Capítulo 8: Morro à cima.

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Dou-me conta de que estamos saindo das florestas e indo para uma colina, agora a estrada tem mais espaço, mas em compensação no lado direito da estrada não tem mais arvores, e sim uma queda de uns 200 metros!

Estou me aproximando da segunda carroça, a qual os passageiros parecem ter ficado furiosos com o que eu fiz com seus companheiros; engraçado, eles não ficaram assim quando abandonaram os outros no armazém, imagino se eles não tenham uma rixa entre os sacerdotes e os guerreiros.

Eles começam a arremessar coisas em mim: pedras, caixas, botas e algumas outras coisas que não identifique, Nada difícil de desviar! O jeito que um deles jogava as coisas chamou a atenção, ele jogava muito pra cima, quase uma parábola, seria fácil pegar algo desse jeito.

Eu tive que esperar o memento certo, mas ele finalmente jogou uma pedra que seria perfeita para o que eu planejava; eu estico o braço e alcanço ela e eu quase perco o equilíbrio, pois andar em pé num cavalo é realmente exaustivo e dificil!

Essa segunda carroça era a menor de todas, não tinha uma lona cobrindo e estava abarrotada com coisas e pessoas. O cocheiro estava visível pra mim, e eu estava com uma pedra na mão, acho que não preciso nem dizer qual era meu plano né?!

Com um pouco de manejo no pulso e um giro de quadril consigo atirar a pedra forte e certeiramente na nuca do cocheiro. Ele desmaia e puxa as rédeas do cavalo bruscamente, o cavalo reclama da dor e desacelera o passo.

Eu continuo na mesma velocidade e passo pelo lado da carroça até estar alinhado com eles, eu salto de um cavalo para o outro já cortando as rédeas do qual eu pousei. A carroça desgovernada segue e despenca pelo barranco.

Agora eu só preciso chegar na minha carroça!

Ela esta mais adiante e não tem ninguém na parte de trás, como ela é linda! A lona roxa contrasta com a madeira escura reluzente e mesmo correndo nessa velocidade ela quase não faz barulho, é realmente uma das minhas obras primas! Mas agora eu não tenho tempo pra me encantar com minha criação, preciso entrar lá e tirar o lixo pra fora!

Alguém emerge de dentro da carroça, no começo achei que seria um arqueiro ou algo assim, mas era o líder deles com o braço esticado para mim. Agora com a luz solar e o vento, eu consigo ver o rosto dele, e eu o conheço!

Ele é o barão do sabre, um monstro de 2 metros de altura que decapitava cavalos com seu sabre, um dois mais influentes da lista negra, e pelo o que eu saiba a rainha dos assassinos já tinha matado ele, como ele esta aqui?!

O braço que ele apontava para mim era o que estava com aquele mecanismo que não consegui identificar no armazém, ele faz algum movimento com as mãos e alguma coisa é disparada na minha direção.

Foi rápido demais e quase não deu pra ver, ele atirou uma corda com um ferrão na ponta que passou muito próximo do meu corpo! Ele fez outro movimento, mas dessa vez com o braço; eu não consigo entender o que ele esta fazendo, mas repentinamente eu sinto algo envolvendo minhas pernas.

Eu entendi depois de um tempo o que ele fez, ele usou o braço pra fazer a corda chicotear e passar por trás de mim.

Ele da um puxão brusco e me arranca de cima do cavalo, me fazendo cair no chão e começar a ser arrastado.

Pedras, estilhaços, areia, tudo isso começa a passar por mim. Ele esta fazendo um movimento de um lado pro outro, tentando fazer com que eu acerte algum buraco ou pedra maior, mas do jeito que ele esta fazendo ele nunca vai conseguir, eu já arrastei ladrões que me atacaram por quilômetros, e sei qual é o melhor jeito de se livrar disso!

A corda que ele usou é boa, acho que foi feito por alquimistas, então corta-la esta fora de questão. Percebo agora, ele esta cometendo outro erro, ele não me amarrou na carroça, ou seja ele esta fazendo uma força desgraçada pra me puxar, então é só uma questão de tempo até ele cansar.

Nós já chegamos ao alto da colina, aqui já tem mais arvores e vegetação, acho que já deve ter passado do meio-dia, estou morrendo de fome, por que eu estou pensando em comida numa hora dessas?

Parando pra pensar eles devem ter começado a fazer tudo àquilo bem antes do amanhecer, acho que eles estão bem mais cansados do que eu, é difícil perceber na situação em que estou, mas acho que o duque já esta respirando com dificuldades!

Eu vou continuar sem reagir até ele baixar de vez a guarda, daí eu dou um jeito de puxar ele dali; ainda bem que eu estava com essa jaqueta de couro, senão eu já estaria esfolado vivo!

Antes que eu perceba, nós entramos numa curva e o solo estava mudando aos poucos para algo mais pedregoso, tive uma ideia! A medida com que fazemos a curva para esquerda sou jogado para a direita, e com a minha mão livre eu acerto uma pedra do meu lado e começo a transmutar.

A magia de transmutação é diferente da maioria, não precisa recitar nada e não solta nenhum som ou luz. Sua efetividade se baseia em duas coisas: no objetivo da transmutação e no conhecimento de que esta executando. Por exemplo: se quero transformar um lingote de chumbo em um lingote de ouro, eu preciso conhecer as diferenças químicas dos dois e o que eu preciso mudar para tornar os dois iguais. Além de transmutar a composição química dos materiais, você pode mudar a forma física; é bem mais simples, mas é temporário!

Partindo do principio básico da alquimia de que nada se cria, nada se perde, tudo se transforma; a magia por instantes assume forma física e supre a falta de matéria que a mudança faria no material. Isso obviamente para transmutações sem os materiais, se você tiver a matéria pra suprir a falta na mudança física, a transmutação se torna eterna!

Pode parecer um pouco complicado, mas com o tempo você pega o jeito!

A pedra fazia parte de um veio que passava bem no meio da estrada, em baixo da corda; eu simplesmente fiz uma pedra saltar e segurar uma parte da corda. Deu uma puxada bem forte, a mudança repentina de rumo doeu muito, mas com certeza doeu bem mais no duque! Ele foi arrancado de dentro da carroça e jogado com força num pedregulho no chão.

Depois que paramos totalmente consegui me soltar facilmente, mas o que mais me surpreendeu foi que a minha carroça parou logo em seguida, acho que eles não se importam em abandonar subordinados ou capangas, mas um chefe é outra historia né?!

Dois sacerdotes vêm correndo pra cima de mim, um com uma adaga e outro com um porrete, posso ver na cara deles que eles não querem fazer isso, só estão fazendo por que já sabem que vão morrer de qualquer jeito.

O primeiro deles tenta acertar minha cara com a adaga cortando de cima pra baixo, eu aparo e reflito com a minha espada dando um chute na lateral do joelho dele fazendo ele ajoelhar; o segundo tenta erguer o porrete, mas é muito pesado e falha, avanço dando uma estocada no pescoço dele e volto a espada cortando a nuca do outro.

Agora eu me volto para o duque.

O Registro de Ivan Whitaker. N:20Onde histórias criam vida. Descubra agora