Capítulo 6: Dentro do armazém.

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Minha mãe me contava historias da frente de batalha, ela dizia que os hereges cultuavam varias divindades e entidades, e que eles possuem diversos rituais envolvendo sacrifícios e canibalismo. Acredito que esse seja o caso aqui, provavelmente eu que acabei caindo no meio de um ritual para algum demônio ou algo assim!

Aquela adaga tem me chamado muita atenção, esta óbvio pra mim agora que ela esta encantada, mas eu não conheço aquela runa! Bom, parando pra pensar, isso também é obvio; se eles são cultistas hereges, estão usando magia negra, e o conhecimento sobre ela no reino inteiro é bem limitado.

Depois eu vou ter que relatar isso para as guildas!

Ok, eu estou no meio de um ritual satânico com um monte de malucos armados esquartejando pessoas e estou num canto escrevendo no meu diário, de fato um dia fora do comum!

Bom, mas agora não é hora pro meu senso de humor doentio e sem graça,  preciso achar um jeito de pegar a minha carroça e sair  daqui!

Eu posso tentar avisa as pessoas da caravana sobre o que esta acontecendo aqui, mas acho que só iria traumatizar algumas crianças e afugentar o resto daqueles covardes!

Posso usar os reféns ao meu favor, pelo que sei tem engradados com armas e armaduras aqui, se eu conseguir libertar eles e arma-los, eles vão conseguir lutar e eu vou sair durante a briga.

Acho que vou fazer isso, mas antes preciso achar os engradados com o selo do pombo guerreio!

Eu dou uma olhada discreta por cima do parapeito da passarela para analisar melhor o local, tem uns 30 cultistas e uns 19 reféns vivos. Mas só alguns cultistas estão usando armaduras por cima das túnicas, uns 15 mais ou menos; seguindo o raciocínio, os outros que estão sem armaduras são apenas sacerdotes e não lutam diretamente.

Então podemos ter uma pequena vantagem, isso supondo que todos os reféns saibam lutar, pode haver um ou outro que vai simplesmente fugir ou se matar num combate perdido.

A minha carroça, por ser a ultima a entrar ontem, esta na frente do portão principal. Olhando melhor consigo ver outro cultista dentro da minha carroça, ele esta com uma armadura melhor e tem alguma coisa no braço dele, eu não consigo identificar de longe, parece como um escudo ornamentado,  mas não faria sentido usar  uma coisa decorativa numa situação dessas, melhor eu tomar cuidado com ele!

Eu consigo achar as caixas  de armamento, estão logo a baixo da plataforma que estou! Agora eu preciso de uma distração para poder descer da plataforma sem ser visto. Eu me lembro da janela quebrada pela qual eu passei, ainda tem alguns cacos de vidro que posso arremessar daqui para fazer barulho!

Imaginando que o armazém tenha a forma de um retângulo em pé.

A porta principal com a minha carroça e aquele terrorista diferencia estão na parte superior do retângulo.

As armas e armaduras estão no vértice superior esquerdo.

Os reféns estão no vértice direito superior.

Eu estou na parte esquerda do meio do retângulo.

E os cultistas estão espalhados na metade inferior inteira do retângulo.

Bom, é hora de fazer acontecer!

Eu atiro o caco de vidro no vértice inferior direito para chamar a atenção. Eu acertei uma janela, que quebrou e fez ainda mais barulho do que eu esperava. Eu chamei a atenção de todos, eles estavam hesitantes para saber se iam ou não ver o que era.

Eu sigo andando pela plataforma agachado para ter menos chance de ser visto até ficar em cima dos caixotes. Eu me levanto e me penduro no parapeito seguindo para as estruturas de sustentação da passarela. O óleo que passaram aqui para conservar a madeira é bom, esta dando mais aderência à minha mão!

Eu consigo descer sem ser visto e fico escondido entre os caixotes, eu preciso achar pelo menos um com adagas e outro com armas longas.  As adagas para libertar os reféns discretamente, e as armas longas para poderem lutar com alguma vantagem.

Eu poderia pegar uma das minhas armas magicas na minha carroça, mas acho que só iria acabar matando todo mundo e destruindo o armazém. Na época que as fiz, eu não tinha a habilidade pra controlar o fluxo de magia que passa pela runa, então essas armas só vão de zero ou cem. Atualmente eu conseguiria fazer algo bem melhor, mas não tenho os materiais necessários.

Os caixotes são novos, suas trancas e dobradiças mal fazem barulho. O primeiro caixote que abri estava cheio de elmos, O segundo estava cheio de lanças e alabardas; agora eu só preciso achar um com adagas.

- Chega, voltem!- vociferou o cultista que estava em cima da minha carroça aos demais que foram investigar minha distração, imagino agora que ele seja algum tipo de chefe.

-Quanto tempo falta?- perguntou ele aos seus companheiros.

Eu saio do meio dos caixotes e me entro embaixo da minha carroça.

- Nós só precisamos terminar a limpeza do material e podemos sair com os sacrifícios!- diz um dos sacerdotes.

Os cavalos que haviam sumidos dos estábulos estavam sendo trazidos para dentro e sendo presos nas carroças.

Eles estão planejando sair com as mercadorias e os reféns, em 3 carroças contando a minha!

Eu aproveito a distração momentânea dos cultistas para sair de baixo da minha carroça e rolar até a carroça dos reféns. Eu consigo embarcar nela, coloco um lenço de bolço como uma mordaça falsa na minha boca e me junto à eles fingindo ser um refém também.

Eles me encaram assustados, como se estivessem perguntando “O que diabos você esta fazendo aqui? Fuja e se salve!”.  Eu digo baixo e com a voz abafada pela mordaça:

- Calma, eu vou soltar vocês daqui! Tem um caixote com alabardas e elmos no canto do armazém, eu vou soltar todos, e ao meu sinal vocês correm pra lá e se armam, feito?

Eles abanam a cabeça dizendo sim desesperadamente.

Eu não consegui pegar uma adaga, mas ainda tenho um caco de vidro pra me ajudar. Cortar as cordas é demorado e difícil, mas de pouco em pouco eu chego lá. Ainda bem que os cultistas estão ocupados com a limpeza dos instrumentos e montando as cargas. Em pouco mais que 20 minutos eu consegui soltar todos, mas ainda precisamos de uma brecha para poder pegar as armas.

Eu tenho uma ideia, me usar como distração enquanto eles se armam! Eu posso saltar agora da carroça e pegar uns 2 ou 3 cultistas desprevenidos, na verdade eu gostaria de matar primeiro o líder deles, mas ele esta muito longe na minha carroça. Um barulho de metal batendo me chamou a atenção, um cultista estava apoiado na parte de trás da nossa carroça de costas para nós, no cinto dele estava uma bainha com uma espada média, Perfeito...

- Ei, quando eu gritar agora, vocês pulam fora e se armam- eu digo para os reféns e eles só acenam com a cabeça.

Eu acho que já estava ansiando por essa parte!

Eu me levanto normalmente em cima da carroça e ando até o cultista na ponta. Com o caco de vidro na mão esquerda e a mão direita livre, eu acerto o caco no olho dele e puxo a espada da bainha.

Ele grita alto de dor e cai no chão alertando os outros.

O Registro de Ivan Whitaker. N:20Onde histórias criam vida. Descubra agora