Capítulo VIII.

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Olá, pessoal! Dessa vez, resolvi deixar uma pequena nota no início. Aos que se sentirem confortáveis, deem play na música "It's Only Love", dos Beatles no meio do capítulo. Vocês saberão quando!


Mesmo depois de ter chegado em casa, Scarlett ainda estava nervosa devido à recente confusão que havia presenciado. Na verdade, existia uma série de fatores que perturbavam a sua mente, aquele havia sido apenas o grande estopim. Ela estava exausta nos últimos dias, não via o seu pai há quase um mês, porque ele estava em uma viagem de trabalho em Munique, e tinha que aguentar Liam sob o mesmo teto que ela todo santo dia. E, para piorar ainda mais as coisas, ele havia tentado beijá-la naquela noite, Roger havia socado o rosto dele, e os três ainda teriam que conviver como se absolutamente nada tivesse acontecido. Ela literalmente tinha chegado ao seu limite. E aguentara bastante até então.

Sentada no sofá da sala, com as costas recostadas no apoio para braços, ela encolheu o corpo, abraçando as próprias pernas. O queixo, por sua vez, repousava sobre os joelhos. Parecia estar ainda mais exausta do que de manhã, quando já se encontrava em um nível de cansaço elevado. Ao contrário da festa, na casa da fazenda estava frio. Bastante frio. A janela estava aberta e, a cada resquício de vento que adentrava a residência, ela sentia sua pele se arrepiar.

— Está... tudo bem? — Ele tentou parecer delicado. Seu tom de voz era doce e suave, de uma maneira que ela não ouvia há muito tempo.

Roger aproximou-se do sofá e manteve-se parado por alguns segundos, como se analisasse o estado em que a menina se encontrava. Nenhuma conclusão certa passou pela a sua mente. Na verdade, estava ficando mais incerto a cada segundo que a fitava. Calmamente, ele sentou-se no sofá, de pernas cruzadas, virado de frente para ela. Roger retirou a jaqueta de couro preta que usava e, cuidadosamente, colocou-a sobre o corpo encolhido de Scarlett, que murmurou um agradecimento quase inaudível.

— Sem sono? — Pergunta idiota. Era óbvio que ela estava sem sono, ainda que parecesse muito cansada.

— Uhum... — Ela murmurou baixinho, mais uma vez, quase incompreensível.

Roger parecia estar travando uma batalha interna, dele consigo mesmo. Ele queria poder voltar à festa e terminar de quebrar a cara de Liam. Mas também queria poder cuidar dela. Só não tinha ideia de como. No ensino médio, era sempre ao contrário, era sempre ela quem cuidava dele, mesmo que ele não exigisse muitos cuidados. Isso simplesmente pelo fato de que Roger era um linguarudo e adorava ser o centro das atenções. Literalmente, amava. Por isso, ele nunca perdia a oportunidade de contá-la qualquer coisa. Já Scarlett, sempre fora mais reservada.

Ele não fazia a menor ideia de como confortar uma garota. Já fizera com seus amigos, Brian, Freddie e Deaky, mas nunca com uma garota. Porque raramente as via mais de uma vez. E, bem, eram situações consideravelmente diferentes.

Remotamente, fora levado aos tempos de adolescência, na cidade de King's Lynn. Lembrou-se de sua primeira namorada, quando ainda não era um grande mulherengo. Na época, ele realmente gostava dela e ficara arrasado com o término da relação. Lembrava-se de contar tudo para Scarlett, sua melhor amiga naquele tempo. Ela lhe deu um abraço apertado, murmurou um "vai ficar tudo bem" e o levou para tomar sorvete. O sorvete, sem dúvidas, o fizera se sentir melhor. Ele gostaria de poder levá-la para tomar sorvete de creme, era o favorito dela e, com certeza, isso a alegraria. Mas estava de madrugada, e tudo era consideravelmente longe da casa da fazenda.

Quanto ao abraço, lembrava-se de se sentir bem nos braços dela. De se sentir seguro, mesmo que não gostasse muito de abraços. Ele mordeu o lábio inferior, analisando o semblante da menina que, aos poucos, levantava o rosto, finalmente voltando o seu olhar para o homem na sua frente. Perguntava-se se ela também se sentiria segura nos braços dele. Só havia uma forma de descobrir. Em um ato inesperado para ambos, ele ergueu os braços e envolveu o corpo de Scarlett, que encostou a cabeça na altura de seu peitoral. O cabelo dela cheirava à grama. Era suave e agradável.

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