Capítulo XI.

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Scarlett sentiu a luz invadir o cômodo e chegar até o seu rosto, passando pelas pequenas frestas da cortina. Ela abriu os olhos com certa dificuldade, devido à sensibilidade que a luz a proporcionava. A menina piscou diversas vezes para que seus olhos se ajustassem à luz ambiente, até que conseguiu focar a sua visão. Ela estava no seu quarto, em uma enorme cama de casal. Ao seu lado, estava Roger Taylor, igualmente deitado, com um semblante encantadoramente tranquilo, ainda adormecido.

O rosto dele estava extremamente próximo do dela. Os narizes se tocavam, e a menina podia sentir a respiração quente e calma de Roger contra a pele de sua própria face. Silenciosamente, ela ergueu um dos braços e, num instante, parou, com a mão na altura do rosto do loiro. Ela hesitou, mas, delicadamente, com uma suavidade impressionante e admirável, os dedos gélidos tocaram o rosto do rapaz, caminhando por todo contorno do lado esquerdo do rosto dele e, por fim, repousando nos lábios alheios. Naquele segundo, Scarlett foi tomada por um desejo quase estonteante de beijá-lo. Quase.

Os dedos voltaram a se mover, deslizando em direção aos fios de cabelos loiros e afagando-os de maneira afável e carinhosa. Lembrou-se dos acontecimentos da noite anterior e, por um breve momento, sentiu vontade de fugir. Era diferente do jogo da garrafa, quando eram adolescentes inconsequentes desejando descobrir o mundo. Roger ainda agia como um jovem inconsequente, de fato, mas Scarlett, não. Na verdade, nem mesmo na época de escola isso fazia o feitio dela, mas, por vez ou outra, a curiosidade falava mais alto.

Agora, havia o peso da responsabilidade, a idade, o trabalho, e o fato de que ela não estava preparada emocionalmente para se envolver em outra confusão. Não depois de Liam. O relacionamento deles não era um caso tão recente, mas dizem que cada um leva o seu próprio tempo para superar esse tipo de coisa e, bem, Scarlett não se importaria em usar um pouquinho mais do dela. Pelo menos, não para embarcar em outra aventura de incertezas.

Como um ser humano normal e livre, é claro que ela havia beijado outras bocas após o seu último término, mas nunca havia se envolvido emocionalmente. O que, certamente, não era o caso de Roger Taylor. Ela estava completamente envolvida naquela tempestade e, por mais que detestasse isso, era bom. Muito bom. A ponto de fazê-la querer se molhar.

Roger sentiu a carícia leve em seus fios de cabelo e entreabriu os olhos azuis com certa dificuldade. Ainda estava morrendo de sono. Assim que avistou Scarlett na sua frente, já acordada, ele automaticamente abriu um sorriso. O desgraçado era muito bonito.

Scarlett entrou em um momento de pânico interno por alguns minutos. O que ela fazia agora? Sair correndo, infelizmente, não era uma opção. Nem beijá-lo, embora ela quisesse muito. Roger ainda a abraçava, e ela não tinha ideia do que isso significava, principalmente com aquele sorriso perigosamente sedutor presente nos lábios dele. Ela estava, excessivamente, confusa. Nervosa, Scarlett retirou a mão do cabelo do rapaz, repousando-a ao lado do seu próprio corpo. Roger deixou uma risadinha baixa escapar de seus lábios, como se estivesse se divertindo com toda aquela situação. Na verdade, provavelmente estava.

— Você está se sentindo melhor? — A voz masculina ecoou em seus ouvidos, baixa e mansa.

Scarlett acenou positivamente com a cabeça, quieta, ainda olhando para Roger. Ela poderia ficar encarando-o durante horas que não se cansaria. Ele tinha esse efeito sobre ela.

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