Capítulo 5: Caravana em Nasha.

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Dia 26 de 400, ano 7 da era V.V,

 Manhã.

Eu esperava que as manhãs  fossem bem calmas por aqui!

Eu acordei mais cedo do que eu esperava com os sons de carruagens e passos acompanhados de murmúrios, sentei-me lentamente na cama imaginando o que seria, após alguns segundos finalmente levantei e abri a janela para observar as ruas. Acabo tendo uma surpresa, pois uma caravana de camponeses migrando para o leste chegou à cidade, deve ter no mínimo umas 120 pessoas!

Eu acabo decidindo que seria melhor deixar a cidade mais cedo que o esperado, todo aquele tumulto das caravanas iria trazer problemas pra todo mundo no local. Eu lavei o rosto e arrumei minhas coisas para poder deixar o quarto, mas antes eu escrevo tudo isso, aqui no diário!

Acabei de perceber que não dei uma definição nítida da minha roupa! Enfim, eu tenho usado nos últimos dias uma jaqueta de couro marrom que fiz, uma camiseta acinzentada que comprei com um tecelão que conheci numa feira, calças escuras que ganhei num sorteio num mercado e  botas de couro  que ganhei numa aposta com um guarda.

Descendo as escadas para o salão principal, um dos atendentes me recepciona com um café cortesia da guilda. A guilda em questão é O corvo dourado; eram os mais ricos da região, mas como a guerra esta demandando de muitos recursos a guilda do pombo guerreiro esta no atual primeiro lugar.

Ao sair do salão da guilda tenho uma visão mais próxima do caos que contemplava da janela: crianças correndo a esmo, incompetentes discutindo entre si, gente perdida, cortesãs estragando os passeios dos casais e etc.

Bom, o que eu poderia esperar deles? Os camponeses competentes e com vontade de trabalhar já conseguiram pelo menos alguma viajem com alguma guilda ou algo do tipo para chegar ao leste e trabalhar! Esses aqui são aqueles que não tiveram o “interesse“ de sair e acharam que suas vidas ficariam melhores sem os outros nos locais onde viviam.

Enquanto eu escrevia no diário sinto uma bufada forte no meu pescoço atrás de mim que me desconcentrou completamente. É o meu cavalo que, por alguma razão esta fora do curral, e veio me recepcionar.

Eu pergunto sorrindo enquanto o acaricio:
- ei ei ei, o que você esta fazendo aqui fora hein?

Eu olho por trás do cavalo para ver os estábulos e o armazém, estão fechados e não tem ninguém perto! Volto a falar com o meu cavalo:
- Venha, vamos dar uma surra em alguns cocheiros!

Eu monto nele e saio cavalgando até lá.

 Por fora o lugar esta quieto e vazio, nem mesmo os vigias estão ali, Isso é de fato estranho! As portas do andar térreo estão fechadas e trancadas e as janelas estão tampadas com caixas e lonas.

Merda, se é mesmo o que eu estou pensando, eu tenho um azar do caralho! Mas calma, pode não ser isso... Mas não tem outra coisa que possa ser! Deus, por que isso tem que acontecer comigo logo quando estou com pressa!

Ah é, eu esqueço as vezes que os meus pensamentos não aparecem sozinhos no diário e eu tenho que escrever eles!

Às vezes, algumas guildas acabam passando muito do limite das leis, e acabam se tornando organizações terroristas! Não estou falando de uma ou outra guilda de assassinos ou ladrões que ficam escondidas e só acha quem quer, estou falando de organizações tão influentes e numerosas quanto as 6 grandes guildas comercias e que podem tomar até mesmo cidades como reféns!

Parando pra pensar, eu não vi nenhum guarda desde que acordei, talvez até  mesmo a caravana seja parte do esquema! Mas se fosse, eles teriam de estar fazendo, digamos, um “caos organizado” para que os outros terroristas possam tirar vantagem. Do jeito que esta agora, essa confusão prejudicaria muito eles.

Bom, o que eu tenho que fazer agora é conseguir pegar minha carroça de volta e ir embora da cidade!

Eu prendo meu cavalo numa distancia segura e subo nos telhados dos cochos para alcançar as janelas do segundo andar do armazém. Uma delas esta quebrada e eu consigo me esgueirar por ela até as passarelas.

Dentro, presencio uma cena digna de minha pessoa: Uma pequena parte dos trabalhadores locais estão amarrados  e amordaçados dentro de uma das carroças, e a maior parte dos trabalhadores locais estão em esquartejados, enforcados, decapitados, queimados e etc.. todas foram mortes cruéis e dolorosas.

Os terroristas estão vestidos com túnicas e mantos roxos com uma gravura em forma de um pentágono feito com linhas douradas turvas.  Eu nunca vi nada do tipo, eles se assemelham com cultistas, mas eles deveriam estar com os povos hereges na frente de batalha, não aqui em Nasha.

Enquanto esses pensamentos vagueiam pela minha mente, presencio mais uma morte, o cocheiro que estava cuidando do meu cavalo foi esfaqueado no peito por uma adaga ornamentada. Repentinamente a adaga começou a brilhar com um azul escuro forte e a fincaram novamente no peito do cocheiro já morto...

Eu sei que merda é essa...!

O Registro de Ivan Whitaker. N:20Onde histórias criam vida. Descubra agora