Capítulo 19: Sanduíches e perda de tempo.

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Depois do meu banho, eu me troquei com o meu ultimo conjunto de roupas limpas que são as que eu uso quando vou para o norte, ainda estamos no verão, mas como tem chovido bastante acredito que a temperatura em Denéios vai estar mais baixa.

Estou usando  uma camiseta preta de gola e manga comprida, uma jaqueta de couro marrom-escura, calças escuras que fazem par com a camisa, botas de cano longo(maior que as de caçador)e  os meus cintos são os mesmos.

Pelo jeito que as nuvens estão eu acho que vai chover o dia inteiro, mas pelo menos o caminho para Denéios é feito de tijolos de pedra, então não acho que vamos pegar algum lamaçal que atole as carroças.

Agora são sete horas da manhã, eu ainda não tomei café e estou indo para o porão do grifo. Eu não conseguia ver a minha cara, mas eu sei que eu estava visivelmente satisfeito com o resultado do meu vorpéu.

Já tem bem mais pessoas nas ruas agora, e alguns mercadores já estão fazendo fila na frente dos armazéns para fazer as retiradas meio-dia! Não tem nenhuma carroça na frente do bar, mas já do lado de fora eu consigo ouvir as pessoas conversando, eu acho que a maior movimentação é durante a manhã e a noite, quando as pessoas ficam mais necessitadas de cerveja!

Eu abri a porta hesitantemente e segui até o balcão. Willian estava atendendo 5 pessoas numa das mesas no fundo do bar, eram todos jovens e aparentavam ter entre 16 e 24 anos. Eles estavam falando sobre viajar à Zelmur para  entregar lã de carneiro, eu tenho certeza que são um grupo de mercadores novatos que acharam que beber logo antes de trabalhar é uma boa ideia! Bom, você só aprende com a dor; quando tudo começar a dar errado na entrega, eles nunca mais vão querer beber!

O Willian estava tão ocupado atendendo eles, que nem percebeu minha chegada. Eu sentei ao balcão e fiquei imaginando o que poderia dar errado nas nossas entregas, mas logo desisti e comecei a escrever aqui!

Tem tanta coisa acontecendo nos últimos dias, eu gostaria de acreditar que as coisas vão se acalmar a partir de agora, mas eu tenho certeza que só vão piorar!

O mundo é muito grande mesmo né?!

-Ooh, eu nem tinha te visto aí Ivan! - disse o senhor Willian ao voltar para o balcão.

- Não tem problema! - Digo enquanto fecho meu diário.

- Você foi o assunto da noite de ontem, sabia?

- O que?

- O seu grupo veio aqui ontem, eles beberam até umas onze horas e foram dormir!

- Ah, o que eles falaram?

- Nada de mais, só ficaram perguntando um monte de coisas sobre você  pro Telmar, e ele explicou porque vocês iriam poder sair antes!

- hm, algum deles ficou bêbado?

- AH, sim, dois deles! Aquele garoto tomou um copo só e já apagou; e aquela garota mais alta tomou uns três copos e apagou também, mas ela se recuperou bem rápido, uma meia hora depois ela já estava normal de novo!

- Nossa, isso realmente não é algo normal, pelo o que o Telmar me falou, sua cerveja é uma das mais fortes daqui!

Bom, vai ver ele era acostumada a beber e parou por um tempo!

- Mas mais importante, eu quero dois daqueles sanduiches que você fez para mim ontem!

- Não tomou café ainda?

- Eu nem dormi hoje!

- Há, eu já vou preparar, se quiser tentar dormir um pouco no balcão, sinta-se livre!

Tomara que não tenha acontecido nada com o Telmar, ele fica bem ansioso antes de sair para fazer algum trabalho, tanto que as vezes faz mal para! Mas o que eu posso fazer, ele  “escolheu” essa vida.

O senhor Willian me deixou um dos sanduiches e voltou para preparar o outro.

Assim que dei a primeira mordida no sanduiche, a porta do bar se abriu por um tempo e logo se fechou. O som de passos vinda direção começou, mas eu me recuso a virar a cabeça para ver o que era, pois meu sanduiche é mais importante!

O som parou e alguém sentou do meu lado, me encarando!

Eu relutante em tirar a atenção do sanduiche, virei o rosto para ver quem era.

Era Alícia, ela estava apoiando a cabeça no braço em cima do balcão e me encarando.

- Por que você esta bravo? - Ela me pergunta ao perceber que eu a notei.

- Sério que você esta perguntando isso? - Eu digo ainda com a boca cheia.

- O que mais eu teria que perguntar?

Eu não respondo e dou outra mordida no sanduiche, mas ela continua insistindo:
- Por que você esta bravo?

- Vocês assustaram meus cavalos! - Respondo novamente com a boca cheia.

- Se eu pedir desculpa para o seu cavalo você irá deixar de ficar bravo?

- Sim!

Ela estranhou minha resposta, e disse com um sorriso:
- Você é estranho!

- E você vai se desculpar com um cavalo!

Ela da outra risada e fica quieta.

Eu termino o primeiro sanduiche e começo a comer o outro. Ela começou a ler um livro grosso que tirou da sua mochila, as paginas estavam amareladas e a capa estava desgastada, mas eu conseguia ver na cara dela que ela estava ansiosa pelo trabalho; Ela batia os pés no chão constantemente, e ficava sempre mudando de posição para ler. Depois de uns 10 minutos Telmar, Romero e Julia chegam juntos no bar.

Eu olhei com o canto do olho e a Alícia os cumprimentou com um leve aceno de mão sem tirar os olhos do livro. Já era sete e cinquenta; e ao que aparente Telmar está bem, acho que só estava ajudando o Romero e a Julia a achar o bar novamente!
E aliás, eu acho que já se passaram 10 horas desde que ele me acertou o copo:
- Senhor Willian, quanto custa um copo desses? - Pergunto apontando para uns dos copos em cima do balcão.

- Cinco moedas de prata na barriga e uma na cabeça!

-Perfeito!

Eu pego a caneca e arremesso na nuca do Telmar que estava de costas falando com o Romero. Fez um barulho alto e o Telmar tropeçou no chão!

- 10 horas otário! - Digo para ele.

Todos pararam o que estava fazendo e começaram a olhar, até mesmo Alícia que estava lendo estava com uma expressão de confusa no rosto.

Depois de alguns segundo ele se levanta e diz se apoiando num pilar:
- A gente vai ter que rever esse contrato!

-Sim, 10 horas são de mais!

Ele senta do meu lado e começar e pede outro sanduiche para o senhor Willian, depois todos voltaram a fazer o que estava fazendo antes.

O Registro de Ivan Whitaker. N:20Onde histórias criam vida. Descubra agora