Capítulo 10: Cogumelos e paisagens.

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Dia 26 de 400, ano 7 da era V.V,

 Tarde.

Eu deixei o corpo do Victor para o abutre e fui conferir minha carroça, eu já estava com saudades; a bolsa com os projetos e peças do vorpéu estava num canto, perto dos meus materiais de manufatura, fora isso eles não mexeram em nada, minhas ferramentas estão aqui, minhas panelas, meus temperos, esta tudo normal! Aqueles desgraçados só sujaram o chão, mas nada que não de pra resolver em Criva.

O cavalo que estava puxando estava exausto, eu soltei ele e deixei pastando junto do meu; acho que os dois estão cansados, melhor eu ir atrás de água pra eles, e talvez alguma comida pra mim.  Parando pra pensar, o único que não esta morrendo de fome é o abutre, que comeu a viagem inteira!

Já deve ser quase hora do café!

Eu comecei a montar uma fogueira com uma armação, pra assar batatas. Eu despejo o último resto de água que tinha no meu cantil na panela e coloco no fogo pra esquentar. Voltando pra minha carroça, eu pego 2 baldes que eu sempre deixo em baixo do banco e me preparo para adentrar a floresta para me reabastecer de água, Eu sei que tem uma nascente por aqui, só preciso encontra-la!

Enquanto eu saía eu coloquei as batatas na água quente, peguei o meu cantil e  disse brincando ao meu cavalo:

 -Se alguém se aproximar da carroça, mate!

Ele me olha e volta a pastar.

Não é uma floresta muito fechada e o solo é bem firme por aqui, na verdade é até agradável andar por aqui, é bem calmo e um bom relaxamento depois de tudo que eu fiz nessa manhã. A queda repentina na temperatura indica tem água perto, até as plantas mudaram um pouco e o solo está mais enlameado.

Não demorou muito e encontrei um córrego recém-saído da nascente, a água parecia bem limpa, eu enchi o cantil e os dois baldes, eu me preparava pra sair, mas alguma coisa atrás de uma árvore me chamou a atenção, depois que identifiquei o que era, eu  não poderia sair sem aquilo; Cogumelos!

Assim que voltei eu coloquei os baldes para os cavalos e comecei a montar outra fogueira menor para fritar os cogumelos.

Cogumelos são as minhas comidas preferidas, assados, fritos, recheados e etc.. E  já fazia um tempo que eu não comia eles!

Eu tirei as batatas do fogo e deixei-as esfriando e assim comecei a fritar os cogumelos; comecei a reparar no céu, ele estava começando a  fechar, mas eu não acho que vá chover hoje, possivelmente amanhã, mas hoje não. O maior problema que consigo ver nisso é que não vai ter a luz da lua durante a noite, vai ficar bem ruim de viajar, talvez acampar aqui seja uma solução? Melhor não, só tenho 4 dias pra chegar em Criva, eu acho melhor varar dois dias seguidos na estrada e chegar lá com 2 dias de descanso!

Bom, vamos comer então! Eu preparei um prato simples que eu adoro, cogumelos da montanha fritos com gordura de porco e batatas assadas temperadas, esta muito bom! Eu gosto de comer devagar e olhando o ambiente; eu me dei conta que o abutre já tinha terminado, dessa vez não sobrou nem os equipamentos dele, eu não faço ideia de como ele faz isso, mas eu acho que não vale a pena me preocupar com isso por agora, melhor eu só aproveitar minha comida!

Os cavalos estão deitados na grama alta, o abutre esta empoleirado em cima de pinheiro, a brisa esta agradável; apesar de ter começado ruim, o dia melhorou bastante até agora!

Oportunidades de ficar assim descansando e aproveitando a paisagem e o tempo são raras, é como se fosse um escape da realidade que eu mesmo criei para mim, nessas horas eu sinto como se.... O mundo fosse do meu tamanho! Mas isso não passa de uma mentira, uma doce e querida mentira que eu queria poder viver pra sempre.

Cara, como eu queria poder acreditar nisso, mas eu estaria traindo a mim mesmo fazendo isso! Bom, o que eu posso fazer agora é encarar a feia realidade...

Meu cavalo veio até mim, ele esta me empurrando com o focinho como se estivesse tentando me consolar; isso não me espanta, ele já fez isso várias vezes. Eu solto um longo suspiro e continuo em silencio acariciando ele.

O outro cavalo vem até nós e fica nos encarando, logo em seguida o abutre pousa em cima da carroça e também fica encarando; eu acho que eles querem ir logo!

Mas o que eu vou fazer com esse outro cavalo? Eu não vou voltar pra Nasha agora, e não vi ninguém passando nessas estradas desde que cheguei aqui! Acho que vou levar ele comigo até Criva, e de lá mando uma carta avisando onde ele esta, só preciso fazer algumas alterações na carroça pra aguentar dois cavalos, mas nada que leve mais de 10 minutos!

Eu lavei e guardei as coisas do almoço e comecei a preparar a carroça, eu já tinha pensado que algum dia eu precisaria usar dois ou mais cavalos, então eu já deixeis tudo meio preparado.

Os dois cavalos já estão presos na carroça, o abutre já saiu voando, eu já reabasteci a água, eu acho que esta tudo pronto e podemos sair!

O Registro de Ivan Whitaker. N:20Onde histórias criam vida. Descubra agora