram.

Talvez seja por isso que Grace está aqui, mas não consigo entender, a forma como meu pai a olhava, não sai da minha cabeça; nunca vi ninguém olhando com tanto amor para outra pessoa. Sinto que é errado e estou tão irritada com eles! O que Grace faz aqui? E tão tarde! Eu não sei o que pensar, apenas parece errado.

— Christian — sussurro, para afastar o pensamento dos nossos pais, querendo saber outra coisa. — Eu te contei sobre meu pai, mas você não me falou sobre a sua mãe. Eu quero saber.

Christian se move, ele suspira e parece um pouco irritado com algo, por fim, aperta mais os braços ao meu redor e roça o nariz pelas minhas costas. Estou usando apenas uma regata rosé e uma calcinha de renda e, por mais estranho que isso pareça, mesmo sem ter tido qualquer tipo de relação com Christian, me sinto confortável estando nesse estado com ele, apenas nos dois, juntos na minha cama.

— Eu não tive uma primeira infância fácil — murmura, um tom pesado e doloroso que me deixa angustiada, seus braços apertam mais ao meu redor e ele inspira. — Minha mãe era uma prostituta viciada em crack, uma mulher totalmente negligente, que não me deu amor ou cuidados... e havia o cafetão dela, ele me batia sempre que podia.

— Ele é o seu pai?

— Não — fala rapidamente, com o tom cheio de alivio.

— O que aconteceu com a sua mãe?

— Ela usou tanta droga que acabou morrendo, tendo uma overdose.

— E onde você estava?

— Com ela — exprime, sua voz surpreendentemente aguda e dolorida, seus braços apertam mais ao meu redor e ele pressiona os lábios na minha espinha. — Levou quatro dias até encontrarem ela, e eu estive lá o tempo todo. Lembro-me de sentir muita fome e de ficar cuidando dela... eu tinha um cobertorzinho, era a coisa que eu mais gostava, talvez a única, eu usava para cobrir ela e eu gostava de pentear os cabelos dela. Ficar esperando ela acordar... e é disso que me lembro apenas.

Um bolo se forma na minha garganta, pela primeira vez sinto que realmente não posso dizer nada, nenhuma palavra, quero apenas chorar e abraçar Christian, com a visão de um garotinho magro e de olhos cinzas, aperto meus olhos. Quero conter o choro, mas um soluço baixo escapa e se transforma em um choro copioso e ruidoso.

A Cura Para o PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora