Capítulo 17: O discurso.

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Felizmente antes que algum deles tentasse falar comigo, Tária interrompeu a todos dando inicio ao discurso.  Ela estava usando um equipamento que eu mesmo vi poucas vezes, um amplificador! Consistia em um pedestal com um cone com uma runa aérea configurada para amplificar a vibração do ar. Eu já estava me perguntando mesmo em como eles fariam para fazer a praça inteira ouvir o discurso!

- Muito bem, vocês já devem me conhecer, mas eu sou Tária Rhodder, líder do corvo dourado! Nós todos estamos aqui reunidos por um motivo, para participar de um acordo histórico, que dará inicio a uma nova era de prosperidades para todas as guildas!

Telmar discretamente fala para mim:
- Então eles não vão assumir logo de cara que vão criar um conselho.

-Se fizessem, todos os nobres que são contra iriam chorar pro monarca fazer alguma coisa!

 - Você continua insistindo em chamar ele monarca ou invés de rei, por quê?

- Porque ele é um covarde que guarda toda a fortuna real para atender seus interesses!

- Eu era jovem na época, mas eu me lembro de como o rei Morgan investia nas cidades com o próprio dinheiro para vê-las prosperando!

Eu assenti com a cabeça para ele, e voltamos a ouvir o discurso.

- Assim que terminarmos aqui, vocês serão liberados para pegar os pedidos, mas só poderão coletar as cargas amanhã ao meio-dia! Espalhadas pela cidade estão vários murais com panfletos, eles têm informações sobre os trabalhos,  aonde você deve ir para aceitá-lo e o número do registro do pedido.

Boa ideia, não vai concentrar todas as pessoas num único lugar para escolher. E essa jogada do numero de registro também vai ser boa!

Galder me explicou, em cada conjunto de armazéns vão ter vários balcões registrando os pedidos de tal numero á tal numero. Exemplo: vamos supor que o trabalho das toras de ébano seja o pedido numero 2455. Eu teria que ir aos armazéns da Samantha e procurar o balcão que  registrasse os pedidos entre 2400 e 2500.

Eu desviei meu olhar para os outros do grupo, Julia estava assustada com toda a quantidade de informações repentina; Romero estava tentando manter uma cara de destemido, mas as suas mãos tremulas o entregavam; e a Alícia estava tentando prestar atenção em cada detalhe; e isso me prova ainda mais que são amadores!

Você não pode deixar aparente o que esta penando quando você é um mercador. O Telmar esta olhando para umas árvores com cara de vaso, mas eu tenho certeza que ele esta prestando mais atenção do que a Alícia no discurso!

Se passou algum tempo, e como se fosse cronometrado, Tária terminou o seu discurso exatamente oito horas, e saiu do palco tomando um copo de água.

- Eu acho que nós devemos nos apressar para ir pegar um bom trabalho, não? - Perguntou Romero, tentando ser o mais educado possível.

Telmar inventando uma desculpa na hora, respondeu:
- Ah, éeee que eu e o Ivan ajudamos a carregar alguns armazéns, então eles meio que deixaram pegar alguns trabalhos  antes.... mas não contem pra ninguém!

Os três trocaram alguns olhares, e por fim acabaram assentindo com a cabeça.

- Bem, então, o que vamos fazer agora durante a noite? - Perguntou Julia.

- Nós podíamos ir para algum bar, o que acham? - Romero perguntou bem animado com a ideia.

Antes que qualquer um pudesse responder algo, eu me levantei e instrui ao Telmar:
- Amanhã; oito horas; todos; porão do grifo; viajar; sem atraso!

Eu virei e saí em direção das ruas, eu precisava ir à oficina buscar as minhas peças. Mas eu consegui ouvir um resto de conversa deles:
- O que foi isso? - A Alícia perguntou.

- Eu acho que ele quer que nos encontremos amanhã às oito horas no porão do grifo para podermos sair! - Disse Telmar após compreender minhas instruções.

As ruas estavam movimentadas, todos estavam correndo para poder pegar algum trabalho, com poucos retardatários que já tinham pegado alguma coisa e estavam apenas rindo do desespero alheio. 

A oficina estava bem mais vazia do que de manhã, as portas estavam fechadas, mas a placa da aberto ainda estava virada. Eu bati algumas vezes na porta, e o segurança barbudo veio abrir.

Ao que parecia do dono da loja já estava me esperando, ele estava com um saco de peças em cima do balcão e sentado tomando um copo de vinho:
- Ahh, aqui esta o que você me pediu! - Afirmou ele enquanto levantava o saco com as peças.

Eu peguei da mão dele e olhei dentro, realmente estava tudo lá! As peças estavam limpas e lubrificadas, em boa qualidade!

Colocando o saco nas costas eu pergunto:
- Quanto fica?

- Essas peças que você me pediu foram bem chatinhas de conseguir, eu até ia perguntar para o que você ia usar, mas eu lembrei que você odeia que se metam na sua vida! Bom, resumindo, 6 moedas de prata e fechamos negócio!

É um preço bom e eu não estou com tempo para negociar, então vou aceitar:
-Tudo bem! - Digo colocando as 6 moedas em cima da mesa.

Ele as apanha e corre para dentro da loja guarda-las. Eu me despeço dele e do segurança com um aceno de mãos e saio para a rua.

O Registro de Ivan Whitaker. N:20Onde histórias criam vida. Descubra agora